Centro de Portugal - 2009
- Roberto Caldas
- 19 de mar. de 2021
- 6 min de leitura
Atualizado: 21 de abr. de 2021
Após a região de Lisboa, pegamos o carro e partimos para as regiões antigas de Estremadura e Ribatejo (significa margens do Tejo).
1 - LEIRIA E SANTARÉM
a- Óbidos
A nossa primeira parada foi Óbidos, antigo porto, mas que, com o assoreamento, perdeu sua importância. É uma vila cercada por muralhas que foi dada de presente por D. Dinis à sua esposa Isabel de Aragão, em 1282. Domina a cidade o castelo que foi reconstruído por Afonso Henriques, após a região ter sido conquistada dos mouros em 1148.

O Castelo de Óbidos, distrito de Leiria, Portugal.

Pelourinho manuelino e Igreja de Santa Maria, Óbidos, distrito de Leiria, Portugal.
Daí, partimos para Alcobaça
b - Alcobaça
Alcobaça (aglutinação dos nomes dos rios locais Alcoa e Baça) é uma comunidade que tem como atração principal o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (estilos românico e gótico), iniciado pelo monges da Ordem Cisterciense em 1178, em terras doadas por Afonso Henriques em 1153. Concluído em 1223, comporta a maior igreja católica de Portugal.
Alcobaça está ligada a um fato inusitado. No século XIV, o herdeiro do trono português, Pedro, casou com Constança Manuel, nobre castelhana, e terminou por se apaixonar por Inês de Castro, aia galega de sua mulher. Constança faleceu em 1345. O rei Afonso IV, temendo a influência da família da amante do filho, mandou assassiná-la em 1355, na cidade de Coimbra. Quando o filho subiu ao trono, em 1357, após a morte de Afonso, tornou-se Pedro I e, declarando ter sido casado com Inês em segredo, antes da morte dela, determinou a exumação do cadáver, coroou-a Rainha de Portugal e obrigou os nobres a ajoelhar-se diante dela e beijar-lhe a mão. Dois assassinos de Inês foram executados, sendo que um teve o coração arrancado pelo peito e o outro, pelas costas. Por isso Pedro I é alcunhado de "o Justiceiro" ou "o Cruel".
Depois, determinou a construção de dois túmulos no transepto da Igreja do Mosteiro de Alcobaça, um de frente ao outro. Em um deles, foram colocados os restos mortais de Inês e, no outro, após a morte de Pedro, seu corpo foi aí posto. Quis o rei essa posição de forma que, no Juízo Final, os amantes, ressuscitados, de imediato se vissem.
"Agora é tarde, Inês é morta".

Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, distrito de Leiria, Portugal.

Túmulo de Inês de Castro, Mosteiro de Alcobaça

Detalhe do Túmulo de Pedro I, Mosteiro de Alcobaça
Seguimos para Batalha.
c - Batalha
A povoação de Batalha e o Mosteiro de Santa Maria da Vitória foram fundados em 1386 por determinação de João I como comemoração da vitória sobre os castelhanos na batalha de Aljubarrota (1385). Os corpos do fundador e de sua esposa Filipa de Lancaster estão dentro de um túmulo no interior do mosteiro, na Capela do Fundador. Filipa de Lancaster era uma nobre inglesa, descendente da casa régia dos Plantagenetas e dos Lancaster. Seu filho, Henrique, o Navegador (Escola de Sagres), também está enterrado nessa capela.

Entrada lateral do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Vila de Batalha, distrito de Leiria, Portugal.

Túmulo de João I e sua mulher Filipa de Lancaster, Capela do Fundador, Mosteiro de Batalha.
Daí para Fátima.
d- Fátima
Fátima é famosa pelo Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, iniciado em 1919, como um lugar de peregrinação e devoção, preservando a memória das aparições da Virgem Maria nesse local a três pastorinhos, Lucia dos Santos (10 anos) e seus primos Jacinta Marto (7 anos) e Francisco (9 anos). No dia 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceu como uma figura brilhante em um azinheiro. Essa aparição se repetiu nos cinco meses seguintes. Na aparição de 13 de julho, a Virgem contou a Lucia o "Segredo de Fátima": 1) a visão do inferno; 2) a Segunda Guerra Mundial e 3) a visão do assassinato de um papa. A esplanada do santuário é duas vezes maior que a Praça de São Pedro, no Vaticano.

