Lisboa e Costa de Lisboa - Portugal - 2009
- Roberto Caldas
- 19 de mar. de 2021
- 14 min de leitura
Atualizado: 20 de mar. de 2021

Bússola do Padrão dos Descobrimentos, 1960, presente da África do Sul, Belém, Lisboa, Portugal
Nossa segunda viagem internacional se deu em junho de 2009, começando em Portugal, passando pelas regiões do oeste da Espanha e terminando em Portugal.
1 - LISBOA
a - Alfama
Viajamos a Lisboa pela TAP e, chegando lá, nos alojamos em um hotel, nas proximidades do Parque Eduardo VII, assim batizado em homenagem ao Monarca do Reino Unido e Irlanda de 1901 a 1910.
Portugal tem origem no Condado Portucalense, que tinha como capital, inicialmente, a cidade do Porto; o condado foi oferecida ao nobre francês Henrique de Borgonha por Afonso VI, Rei de Leão; junto com o condado, Henrique levou também a mão da filha de Afonso, Dona Teresa de Leão; dessa união, nasceu Afonso Henriques; este foi vencedor da batalha de Ourique contra os mouros (1139), e, em 1140, declarou-se Rei dos Portugueses; finalmente, o seu primo Afonso VII, Rei de Leão, pelo Tratado de Zamora, assinado em 1143, reconheceu a independência de Portugal.

Estátua de Afonso Henriques - Muralhas do Castelo de São Jorge, Alfama, Lisboa
Depois da independência, os portugueses continuaram a guerra de reconquista contra os mouros; em 1147, após o sítio da cidade, os portugueses, comandados por Afonso Henriques, com auxílio de tropas de cruzados, conquistaram Lisboa, e, na cidadela mourisca, Afonso fez assentar sua residência - o Castelo de São Jorge.
José Saramago, de maneira sarcástica e estilo ímpar, descreve o sítio de Lisboa pelos portugueses, liderados por Afonso Henriques:
"Se não fosse aquela contínua sede de glória que desde os tempos imemoriais não deixa uma hora de sossego a reis, presidentes e cabos-de-guerra, esta conquista de Lisboa aos mouros poderia ter-se feito com a maior tranquilidade deste mundo, afinal parvo é aquele que entra na jaula do leão para lutar com ele, em vez de cortar-lhe o sustento e sentar-se a vê-lo morrer. (...) a boa tática mandaria apertar mais o cerco, pois que, após o conveniente tempo, os mouros não só teriam tudo comido até à última migalha e à última ratazana, como acabariam por devorar-se uns aos outros. (...) Ordens, pois, rigorosas, levaram os diferentes capitães às suas hostes para que vigiassem dia e noite a cintura de muralhas (...) para evitar que atravessassem o cerco mensageiros levando às vilas do Alentejo implorações de auxílio, tanto em víveres como em ataques pelas costas aos sitiantes, que tão bem-vindos seriam uns e outros. Provou-se em pouco tempo que a cautela era boa (...) Apesar da vigilância, algum outro mensageiro há-de ter atravessado as linhas, pois semanas mais tarde veio a ser encontrado, boiando ao rés do muro que dava para o rio, um mouro que, içado para bordo da fusta mais próxima, se revelou emissário duma carta do rei de Évora, que melhor foi não ter chegado aos seu destino, tão cruel, tão desumano era o seu conteúdo, e por cima disto hipócrita, considerando que de irmãos de raça e de religião se tratava, e assim era que dizia, O rei dos eborenses [Évora] deseja aos lisbonenses a liberdade dos corpos, há já tempo que tenho tréguas com o rei dos portugueses e não posso quebrar o juramento para o incomodar a ele ou aos seus com a guerra, remi a vossa vida com o vosso dinheiro, para que não sirva para vossa desgraça o que devera servir-vos para vossa salvação, adeus. Este era rei, e para não quebrar as tréguas que tinha tratado com o nosso Afonso Henriques, esquecido de que este mesmo Afonso as quebrara para atacar e tomar Santarém (...)" - História do cerco de Lisboa, José Saramago, São Paulo, Companhia das Letras, 1989, págs. 321 a 323.

Castelo de São Jorge - séc. XII, Alfama, Lisboa
O hoje bairro Alfama, com traçado kashah, era a cidade moura; no início da ocupação pelos portugueses, era o lugar mais valorizado de Lisboa, mas entrou em decadência na Idade Média, passando a ser moradia para pescadores e desocupados; hoje, é um lugar bem pitoresco para passear, com suas ruelas e escadarias íngremes e tortuosas, ladeadas por casas cheias de varais para a secagem de roupas; vale apreciar suas mercearias e tavernas; na véspera do dia de Santo Antônio, lá ocorre um festejo, cujo prato principal é a sardinha frita. O nome Alfama vem do árabe “al-hammâ" (fonte de água quente).

Largo em Alfama - Lisboa, Portugal.

Miradouro Santa Luzia, Alfama, com vista para a Igreja de Santa Engrácia - Lisboa.
Alfama comporta, dentre outros, dois templos católicos de grande importância para os lisboetas. A Igreja de Santo António à Sé, da qual se diz que foi construída onde se acredita estava a casa em que o santo nasceu. A outra é a Sé, estilo românico, tendo sua fundação datada de 1150, para abrigar o primeiro bispo de Lisboa, o cruzado Gilberto de Hastings.
José Saramago, no seu romance "História do Cerco de Lisboa", diz, de forma irônica, da escolha de Gilberto para bispo de Lisboa, e lembra um dos milagres de Santo Antônio de Lisboa:
"Ficou D. Afonso Henriques tão contente que lhe passou pronto a ira, e, ali mesmo se desprendendo de preconceitos hierárquicos, foi para Gilberto e abraçou-o, na passagem lançando ao desprezo o reles Guilhão, que de nome vai realmente bem servido, e disse em alta voz, Por essa resolução vos prometo que sereis o primeiro bispo de Lisboa quando for cristã a cidade (...)" - idem, 1989, págs. 156 e 157.
"Diz aqui que, pregando Santo António em Milão, apareceu em Lisboa e faz absolver a seu pai de uma dívida que não devia, e também diz que, estando pregando em Pádua, apareceu no mesmo tempo em Lisboa, onde fez falar um defunto e livrou seu pai da morte" - ibidem, pág. 335

Igreja de Santo Antônio à Sé, Alfama, Lisboa. Reconstruída a partir de 1757, após o grande terremoto de 1755; é tradição os casais visitarem à igreja no dia do casamento para serem protegidos por Santo Antônio, posto que ele é considerado casamenteiro.

Catedral da Sé, Alfama, Lisboa. Nela, Santo Antônio, então com seu nome secular Fernando Martins de Bulhões, foi batizado em 1195.
b- Baixa e Avenida da Liberdade
Região muito turística de Lisboa é a Baixa e a Avenida da Liberdade; lá encontramos importantes edifícios, monumentos e logradouros históricos: Praça dos Restauradores, Rossio, Praça da Figueira, Elevador Santa Justa, Rua Augusta e Praça do Comércio.
A Praça dos Restauradores tem esse nome em homenagem à libertação do país do jugo espanhol, no século XVII. Com o desaparecimento do Rei Sebastião, da dinastia de Avis, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, no Marrocos, sem descendência, ascendeu ao trono seu tio-avô Henrique, que morreu dois anos depois, em 1580, gerando, assim, uma crise dinástica em Portugal, tendo o Rei Filipe II, da Espanha, assumido o trono, criando a União Ibérica, com liderança dos espanhóis. Os portugueses nunca viram com bons olhos esse domínio, e, em 1640, se rebelaram e escolheram como rei o Duque de Bragança, com o nome de João IV; a guerra durou até 1668, quando a Espanha reconheceu a independência portuguesa.

Monumento da Restauração de 1640 (Obelisco de 1886), Praça dos Restauradores, Lisboa.
Rossio, denominado oficialmente Praça de D. Pedro IV (o nosso D. Pedro I), era, no passado, um espaço para touradas, autos-de-fé (inquisição), festas, feiras, mercados, manobras militares. Hoje, no centro da praça, encontra-se o monumento em homenagem a D. Pedro IV (1870).

Monumento de D. Pedro IV (rei de 1826-1834); na base, quatro figuras representando a Justiça, a Sabedoria, a Força e a Moderação, Rossio, Lisboa, Portugal. Ao fundo, o Teatro Dona Maria II, Rainha de Portugal e filha de D. Pedro IV (nosso Pedro I).

Praça da Figueira; no centro, a estátua equestre de D. João I, primeiro rei da Dinastia de Avis (1385 a 1433).

Na Praça da Figueira, nós fomos à Confeitaria Nacional, tradicional pastelaria (1829). Vale a visita pelos quitutes e pela beleza do lugar.

Elevador de Santa Justa, estilo neogótico, projetado pelo francês Raoul Mesnier du Ponsard, discípulo de Gustave Eiffel, inaugurado em 1902. Liga a rua Áurea (Baixa) à rua do Carmo (Alta).
A Praça do Comércio (Terreiro do Paço), no passado, era uma imensa área ocupada pelo Paço Real, quando D. Manuel I transferiu a residência real do Castelo de São Jorge para a beira do rio Tejo (1511). Ocorre que, em 1755, o palácio foi destruído por um terremoto, acredita-se, de magnitude 8,7 a 9 na escala Richter, seguido de um maremoto, que destruiu grande parte de Lisboa, particularmente a Baixa, varrendo o Paço Real, bem como provocando incêndios. D. José I e a família real escaparam porque haviam se deslocado, na manhã daquele dia, para Santa Maria de Belém, naquele tempo, arredores de Lisboa. Diante de tal destruição, Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, então Secretário de Estado dos Negócios Interiores do Reino (Primeiro-Ministro), organizou rapidamente a reconstrução da cidade, introduzindo, particularmente na região da Baixa, melhoramentos como grandes praças, avenidas largas e retilíneas. Por isso, em homenagem ao Marquês de Pombal, a região é hoje conhecida como Baixa Pombalina.

O Arco do Triunfo da Rua Augusta, Praça do Comércio, final da Rua Augusta, Baixa Pombalina. Projetado em 1759, foi terminado apenas em 1873. Na altura do escudo português, da esquerda para a direita, temos a representação de figuras ilustres na história portuguesa: Viriato, o grande herói lusitano que lutou contra os romanos (séc. II a.C.); Vasco da Gama, o desbravador do caminho marítimo para a Índia (séc. XV); Marquês de Pombal, o reconstrutor de Lisboa (séc. XVIII); e Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal, considerado o maior estrategista, comandante e gênio militar português (séc. XIV).
c - Bairro Alto, Chiado e Estrela
Outra região turística de Lisboa é composta pelo Bairro Alto, Chiado e Estrela. Bairro Alto passou a ser ocupado no século XVI, quando as famílias ricas começaram a deixar Alfama, em razão de sua degradação. Hoje, é local de noite agitada.
Um dos pontos mais interessantes da região é a Igreja do Carmo, fundada no séc. XIV por Nuno Álvares Pereira. Ela foi muito danificada durante o terremoto de 1755; desabou parcialmente, soterrando as pessoas que participavam de uma missa. Os lisboetas não a reconstruíram, servindo de testemunho da catástrofe.

Arcos góticos no interior da Igreja do Carmo, Carmo, Lisboa, Portugal.

Estátua de Luís de Camões (1524-1579), o autor de "Os Lusíadas", um dos maiores poetas da língua portuguesa, Largo de Camões, Chiado, Lisboa, Portugal.

Uma das capelas da Igreja de São Roque (ordem dos jesuítas, séc. XVI), uma das mais belas de Lisboa, rua da Misericórdia, Bairro Alto.
Na região da Estrela, situa-se a Basílica da Estrela, iniciada em 1779 e concluída em 1790, mistura arquitetônica de barroco tardio e neoclássico. Resultou de uma promessa da Rainha Maria I, casada com Pedro III, caso ela desse à luz um varão, o que ocorreu em 1761, com o nascimento de José, Príncipe da Beira. José morreu novo, em 1788, e quem terminou herdando a coroa portuguesa foi o seu segundo filho, D. João VI, tão conhecido dos brasileiros. Maria I apresentou problemas mentais, passando o governo português a ser regido por D. João VI a partir de 1792. Maria I, em 1816, morreu no Convento do Carmo, Rio de Janeiro, tendo seu corpo sido transladado para Basílica da Estrela em 1821.

