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Treviso e Belluno - Região de Vêneto - Norte da Itália - 2023

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 28 de mai.
  • 15 min de leitura
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Parco di Piazza dei Martiri (Parque da Praça dos Mártires), um belo jardim em Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Partimos de Mestre, nas proximidades de Veneza, para Cortina d'Ampezzo, nos Alpes, perto das Dolomitas. Passamos primeiro em Treviso.


a - Treviso


O primeiro assentamento se localizou onde hoje encontra-se a Chiesa di Sant’Andrea, antes mesmo da chegada dos romanos, mas a cidade somente tomará ares de importância com a instalação do Império Romano, quando Treviso se tornou um centro comercial, adquirindo a cidadania romana e o nome "Tarvisium".


Com a caída do Império, ocorreram as invasões bárbaras dos visigodos, hunos, ostrogodos, e lombardos; então, por volta do ano 1000, teve início um processo de transformação que levaria Treviso a se tornar uma cidade comunal, desfrutando de autonomia.


O Conselho Municipal, em 11 de fevereiro de 1344, decidiu livremente formar uma sólida aliança com a República de Veneza que perdurou por séculos; em 1384, Francesco da Carrara tomou posse de Treviso, mas, em 1388, ele teve que a ceder novamente a Veneza, o que foi muito bem recebido pela população local, que mandou oficiar uma missa em comemoração.


Durante as guerras napoleônicas, em março de 1797, a Chiesa San Nicolò abrigou muitos feridos em um confronto entre tropas francesas e austríacas perto do rio Piave; porém, em maio de 1797, os franceses ocuparam Treviso, alterando as leis locais e fazendo uma grande campanha para desacreditar a Sereníssima República de Veneza.


Após o Tratado de Campoformio, firmado no final de 1797, entre Napoleão, em nome da República Francesa, e o representante de Francisco II, Arquiduque da Áustria e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, as tropas austríacas tomaram posse de Treviso em janeiro de 1798.


Em 1805, os franceses retomaram Treviso, mas, em 1813, os austríacos a ocuparam definitivamente.


Durante a guerra entre o novo Reino da Itália e o Império Austríaco, no seio do movimento conhecido como Risorgimento, tropas italianas entraram em Treviso, em julho de 1866; em outubro do mesmo ano, houve um plebiscito, tendo a maioria esmagadora da população votado pela anexação da comuna ao Reino da Itália.


Em razão da pressa em chegar a Cortina, fizemos uma visita rápida à cidade, conhecendo apenas a área externa da Chiesa Vecchia di San Lazzaro Vescovo.


O primeiro templo foi erguido em 1476 pelos Frades Menores Observantes (hoje, Ordem dos Frades Menores - franciscanos); em 1706, a autoridade eclesiástica impôs a restauração da igreja e do campanário, prevendo também uma elevação; em 1726, iniciaram-se também as obras de reconstrução da fachada; a torre sineira original, localizada na esquina nordeste da igreja, apresentou sinais de instabilidade no início do século XX, sendo necessário proceder à sua demolição parcial em 1925; já em 1927, foi construído o novo campanário, projetado pelo engenheiro Ettore Querena, separado da igreja e em uma posição mais avançada em relação à fachada principal, alcançando a altura de 37 metros.




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Chiesa Vecchia di San Lazzaro Vescovo, erguida no final do século XV, com modificações substanciais no século século XVIII; destaque para seu campanário separado, à esquerda, construído na década de 1920; a fachada é marcada verticalmente por quatro pilastras com capitéis jônicos, sobre as quais corre um entablamento com molduras sobrepostas; no topo da fachada, pode-se observar o tímpano triangular com dentilos; no centro do tímpano, destaca-se um orifício circular fechado por um painel de vidro sem decoração. Strada Terraglio, 81, Treviso, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Voltamos para buscar o carro, que ficara estacionado próximo à estrada, ocasião em que nos deparamos com o Cimitero Monumentale di San Lazzaro, inaugurado em 1848; o local deve o seu nome ao hospital "Lazzaretto" construído aqui em 1213 para o cuidado dos leprosos e por um período administrado pelos Frades Menores Observantes; o projeto do cemitério foi do engenheiro Gaspare Petrovich, apresentado em janeiro de 1829, mas sua construção foi adiada em razão da epidemia de cólera que assolou a comuna em 1836; o cemitério foi renovado radicalmente a partir de 1889, com base no projeto dos engenheiros Santalena e Tombola.




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Cimitero Monumentale di San Lazzaro; a estrutura em estilo neorromânico é feita de tijolo vermelho, com frisos e colunatas em pedra branca e decorações das colunatas em faixas alternadas de pedra branca e preta. Via Cimitero San Lazzaro, 6, Treviso, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




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Cimitero Monumentale di San Lazzaro; inaugurado em 1848. Via Cimitero San Lazzaro, 6, Treviso, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Iniciando a subida dos Alpes italianos, com próxima parada em Belluno.




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Primeiras elevações dos Alpes italianos. Região de Vêneto, Italia.


b - Belluno


Com a maioria da população originária da região de Veneza, Belluno, fundada possivelmente no século III a.C., não teve grandes dificuldades no contato com a República Romana, sendo incorporada a esta no século I a.C; no início do Império Romano, foi incluída na X Regio - Veneza e Ístria.


Com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, a cidade esteve sujeita ao domínio inicialmente do Império Bizantino (antigo Império Romano do Oriente) e depois de várias populações bárbaras, incluindo os hérulos e os ostrogodos.


A partir do século X, ficou sob a autoridade do imperador Romano-Germânico, mas, quando tornou-se uma comuna, no século XI, passou a oscilar entre a facção guelfa (que apoiava a autonomia das comunas do Norte da Itália, aliadas do Papado) e a gibelina (que apoiava o poder imperial); entre o século XIII e o início do século XV, alternou sob o poder do imperador e das comunas mais importantes do Norte da Itália, dentre elas, Verona, Pádua e Milão.


A partir de 1404, Belluno passou a ser subordinada à Serenissima Repubblica di Venezia (República de Veneza), por quem foi governada até 1797 (ou seja, por quase 400 anos), quando então, após a assinatura do Tratado de Campoformio, em outubro daquele ano, foi cedida pela República da França ao Arquiducado da Áustria.


De 1797 a 1813, devido às oscilações territoriais causadas pelas guerras napoleônicas, os franceses e austríacos se revezaram no domínio da comuna; em 1813, com a derrota de Napoleão na Batalha de Leipzig, a administração austríaca foi restabelecida e, de 1815 a 1866, a cidade, elevada a partir do início de 1816 à categoria de "cidade real", passou a ser a capital da província homônima, dentro do Reino Lombardo-Vêneto, controlado pelo Império Austríaco: neste longo período houve apenas o parêntesis do Risorgimento (movimento para unificar os territórios italianos), na primavera de 1848, que terminou no ano seguinte com a Restauração Austríaca.


Porém, após as guerras de independência promovidas inicialmente pelo Reino da Sardenha-Piemonte contra o domínio austríaco na península itálica, Belluno foi anexada ao recém-criado Reino da Itália em 1866.




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Vista de Belluno a partir do estacionamento da Via dei Dendrofori, próximo da Scale Mobili (Escada Rolante) da cidade; em destaque a nave e o campanário da Basilica Cattedrale di San Martino, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Alcançamos a Piazza del Duomo, onde nos deparamos com o edifício da Prefettura di Belluno (Prefeitura de Belluno) conhecido como Palazzo dei Rettori.


A partir de um edifício fortificado preexistente e mais recuado, cuja construção foi iniciada em 1409, uma primeira loggia lombarda de dois andares, apoiada em três arcos, foi adicionada em 1491 pelo reitor (governador) veneziano Maffeo Tiepolo no lado oeste; no século XVI o edifício foi expandido; entre 1536 e 1547 foi construída a torre do relógio, projetada por Valerio da San Vittore de Fiesole.


Por quase quatrocentos anos, foi a sede dos reitores (administradores nomeados) venezianos que governaram Belluno e seu território.


Hoje, é a sede da Prefeitura da cidade.




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Prefettura di Belluno, conhecido como Palazzo dei Rettori, na fachada, brasões e bustos de reitores venezianos dos séculos XV a XVII; em destaque, a torre do relógio, à esquerda, concluída em 1547. Piazza del Duomo, 38, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Na mesma praça, está o prédio do Palazzo dei Vescovi (Palácio dos Bispos), antigo palácio fortificado e sede dos bispos-condes, que, segundo a tradição foi erguido (ou possivelmente ampliado) no final do século XII pelo bispo Gerardo de Taccoli, que morreu em 1196 lutando contra Treviso; reformado várias vezes, o portal e alguns elementos das janelas superiores da fachada principal datam da remodelação realizada pelo bispo Giulio Berlendis, no século XVII.


Colada na sua fachada esquerda encontra-se a Torre Civica (Torre Cívica), que, desde 1403, abriga o sino que, com seu toque, anunciava a reunião do Grande Conselho da Comuna.