Santuário de Fátima; no centro, a Basílica de Fátima, neobarroca, com torre de 65 metros, distrito de Santarém, Portugal.
Vamos a Tomar.
e - Tomar
Depois da conquista da região por Afonso Henriques, em 1147, o rei a doou à Ordem dos Templários para ocupar várias possessões, bem como tendo a obrigação de defendê-las das incursões dos estados muçulmanos ao sul. Em 1660, o grão-mestre da Ordem, Gualdim Pais, começou a construir o Castelo de Tomar e o Convento de Cristo. Em 1314, sob a pressão do Papa Clemente V, que aboliu os templários da Europa, D. Dinis conseguiu convencer o Vaticano a criar a Ordem de Cristo, transferindo o pessoal e todos os bens dos templários.

Entrada do Castelo de Tomar, Tomar, distrito de Santarém, Portugal.
Em direção às Beiras.
2- COIMBRA E AVEIRO (Beiras)
Primeiro, a brisa marítima para refrescar: Figueira da Foz, um balneário com boas ondas para os surfistas. Na foz do rio Mondego, o Duque de Wellington ( o vencedor da Batalha de Waterloo) utilizou a Fortaleza de Santa Catarina como base militar para retomar Portugal das forças de Napoleão, em 1808.

Figueira da Foz, distrito de Coimbra, Portugal.
a - Coimbra
Coimbra, nome derivado do topônimo empregado pelos romanos - Conímbriga. Foi libertada do jugo dos mouros em 1064 por Fernando I, o Grande, de Leão. Afonso Henriques, que provavelmente nasceu em Coimbra, resolveu transferir a capital do então Condado Portucalense de Guimarães para Coimbra, em 1129.
Coimbra sedia a mais antiga universidade de Portugal. Criada em 1290 por D. Dinis, em Lisboa, foi depois transferida definitivamente, por ordem de João III, para Coimbra em 1537 e, sete anos depois, instalada definitivamente no Paço Real da Alcáçova, atualmente Paço das Escolas.

Pátio das Escolas, Universidade de Coimbra; da esquerda para direita, porta da Biblioteca Joanina, Capela de São Miguel, Torre Sineira e Via Latina. Coimbra, Portugal.

Terraço da Via Latina; lá ao fundo, a cidade de Coimbra e o rio Mondego; Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.

D. João III, o rei que consolidou a universidade em Coimbra em 1537.
Igreja e Mosteiro de Santa Cruz, fundada pela Ordem de Santo Agostinho em 1131, estão enterrados no coro da igreja desde 1520 os dois primeiros reis de Portugal, Afonso Henriques e Sancho I.

Claustro do Silêncio, estilo manuelino (séc. XIV), Mosteiro de Santa Cruz, Coimbra, Portugal.

Portal da Igreja de Santa Cruz, Praça 8 de Maio, Coimbra, Portugal.

Túmulo de Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal (Séc. XVI), Igreja de Santa Cruz, Coimbra.

Túmulo de Sancho I, segundo rei de Portugal (sec. XVI), Igreja de Santa Cruz, Coimbra, Portugal.
Portugal dos Pequeninos é um parque que reproduz, em menor escala, vários prédios importantes de Portugal, bem como de lugares que foram colonizados pelos portugueses: Brasil, Angola, Moçambique, Índia e China.

Reprodução de importantes monumentos e edifícios de Lisboa: Torre de Belém, Castelo de São Jorge, Arco do Triunfo da Rua Augusta e Sé de Lisboa, Parque Portugal dos Pequeninos, Coimbra, Portugal.

Miniatura de claustro de mosteiro, Portugal dos Pequeninos, Coimbra, Portugal.
Há dois Conventos de Santa Clara em Coimbra. O primeiro, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, teve sua construção iniciada em 1316 por iniciativa de Santa Isabel de Portugal, Rainha, esposa de D. Dinis. Santa Isabel chegou a residir no convento, adotando o hábito das Clarissas, e, depois de falecida, seu corpo ficou no Santa Clara-a-Velha. