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Norte de Portugal - 2009

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 19 de mar. de 2021
  • 13 min de leitura

Atualizado: 21 de mar. de 2021

Portugal nasceu entre o Douro e o Minho.


1 - PORTO (DOURO)


O Porto. Os romanos construíram um forte aqui, para controlar suas rotas comerciais que cruzavam o rio Douro. Em 715, os mouros tomaram o Porto. Somente em 999, fidalgos gascões (franceses) conseguiram libertar o Porto do jugo muçulmano. É a cidade natal do infante D. Henrique, o Navegador. É a segunda maior cidade de Portugal e seu centro histórico é Patrimônio da Humanidade.


Uma das primeiras tentativas de reconquista do Porto foi empreendida pelo nobre galego Vimara Peres, em 868, tornando-se o primeiro Conde de Portucale; fundou a povoação de Vimaranis, que, futuramente, por evolução fonética, passou a chamar-se Guimarães.


A Sé do Porto foi construída entre os séculos XII e XIII, sendo que da época românica tem-se, de modo geral, a fachada com as torres, a rosácea e a igreja com três naves. No seu terreiro, há um pilar (pelourinho) manuelino. No fim de uma ladeira, ao lado da catedral, há uma estátua equestre de Vimara Peres. Na parte superior do claustro do séc. XIV, há painéis de azulejo que retratam a vida da Virgem Maria e as "Metamorfoses" de Ovídio.


Pelourinho do Terreiro e a fachada da Sé do Porto, Porto, Portugal.


Estátua equestre do herói Vimara Peres e lateral da igreja-fortaleza Sé do Porto, Porto, Portugal.


Painel de azulejo na parte superior do claustro da Sé do Porto, Porto, Portugal.


A construção da Igreja de São Francisco, em Porto, foi iniciada em 1383 e terminada em 1410, estilo gótico mendicante. O interior, barroco, tem mais de 200 quilos de ouro que cobrem altares, colunas e pilares da igreja, provavelmente a maioria proveniente do Brasil. Chama atenção a Árvore de Jessé, que representa a genealogia de Cristo, e as catacumbas onde se encontram os restos mortais de integrantes das famílias nobres do Porto.


Igreja de São Francisco, Rua do Infante Dom Henrique, Porto, Portugal.


Cemitério Catacumbal, Igreja de São Francisco, Porto, Portugal.


A Casa do Infante foi construída em 1325, por ordem de Afonso IV (o algoz de Inês de Castro), para funcionar o "almazém" régio, ou seja, a Alfândega do Porto, com o fim de controlar a entrada de todas as mercadorias e cobrar o imposto devido, causando uma crise com o bispo, então senhor do burgo. Dizem que aqui nasceu o infante D. Henrique, o Navegador (por isso o nome da casa). Funciona hoje como arquivo municipal. Após escavações arqueológicas, na década de 1990, foi encontrado um mosaico romano do Baixo Império.


Casa do Infante, rua do infante D. Henrique, Porto, Portugal.


Piso de mosaico romano encontrado nas escavações arqueológicas da Casa do Infante, Porto, Portugal.


A Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, construída entre 1750 e 1768, com projeto do arquiteto José Figueiredo Seixas , é o típico exemplo da arquitetura barroca portuguesa. O destaque é o painel de azulejos na lateral da igreja, desenhado por Silvestro Silvestri, contando a lendária fundação da Ordem dos Carmelitas (1912).


Painel de azulejos da Igreja do Carmo, praça Carlos Alberto, 32, Porto, Portugal.


A Igreja dos Clérigos foi construída entre 1732 a 1749, pertencente a Irmandade dos Clérigos, uma associação criada em 1707 para auxiliar os membros pobres do clero católico. Foi a primeira igreja com interior oval do país. Sua torre de 75 metros ainda é um dos edifícios mais altos do Porto. Eu e Eunice enfrentamos os 240 degraus até a parte superior da torre para apreciar a vista da cidade.


Torre da Igreja dos Clérigos, Porto, Portugal.


Vista da cidade do Porto, a partir da Torre dos Clérigos, com destaque para a Sé do Porto com seu terreiro, Porto, Portugal.


Vista do Cais da Ribeira (Porto), rio Douro, barcos rabelos atracados no cais em Vila Nova de Gaia. Caves do Vinho do Porto, a partir da Torre da Igreja dos Clérigos, Porto, Portugal.