No prédio hoje funciona o Auditório Comunal, normalmente empregado para apresentação de eventos musicais.


Na praça, em frente ao Palácio dos Bispos, encontra-se a Fontana de San Gioatà, provavelmente erguida entre o século XIV e XV em homenagem ao militar cristão africano mártir, preso e morto pelo juiz Dadio, no início do século IV, após ter sofrido a tortura da roda sob o governo do imperador romano Maximiano, em Ptolemaida, na Cirenaica (atual Líbia). Seu corpo chegou a Belluno no século IX/X, e ele se tornou um santo padroeiro menor, juntamente com São Martinho de Tours e São Lucano.




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Palazzo dei Vescovi (Palácio dos Bispos), erguido por volta do século XII e substancialmente modificado no século XVII; à esquerda, a Torre Civica, cujo sino era utilizado, a partir de 1403, para fazer o chamamento dos membros do Grande Conselho da Comuna; em frente à fachada principal do palácio, a Fontana de San Gioatà, em homenagem ao mártir cristão africano, morto na atual Líbia no início do século IV, cujo restos mortais foram trazidos para a cidade no século IX ou X. Piazza del Duomo, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Também, na Piazza del Duomo, temos o Palazzo Municipale.


O edifício atual foi construído em estilo neogótico pelo arquiteto Giuseppe Segusini (1801-1876) no local do antigo prédio do palácio comunal, conhecido como “la Caminada”, possivelmente do século XIII, e com alguns elementos arquitetônicos dele, em razão de sua acentuada deterioração que não aconselhava uma restauração.




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Palazzo Municipale, construído em estilo neogótico, no século XIX, de autoria do arquiteto Giuseppe Segusini. Piazza del Duomo, 1, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Na mesma praça, encontra-se a Basilica Cattedrale di San Martino, também conhecida como Duomo di Belluno.


A informação mais antiga que se tem da catedral é que, em 547, o bispo Felice a intitulou San Martino (bispo de Tours); da época em questão, restam alguns fragmentos de pedras, possivelmente do século IX ou X; já a existência da torre sineira foi atestada em 1191; no século XV, houve significativas obras no sentido de restaurar e/ou ampliar o templo.


No entanto, no século XVI, decidiu-se pela construção de nova catedral; somente em 1626, foi concluída a estrutura da fachada principal, conservando as duas janelas góticas, o óculo superior com o vitral e reabrindo as laterais; as obras continuaram, tendo, em 1732, sido iniciada a construção da nova torre sineira, projetada pelo famoso arquiteto Filippo Juvarra que, em sua concepção, lembra o protótipo da catedral de Turim; a elegante torre foi concluída em 1743, ocasião em que o majestoso anjo foi instalado para coroar a torre.


A catedral foi elevada à dignidade de basílica menor por São João Paulo II, em 18 de junho de 1980; as três portas de bronze criadas pelo romano Angelo Canevari foram inauguradas em 12 de junho de 1983. em homenagem ao Beato João Paulo I, nascido na província de Belluno.




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Fachada da Basilica Cattedrale di San Martino, com fundamentos em templo do século VI, a fachada atual é do século XVII; em destaque, as duas janelas góticas e o óculo sobre o portal principal. Via Duomo, 2, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Torre Sineira da Basilica Cattedrale di San Martino; de autoria do famoso arquiteto Filippo Juvarra, concluída em 1743, com a instalação do imponente anjo na sua cúpula. Via Duomo, 2, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Nave principal da Basilica Cattedrale di San Martino; no alto da abside, a pintura mural da "Assunção de Maria". Via Duomo, 2, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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O retábulo do altar-mor é de Pietro Muttoni (século XVII); representa São Martinho com São Lucano e São Francisco ao lado, a seus pés ajoelhado o padroeiro, o cônego Francesco Fulcis que mandou erguer o altar em 1672 e que, não só "não pôde renunciar à honra de ser retratado", mas se destaca com sua pele de arminho branco; mais abaixo, à sua frente, um anjinho segurando o báculo pastoral e um pequeno bastão; acima, a coroação da Virgem para a qual estão voltados os rostos dos dois santos Lucano e Francisco. Basilica Cattedrale di San Martino. Via Duomo, 2, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Altar da Capela do Santíssimo Sacramento; com o sacrário atribuído a Giovanni De Grassi (1673). Basilica Cattedrale di San Martino, Via Duomo, 2, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Em seguida nos dirigimos à parte sul da cidade antiga, onde encontramos a Porta Rugo, acesso meridional à cidade a partir do porto fluvial de Borgo Piave; as fortificações laterais que a defendiam foram modificadas no início do século XIX, das quais resta apenas o arco interno do final do século XIII.