Fachada da Basílica da Estrela, Estrela, Lisboa, Portugal.

Túmulo de Maria I de Portugal, conhecida com a Piedosa ou a Louca, Basílica da Estrela, Lisboa.
d - Belém
A região de Belém teve seu esplendor na Época de Ouro de Portugal, no período das grandes navegações ibéricas, com a construção do exuberante Mosteiro dos Jerônimos e da Torre de Belém.
O Mosteiro dos Jerônimos foi construído por determinação de D. Manuel I, por volta de 1501, financiado pelo dinheiro obtido com o comércio de especiarias e com os impostos sobre a circulação de ouro. A construção é no estilo arquitetônico manuelino (gótico português tardio), caracterizado pela exuberância de formas e a interpretação naturalista-simbólica. Ficou sob a administração da Ordem dos Jerônimos até 1834, ocasião em que todas as ordens religiosas em Portugal foram dissolvidas. No mosteiro estão os túmulos de Vasco da Gama, dos reis portugueses D. Manuel I e sua esposa Dona Maria, D. João III e sua esposa Dona Catarina, os escritores Alexandre Herculano e Fernando Pessoa.
Há uma curiosidade: o túmulo de D. Sebastião vazio, haja vista que ele desapareceu durante a batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, no Marrocos.

Fachada do Mosteiro dos Jerônimos, Portal Sul, Praça do Império, Belém, Lisboa.

O belíssimo e inigualável claustro do Mosteiro dos Jerônimos, na mão dos mestre de obras Diogo de Boitaca, João de Castilho e Diogo de Torralva; uma exuberância de símbolos religiosos, cordas, vegetais e animais fantásticos. Belém, Lisboa, Portugal.

Túmulo de Alexandre Herculano (1810-1877), grande expoente do romantismo português, autor de "Eurico, o Presbítero" (época visogótica) e "O Monge de Cister" (época de D. João I), Sala do Capítulo, Mosteiro dos Jerônimos, Belém, Lisboa.
O Padrão dos Descobrimentos (1960), na margem do rio Tejo, é o monumento erguido em Belém para homenagear os heróis portugueses da Era dos Descobrimentos, particularmente os 500 anos da morte de Henrique, o Navegador, o membro da família real, mestre da Ordem de Cristo, responsável pela expansão marítima de Portugal.

Padrão dos Descobrimentos: o primeiro, segurando a caravela, Henrique, o Navegador; o segundo, ajoelhado e apoiado em uma espada, D. Afonso V, patrono dos exploradores; o terceiro, em pé, apoiado em uma espada e com a Cruz da Ordem de Cristo no peito, Vasco da Gama, o desbravador do caminho marítimo para a Índia; o quarto, Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil; o quinto, com um laço na mão, Fernão de Magalhães, o explorador que fez a primeira viagem de circum-navegação à Terra 1519-1522.
A Torre de Belém, uma fortificação erguida por determinação de D. Manuel I entre 1514-1521 na freguesia de Belém, segue o estilo manuelino e era o ponto de partida dos navegadores que exploravam as rotas marítimas.

Torre de Belém, margem do Tejo, Lisboa, Portugal.

Estátua de Nossa Senhora do Bom Retorno com o Menino, Torre de Belém, Lisboa, Portugal.

Praça do Império; ao fundo, Mosteiro dos Jerônimos, Belém, Lisboa, Portugal.
O Palácio de Belém, atualmente Palácio e Residência do Presidente da República, foi construído pelo nobre D. Manuel de Portugal, em 1559. O rei D. João V adquiriu o imóvel do Conde de Aveiras. No terremoto 1755, D. José I e sua família estavam aqui, tendo escapado da destruição do Paço Real, que ficava na margem do rio Tejo, hoje Praça do Comércio.