D. Pedro IV, o nosso Pedro I, também é herói para os portuenses. Durante a guerra civil de 1832-34, que colocou em campo opostos os liberais, comandados por Pedro IV, e os absolutistas (miguelistas), capitaneados por Miguel, irmão mais novo de Pedro, houve um cerco do Porto, que durou mais de 1 ano, onde grassaram a fome, o tifo e a cólera. Mesmo assim, Pedro e os liberais resistiram e, em uma manobra arriscada, conseguiram dividir as tropas liberais, desembarcar em Algarve, marchar sobre Lisboa e capturá-la. Esse esforço terminou por minar as forças de D. Pedro IV, vindo este a falecer em 1834, no mesmo quarto em que nascera no Palácio de Queluz.


Essa rivalidade entre os irmãos foi alimentada pela mãe, D. Carlota Joaquina, rainha-consorte de Portugal, esposa de D. João VI. Como fica registrado por Marsilio Cassotti, no seu livro sobre Carlota Joaquina, após a morte de D. João VI:


"Alguns diziam que o rei tinha-o deixado claro num decreto do ano anterior em que fazia referência a D. Pedro. Mas isso tinha sido antes de ter assinado o tratado que reconhecia a independência do Brasil. Por isso, outros deduziam que o lógico era que esses direitos recaíssem sobre o irmão, D. Miguel.

"Entre os que pensavam dessa forma encontrava-se, naturalmente, D. Carlota, cuja relação com o primogénito sempre se tinha caracterizado por uma profunda incompatibilidade de caracteres. Por seu lado, D. Pedro nunca tinha sentido pela sua mãe mais do que um frio e forçado respeito, em tudo oposto a D. Miguel. Paradoxalmente, o ponto mais sensível da candidatura de D. Miguel ao trono residia no facto de todos o identificaram com o 'partido' da rainha - pág. 242.

(...)

"Quanto aos filhos, D. Pedro nunca tinha conseguido satisfazê-la - pág. 251.

(...)

"Nesta altura da sua vida, D. Carlota tinha compreendido que a sua missão era dirigir os passos de seu filho a partir da sombra, para evitar que o reino caísse na heresia que propiciava o materialismo mercantilista dos ingleses, o deísmo maçónico, ao qual conduziam as especulações intelectuais dos franceses. Mas, para isso, antes tinha de conseguir impor o seu filho como 'Rei Absoluto' - pág. 252.

(...)

"D. Carlota talvez não tenha se privado de sorrir ironicamente. A Carta Constitucional que tinha enviado D. Pedro do Brasil tinha os dias contados. Ao anoitecer circulou a notícia de que nessa tarde um monge vira sobre o céu de Lisboa um par de anjos vestidos de branco e que transportavam uma coroa e, por baixo, uma insígnia que dizia: 'Longa vida a Miguel I' - pág. 255.

(...)

"O clima de júbilo que se vivia em grandes sectores de Lisboa não se dava noutras cidades, De facto, a 18 de Maio um regimento do Porto levantou-se e declarou-se por 'D. Pedro IV, a rainha Maria II e a Constituição'.

"Inteirada do facto, D. Carlota fez-se conduzir imediatamente até ao Palácio da Ajuda e, abandonando os seus propósitos de não mandar directamente, começou a dar ordens com a frieza de um velho general que estudou com consciência a sua estratégia antes da batalha.

"No decurso de poucas horas centenas de suspeitos foram detidos em Lisboa e encarcerados em várias prisões. A rainha tinha mandado chamar um dos seus fiéis, o general Póvoas, para lhe ordenar que conduzisse os regimentos leais a D. Miguel em direcção ao norte e reprimir a sublevação do Porto" - "Carlota Joaquina, o Pecado Espanhol", Marsilio Cassotti, tradução de João Bernardo Paiva Boléo, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2009 - pág. 259.


Estátua equestre de D. Pedro IV, Praça da Liberdade, Porto, Portugal.


A Ponte Luís I, que liga o Porto a Vila Nova de Gaia, foi construída entre 1881 a 1882, sendo projeto do engenheiro belga Théophile Seyrig, que já trabalhara anteriormente com Gustave Eiffel. O nome da ponte é uma homenagem ao rei de Portugal D. Luís I, que reinou de 1861 a 1889. Hoje, o tabuleiro superior serve à Linha D do metrô do Porto.


Ponte Luís I, a partir do Cais da Ribeira, Porto, Portugal.


O predomínio de Vila Nova de Gaia em relação ao vinho do Porto tem relação com a luta pelo poder entre a monarquia e o clero católico. D. Teresa, condessa de Portucale, e mãe de Afonso Henriques, doou a Hugo, Bispo do Porto, este burgo, com direito às rendas e impostos que impusesse à população. Como a realeza portuguesa queria usufruir também dos impostos gerados na rica região e diminuir o poder do burgo, D . Afonso III criou, em 1255, um porto em Vila Nova de Gaia, na outra margem do Douro, concedendo o foral. Em razão disso, os comerciantes de vinho do Porto deslocaram-se para a outra margem, haja vista que as terras onde o rei era o senhor eram menos oneradas em impostos e outras obrigações. Assim, o vinho do Porto manteve o nome, mas passou a ser comercializado no outro lado, onde estavam as caves do produto.


Barcos rabelos (transporte de vinho do Porto) atracados no cais em Vila Nova de Gaia, distrito de Porto, Portugal.


Loja e Cave da Sandeman, produtora de vinho do Porto, avenida Diogo Leite, Vila Nova de Gaia, distrito de Porto, Portugal.


Em frente, até Braga.


2 - BRAGA, BARCELOS E VIANA DO CASTELO (MINHO)


a - Braga


A região do Minho era ocupada pelos bácaros, quando, no séc. II a.C., os romanos a tomaram, e, em 16 a.C., edificaram Bracara Augusta, a origem do nome Braga, em homenagem ao primeiro imperador romano Augusto. Após a ocupação visigótica, os mouros muçulmanos conquistaram Braga em 715. Em 868, há uma reação cristã vinda das Astúrias, logo rechaçada pelos mouros. Assim, nesse vai-e-vem de tomadas, somente no séc. XI o poder cristão se instalou com estabilidade na região, sendo o lugar reorganizado já com o topônimo Braga. Constroem-se a muralha e a Sé, esta, por determinação do bispo D. Pedro de Braga, edificada sobre as ruínas de um antigo templo romano dedicado à deusa Ísis.


A cidade é muito bonita, limpa e organizada. Os prédios e monumentos históricos são bem preservados.


Eu tinha um interesse pessoal, haja vista que há uma estória, que eu não tenho como afirmar se verdadeira, de que minha família Pinheiro era originária de Braga. Tanto que eu comprei um azulejo com o nome Pinheiro, dentre os que estavam expostos nas lojas da cidade, que, supõe-se, comtemplavam os patronímicos mais comuns na região.


Um fato interessante que eu observei no norte de Portugal e também na Galícia: a maioria das edificações eram construídas com pedras, o que dá um aspecto rústico, mas também de solidez aos edifícios.


A Sé de Braga, ou seja, a sede de bispado, segundo a tradição, foi fundada pelo apóstolo São Tiago Maior, e, em razão de sua origem apostólica, é considerada Sacrossanta Basílica Primacial da Península Ibérica e o seu arcebispo Primaz das Espanhas. Tem, inclusive, uma liturgia própria denominada bracarense. Havia uma primeira basílica, restaurada em 1070, e, posteriormente, por volta de 1128, se ergueu um novo templo com cinco capelas na cabeceira. No século XVII, teve sua fachada alterada ao gosto barroco. Nela estão os túmulos dos pais do primeiro rei de Portugal Afonso Henriques: Henrique de Borgonha, conde de Portucale, e Teresa de Leão.


Sé de Braga, fachada barroca do séc. XVII; o pórtico é do séc. XV, Braga, Portugal.


Interior da Sé de Braga; destaque para o frontal do altar-mor (1509-10) em gótico flamejante, realizado pelo franco-flamengo Mestre Machim, e para o coro, com suas cadeiras de espaldar alto.


Paço Arquiepiscopal Bracarense ou Paço Episcopal era o antigo palácio onde os arcebispos de Braga residiam. Sua instalação mais antiga, conhecida como Paço Medieval de Braga, do séc. XIV, está voltada para o belo Jardim de Santa Bárbara, a patrona dos artilheiros. Atualmente funciona a reitoria da Universidade do Minho e a Biblioteca Pública de Braga.


Jardim de Santa Bárbara e o Paço Arquiepiscopal de Braga, rua Justino Cruz, Braga, Portugal.

Jardim de Santa Bárbara, ao lado do Paço Medieval de Braga, com destaque para a fonte do séc. XVII, encimada por uma estátua de Santa Bárbara, Braga, Portugal.


A sede da Câmara Municipal de Braga, intitulada Paços do Concelho, um dos mais belos exemplares do barroco na Península Ibérica, foi projetada pelo arquiteto bracarense André Soares, tendo a obra sido iniciada em 1753.


Paços do Concelho de Braga, Praça do Município, Braga, Portugal.