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Porta Rugo, entrada sul da cidade velha; a disposição da fachada segue o projeto encomendado em 1622 pelo reitor (governador) veneziano Federico Corner ao arquiteto Lorenzo d'Alchini; logo após se vê o arco interno, do século XIII, o único vestígio das fortificações que defendiam a entrada. Via Santa Croce, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Voltando para a Piazza del Duomo nos deparamos com o Palazzo Reviviscar.


Sobre uma casa-torre que remonta pelo menos ao século XIV, tradicionalmente pertencente à família Caminesi e talvez à mesma Gaia mencionada por Dante, na sua obra-prima "A Divina Comédia" (Purg. XVI, 140), a família Persico construiu seu palácio durante o século XV, enriquecendo-o entre 1496 e 1506 com uma fachada de pedra com cantarias, figuras alegóricas e signos do zodíaco, que representa a maior conquista da arquitetura civil em Belluno durante o Renascimento; comprada pelo historiador Giorgio Piloni em 1596, foi durante anos o centro de uma longa disputa legal entre as famílias Persico e Piloni; passou por grandes transformações internas ao longo dos séculos e um grave incêndio em 1933 poupou apenas a fachada principal; em 1941, com base num projeto do arquiteto Alberto Alpago-Novello, foi reconstruído, devolvendo-lhe a configuração do século XVIII.


Hoje, é a sede da Associação de Industriais da província de Belluno.



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Fachada do Palazzo Reviviscar; originalmente erguido no século XV, sobre as fundações de uma casa-torre, após ter sido muito danificado por um incêndio, sua fachada foi restaurada no século XX com o aspecto que detinha no século XVIII. Via S. Lucano, 34, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Porta principal do Palazzo Reviviscar, encimada por figura alegórica. Via S. Lucano, 34, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Ao lado, encontra-se o Palazzo Alpago; possivelmente datado do século XV, mas amplamente remodelado com elementos do século XVI e intervenções importantes subsequentes; na sua fachada chama atenção o busto de pedra instalado em 1566 no alto, em direção ao Palazzo Reviviscar, que retrata Andrea Alpago (falecido em 1521 ou 1522), um médico local e viajante, vestido com roupas orientais, o humanista de Belluno que foi o primeiro tradutor ocidental de Avicena diretamente do texto árabe e não mais das antigas traduções bizantinas.




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Fachada do Palazzo Alpago, erguido possivelmente no século XV, mas substancialmente modificado com o passar dos anos. Via San Lucano, 36, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Busto do médico humanista Andrea Alpago, filho de Belluno, incrustado na fachada do Palazzo Alpago; ele foi o primeiro tradutor ocidental do texto árabe do famoso médico medieval Avicena. Via San Lucano, 36, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Após cruzarmos novamente a Piazza del Duomo, nos deparamos com a Piazza del Mercato.


Anteriormente chamada de Piazza di Foro por estar localizada no antigo fórum romano da cidade, era, na época medieval, um local usado para negócios, que ainda ocupam um lugar menor nas arcadas ou no centro da praça, com um mercado permanente de frutas e verduras; durante o século XVI, foi a "sede" da classe trabalhadora cidadã que se opunha à nobreza; no centro, encontra-se a Fontana di San Lucano, de 1409, com a cópia da imagem de San Lucano (a original encontra-se no Museo Civico) cercada de prédios com elementos de arquitetura gótica e renascentista.




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Piazza del Mercato, onde, no passado, se encontrava o Fórum romano; no seu entorno encontram-se prédios que mesclam elementos arquitetônicos góticos e renascentistas. Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.



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Palazzo Monte di Pietà, concluído em 1531; em destaque, na fachada, vários brasões de podestàs venezianos que se revezaram no governo de Belluno entre o final do século XVI e o início do século XVII. Piazza del Mercato, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Fontana di San Lucano, de 1409; no alto do pedestal, a cópia da imagem de San Lucano; Piazza del Mercato, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Seguimos em direção à Piazza Vittorio Emanuele, quando, nas proximidades da Porta Dojona, observamos uma placa transcrevendo o Boletim da Vitória do General Armando Diaz, Chefe do Estado-Maior do Exército Italiano no final da Primeira Guerra Mundial, datado de 4 de novembro de 1918; nele, fala-se de uma das últimas batalhas travadas entre os exércitos aliados - Itália, Império Britânico, França e Tchecoslováquia - e o Exército Austro-Húngaro, conhecida como "Vittorio Veneto", ocorrida entre 24 de outubro e 4 de novembro de 1918 e da rendição deste último exército.