Palácio de Belém, na Praça Afonso de Albuquerque, Belém, Lisboa, Portugal.
O Museu Nacional dos Coches, na época da nossa viagem, ficava na parte leste do Palácio de Belém, ocupando o antigo picadeiro, e guardava um dos mais belos acervos de carruagens. Foi iniciativa de D. Amélia, mulher de D. Carlos I. Hoje ele funciona em prédio moderno, localizado próximo ao rio Tejo. Uma curiosidade é o Landau do Regicídio, a carruagem em que D. Carlos I, o então rei de Portugal, e seu filho e príncipe herdeiro D. Luís Filipe foram assassinados com tiros por republicanos, na presença de D. Amélia, no momento em que o veículo estava na esquina da Rua do Arsenal com o Terreiro do Paço (atual Praça do Comércio), em 1908. Com a morte do rei e do herdeiro, subiu ao trono o filho mais novo D. Miguel II, porém não resistiu, tendo sido destituído na revolução de outubro de 1910, que implantou a república em Portugal.

Museu Nacional dos Coches, ainda no picadeiro do Palácio de Belém; Berlinda de origem francesa da Casa Real, Sec. XVIII, Belém, Lisboa, Portugal.
Quem visita Belém, não pode deixar de desfrutar do verdadeiro Pastel de Belém. Os demais são apenas pastéis de nata. O doce feito de farinha de trigo, água, sal, maisena, manteiga, creme de leite, gemas e açúcar tornou-se o mais famoso de Lisboa.

Pastelaria "Pastéis de Belém", fundada em 1837. Com a Revolução Liberal de 1820, o clero foi expulso e o Mosteiro dos Jerônimos fechado em 1834. Uma pessoa que trabalhava lá começou a vender pastéis nesta loja e logo os quitutes ficaram famosos.
e - Parque das Nações
O Parque das Nações, localizado na região leste de Lisboa, próximo a Olivais, foi construído no final dos anos 1990 para a Expo'98, tem diversos equipamentos culturais e de lazer com arquitetura contemporânea: Estação Oriente, Portugal Pavillion, Pavilhão do Conhecimento, Torre Vasco da Gama e o Oceanário de Lisboa.

Estação Oriente, Parque das Nações, Lisboa, projeto do arquiteto espanhol (valenciano) Santiago Calatrava, que também projetou obras muito importantes por vários países do mundo, como diversas instalações da Cidade das Artes e das Ciências, em Valência, Espanha, a estação multimodal do Word Trade Center, conhecida como "The Oculus", em Nova Iorque, Estados Unidos da América, e o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, Brasil.

Torre Vasco da Gama, Parque das Nações, o mais alto prédio da cidade de Lisboa, Portugal.

Teleférico do Parque das Nações, Lisboa, Portugal
f - Diversão em Lisboa
Fado é um gênero musical nascido em Lisboa, consolidado no séc. XIX, cantado por um intérprete (fadista - sempre trajado de negro) acompanhado de uma guitarra portuguesa e uma viola. Dizem que o nome tem origem no latim "fatum" - destino. Fomos ao restaurante "O Faio", na rua da Barroca, 54-56, Bairro Alto, onde ouvimos um belíssimo fado e degustamos uma receita de bacalhau.
Quando eu era criança/adolescente, a cantora de fado mais famosa era a lisboeta Amália Rodrigues, que interpretava com maestria "Nem às Paredes Confesso", grande sucesso da época, gravada no Brasil por Nelson Gonçalves.