No mês de junho, Braga festeja São João. Assim, os principais logradouros são enfeitados para comemorar São João Batista. Há desfile das crianças estudantes. O ápice da festa se dá nos dias 23 e 24 de junho. Na noite de São João, 23 de junho, as pessoas vão às ruas da cidade com martelinhos e tranças de alho-poró.


Crianças de escola desfilando em homenagem a São João, Braga, Portugal.


Praça da República enfeitada para os festejos de São João, Braga, Portugal.


Na sequência, o Santuário de Bom Jesus do Monte.


b - Bom Jesus do Monte


O Santuário de Bom Jesus do Monte, localizado em um encosta arborizada a leste de Braga, foi concluído em 1811 por Carlos Amarante, composto de uma gigantesca escadaria e uma igreja. A Escadaria de Bom Jesus, em estilo barroco, foi iniciada anteriormente, cerca de 1722, por determinação do Arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles. Dizem que foi inspiração para o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, Minas Gerais, Brasil, onde se encontram esculturas fenomenais de Aleijadinho.


A Escadaria de Bom Jesus inicia em um pórtico, com brasão de D. Rodrigo de Moura Teles, passando por diversas capelas, como a da flagelação, da Via Crucis, da Crucificação, a Fonte das Cinco Chagas, em seguida pelo Escadório dos Cinco Sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), pela Escadório das Três Virtudes Teologais (fé, esperança e caridade), pelo largo da Fonte do Pelicano, Capela da Descida da Cruz, chegando, finalmente, na Igreja de Bom Jesus.


Nós chegamos no adro da igreja, em seguida, descemos a escadaria (desnível de 116 metros) até o pórtico. Depois, subimos utilizando o funicular.


Pórtico com brasão de D. Rodrigo de Moura Teles, Arcebispo que encomendou a obra; à esquerda, Capela da Agonia de Cristo no Jardim das Oliveiras, à direita, Capela da Santa Ceia, Escadaria de Bom Jesus, Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Capela dos Açoutes ou da Flagelação, Escadório do Pórtico, Escadaria de Bom Jesus, Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Fonte das Cinco Chagas, as cinco chagas de Cristo, que também estão no Escudo Português, Escadório dos Cinco Sentidos, Escadaria de Bom Jesus, Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Fonte da visão, águas saindo dos olhos, Escadório dos Cinco Sentidos, Escadaria de Bom Jesus, Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Capela da Descida da Cruz ou do Descimento, esculturas de madeira de Fonseca Lapa, Terreiro de Moisés, Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Igreja de Bom Jesus do Monte a partir da Fonte do Pelicano, Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Altar-mor da Igreja de Bom Jesus do Monte, Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Subindo da área do Pórtico até o Adro de Bom Jesus utilizando o funicular na companhia de um grupo de franceses, Elevador de Bom Jesus (1882), Santuário de Bom Jesus do Monte, distrito de Braga, Portugal.


Indo a Barcelos, ver o galinho.


c - Barcelos


A cidade de Barcelos é mais conhecida pelos brasileiros pelo famoso Galo Português. Mas é uma comunidade bem antiga, posto que se originou de um assentamento romano. `Por volta de 1177, D. Afonso Henriques concedeu a carta de foral a Barcelos. D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, foi , em 1385, o 7º Conde de Barcelos.


A lenda do Galo de Barcelos diz da intervenção milagrosa de um galo morto para provar a inocência de uma pessoa acusada equivocadamente. Conta a estória que um galego, que passava por Barcelos em direção a Santiago de Compostela, foi acusado de ter roubado prata de um dono de terras. Levado a julgamento, foi condenado à forca. Em um apelo final, o condenado pediu para falar com o juiz, que, naquele momento estava comendo um galeto assado. O galego disse ao magistrado que, provando sua inocência, o galo se poria em pé e cantaria. O juiz, incrédulo, ignorou o pedido. No momento em que o homem estava sendo enforcado, o galeto se levantou e começou a cartar. Percebendo o erro, o magistrado correu até à forca, mas o homem escapara da morte em razão de um nó malfeito. O juiz o liberou e ele foi em paz.


Galo de Barcelos da Torre da Porta Nova, Barcelos, Distrito de Braga, Portugal.


O Paço dos Condes de Barcelos ou dos Duques de Bragança, era um castelo em estilo gótico erguido no séc. XV por iniciativa de Afonso I, Duque de Bragança. No terremoto de 1755, ele ficou bastante danificado, vindo uma parte a ruir em 1801.


Pelourinho de Barcelos, e, na sequência, as ruínas do Paço dos Condes de Barcelos, Barcelos, Distrito de Braga, Portugal.


Pátio do Paço dos Condes de Barcelos com vista para o rio Cávado e ponte do século XV, Barcelos, distrito de Braga, Portugal.


Meu interesse se volta, como já expliquei anteriormente, em razão de meu sobrenome Pinheiro, ao Solar dos Pinheiros, que fica próximo ao Paço dos Condes de Barcelos.


Segundo o que se sabe, em 1448, Pedro Esteves, ouvidor das terras da Casa de Bragança, construiu uma casa sobre uma edificação anterior, realizada por Tristão Gomes Pinheiro, tio-avô de Isabel Pinheiro, esposa de Pedro. O sucessor dele foi seu filho Álvaro Pinheiro Lobo, 2º Senhor do Solar dos Pinheiros. Durante os séculos, o prédio sofreu muitas alterações e acréscimos. Há informação de que o solar foi habitado até 2001, iniciando-se um processo de degradação.


Solar dos Pinheiros, rua Duques de Bragança, Barcelos, distrito de Braga, Portugal.


Por fim, resolvemos almoçar em Barcelos. Eu pedi um prato comum enquanto minha esposa Eunice perguntou se havia um típico de Barcelos. O garçom recomendou o "Tripeiro" ou "Tripas". Acredito que seja algo parecido com "Tripas à moda do Porto". Quando a comida chegou, o cheiro era muito forte e, para mim, desagradável. Eunice não quis comer. Ficou com o meu prato e empurrou as tripas para mim. Não consegui comer tudo. Não recomendaria.


Diz a tradição que, no século XV, João I ordenou uma expedição para conquistar Ceuta, na África. Algumas embarcações foram construídas no Porto e, quando da partida, D. Henrique, o Navegador, teria pedido aos habitantes do Porto que dessem à tripulação dos barcos todo gênero de alimentos. Então, a população doou as melhores carnes ao navegantes, ficando apenas com os miúdos, inclusive as tripas. Assim, os habitantes tiveram que inventar receitas com as tripas. Por isso até hoje os portuenses são chamados de "tripeiros".


Tripas de porco, prato típico de Barcelos, distrito de Braga, Portugal.


À Viana do Castelo.


d - Viana do Castelo


A povoação de Viana recebeu a carta foral em 1258 por ordem de Afonso III de Portugal com a denominação Viana da Foz do Lima. Na Era dos Descobrimentos, ganhou importância por ser um dos portos pelos quais partiam exploradores para as grandes navegações do séc. XVI, como João Velho, em direção ao Congo, e João Álvares Fagundes, com o fim de explorar reservas pesqueiras da Terra Nova (1520-21), atual província marítima do Canadá. Em 1848, foi elevada à categoria de cidade com a denominação Viana do Castelo. No séc. XX, passou a ser um dos principais portos para pesca de bacalhau.


Dominada pelo monte de Santa Luzia, Viana do Castelo está enquadrada em um cenário de excepcional beleza no estuário do rio Lima.


Uma das suas grandes atrações é o Santuário Diocesano do Sagrado Coração de Jesus, no alto do monte de Santa Luzia, diz-se inspirada no projeto da famosa Sacré-Couer de Paris. Foi projetada em estilo eclético por Miguel Ventura Terra, com início da construção em 1904 e conclusão em 1959, por iniciativa da Confraria de Santa Luzia. Foi erguida no lugar de uma antiga ermida medieval dedicada à santa, nascida em Siracusa, Sicília, e considerada .protetora dos olhos, como gratidão à uma graça alcançada pelo Capitão de Cavalaria Luís de Andrade e Sousa, que teve sua visão restituída.


A partir do monte de Santa Luzia, vista de parte da cidade de Viana do Castelo, a foz do rio Lima e a praia do Cabedelo, Viana do Castelo, Minho, Portugal.

Santuário do Sagrado Coração de Jesus, monte de Santa Luzia, Viana do Castelo, Minho, Portugal.

O belíssimo interior do Santuário do Sagrado Coração de Jesus, Viana do Castelo, Minho, Portugal.


Daí, eu e Eunice saímos de Portugal e ingressamos na Espanha pela Galícia e fizemos uma longa viagem por Galícia, Castela e Leão, Comunidade de Madri, Castela-Mancha e Andaluzia, que será contada em outro post.


Reingressamos em Portugal pelo distrito de Faro (Algarve), no sul do país.


Fontes: Wikipedia e "Portugal, Madeira e Açores", Guia Visual, PubliFolha, 6ª edição, 2008.

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