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Placa transcrevendo o Boletim da Vitória do Exército Italiano sobre o Exército Austro-Húngaro no final da 1º Guerra Mundial, em 4 de novembro de 1918. Próximo à Porta Dojona, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Em seguida, nos dirigimos à Piazza dei Martiri (Praça dos Mártires), que leva esse nome pelo seguinte fato: durante a Segunda Guerra Mundial, quatro jovens partisans (combatentes irregulares que faziam operações contra os ocupantes alemães) foram mortos por soldados nazistas em 17 de março de 1945.


Em memória de seu sacrifício, seus nomes podem ser lidos em quatro postes de luz na praça, onde seus corpos foram enforcados, enquanto nos jardins, projetados pelo arquiteto Alberto Alpago Novello, na década de 1920, três esculturas de bronze foram criadas em 1965 pelo artista Augusto Murer, em memória deste trágico episódio.




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Fonte da Piazza dei Martiri, batizada assim em homenagem ao quatro partisans mortos por soldados nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Uma das esculturas erguidas em homenagem aos mártires, partisans assassinados pelos soldados nazistas; obra de 1965 da autoria do artista italiano Augusto Murer. Piazza dei Martiri, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Na praça, vimos também a Porta Dante; inaugurada em 15 de maio de 1865, ao final dos cinquenta anos de domínio dos Habsburgos, como um símbolo patriótico, substituindo a anterior Porta Reniere, construída em 1669; esta, por sua vez, tomou o lugar de uma antiga abertura de serviço presente no trecho das antigas muralhas entre a Porta Dojona e o castelo, chamada Ussolo, que significa pequena porta.




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Porta Dante, erguida em 15 de maio de 1865, como símbolo patriótico do desejo de unir-se ao Reino da Itália. Piazza dei Martiri, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.



Também na mesma praça, encontra-se a Chiesa di San Rocco.


Encomendada como um voto dos cidadãos contra a peste, a igreja foi iniciada em 1530 e construída em várias etapas até 1561, como evidenciado pelos brasões dos reitores venezianos Giacomo Salomon (1659) na coluna da esquerda e de Pietro Loredan (1561) sob a estátua de San Rocco, colocada no centro da fachada.


Foi oficiada pelos capuchinhos entre 1605 e 1769, juntamente com o convento atrás dela, que, após seu fechamento durante a era napoleônica em 1806, passou para o Estado e foi comprada pela Condessa Elisabetta Agosti em 1856.


Depois da reforma do complexo, a igreja foi reaberta ao culto em 1860, e o convento foi transformado em um orfanato por Don Antonio Sperti.


O instituto foi então confiado, juntamente com a igreja, aos Salesianos de 1924 a 1957.


Do lado de fora, sob o pórtico, há dois afrescos datados de 1564 com a Trindade e os Santos Roque e Sebastião, à direita, e Nossa Senhora com o Menino e os Santos Cosme e Damião, à esquerda.


No interior, atrás do altar-mor, um retábulo atribuído a Fra Santo di Venezia, de 1609, inspirado na "Assunção da Virgem", de Ticiano, e, à sua frente, um grande tabernáculo de madeira de Valentino Panciera, dito "Besarel" (1829-1902), provavelmente produzido no período de formação do artista.




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Fachada da Chiesa di San Rocco, estilo renascentista, concluída em 1561; em destaque, sob o pórtico, duas pinturas murais, datadas de 1564, representando, à esquerda, Nossa Senhora com o Menino entre os Santos Cosme e Damião, e, à direita, a Santíssima Trindade entre os Santos Roque e Sebastião. Piazza dei Martiri, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Nicho com a imagem de São Roque; sob a estátua, vê-se, à esquerda, o brasão do reitor veneziano de Belluno na época da construção da igreja, Pietro Loredan, com seis rosas. Chiesa di San Rocco, Piazza dei Martiri, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Nave da Chiesa di San Rocco. Piazza dei Martiri, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Altar-mor da Chiesa di San Rocco; atrás do altar-mor, um retábulo atribuído a Fra Santo di Venezia, de 1609, inspirado na "Assunção da Virgem", de Ticiano; sobre o altar, um grande tabernáculo de madeira de Valentino Panciera, dito "Besarel". Piazza dei Martiri, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




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Bela imagem de Santo Antônio de Pádua. Chiesa di San Rocco, Piazza dei Martiri, Belluno, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


No próximo post, Cortina d'Ampezzo.



Fontes:


Wikipedia;


Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.







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