Restaurante "O Faio", no Bairro Alto, apreciando uma interpretação de fado.
Na tarde/noite de 12 de junho de 2009, em Alfama, nós participamos da "Festa de Santo António", o santo português por excelência, e comemos muita sardinha assada. Que delícia!
Sugiro, também, que se prove um peixe muito apreciado em Lisboa, e citado pelo escritor José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, no livro "História do Cerco de Lisboa": o carapau. Vejamos:
"O revisor entrou em Alfama pelo Arco do Chafariz d'El-Rei, almoçará por aí, numa casa de pasto da Rua de S. João da Praça, para os lados da torre de S. Pedro, uma refeição popular portuguesa de carapaus fritos e arroz de tomate, com salada, e muita sorte, que lhe calharam no prato as tenríssimas folhas do coração da alface, onde, verdade que não a sabe toda a gente, se acolhe a frescura incomparável das manhãs, a orvalhada, o rocio, que tudo é o mesmo, mas se deixa repetido pelo simples gosto de escrever as palavras e dizê-las de modo saboroso". - História do cerco de Lisboa, José Saramago, São Paulo, Companhia das Letras, 1989, pág. 73.
2 - COSTA DE LISBOA
Em seguida, alugamos um carro e resolvemos visitar os locais mais interessantes nas proximidades de Lisboa, na direção da costa (Cascais).
a - Palácio de Queluz
A primeira atração: o Palácio de Queluz. Em meados do século XVIII, o filho mais novo de D. João V, Pedro, resolveu transformar um pavilhão de caça em um palácio de verão. Assim, foi construído o Palácio de Queluz, em estilo rococó, sendo aumentado após o casamento da rainha Maria I com esse mesmo Pedro (D. Pedro III), seu tio. O arquiteto responsável foi o francês Jean-Baptiste Robillion. Uma curiosidade é o Quarto Dom Quixote, local onde nasceu (1798) e morreu (1834) o Rei D. Pedro IV de Portugal, o D. Pedro I, Imperador do Brasil.

Entrada do Palácio de Queluz, Lisboa, Portugal

Sala do Trono (1770), Palácio de Queluz, local onde eram realizados bailes e banquetes.

Jardins suspensos e, ao fundo, Pavilhão Principal do Palácio de Queluz, Lisboa, Portugal.
b - Sintra
Sintra é uma cidade turística, reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Humanidade (1995), com várias atrações históricas, como o Castelo dos Mouros, o Palácio de Sintra e o Palácio da Pena.
Na época do domínio muçulmano, a povoação de as-Shantara era considerada o segundo centro urbano mais importante da região, depois de Lisboa. Os mouros construíram uma fortificação no alto, para controlar as vias que cruzavam a serra, entre o séc. VIII e IX. Afonso Henriques a conquistou definitivamente em 1147.

A belíssima Vila de Sintra (cidade velha), Sintra, Portugal.

Lá no alto, dominando a região, o Castelo dos Mouros, Sintra, Portugal.
Palácio de Sintra (Paço Régio), construído por ordem de rei João I no final do séc. XIV. No início do séc. XVI, o palácio recebe acréscimos por D. Manuel I (estilo manuelino, com elementos mouriscos), que, inclusive, recebeu a notícia da descoberta do Brasil aqui. O que é mais exótico neste palácio, para nós, são as chaminés altas e bojudas, que se destacam na construção.

Palácio de Sintra, Vila de Sintra, Portugal.

Salão no interior do Palácio de Sintra, Vila de Sintra, Portugal.
Palácio da Pena, o exuberante e extravagante palácio de verão construído pelo rei-consorte Fernando II de Portugal, marido de D. Maria II de Portugal, filha do nosso D. Pedro I, nascida Maria da Glória, no Rio de Janeiro. Fernando Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, austríaco, parente da família real inglesa, era conhecido como rei artista e realizou seu sonho romântico de construir em Sintra esse palácio, parcialmente concluído em 1847, repleto de excentricidades de várias partes do mundo e cercado por um parque.

Palácio da Pena, mistura de estilos: neogótico, neomanuelino, neo-islâmico, neorrenascentista e com influências indianas.

Janela neomanuelina do Palácio da Pena: no topo, a Cruz da Ordem de Cristo; laterais superiores, esferas armilares; amarras de navio, correntes de âncora, cordas retorcidas - exótico naturalismo e detalhes marítimos.
c- Cascais
Cascais é um balneário marítimo ocupado principalmente no final do séc. XIX por mansões dos ricos lisboetas, usadas como residências de verão.

Cascais, Costa de Lisboa, Portugal.
d- Cabo da Roca
Cabo da Roca é o ponto mais ocidental de Portugal continental e da Europa continental; tem um farol instalado em um penhasco de 140 metros.

Cabo da Roca, Costa de Lisboa, Portugal.
Fontes: Wikipedia e "Portugal, Madeira e Açores", Guia Visual, PubliFolha, 6ª edição, 2008.
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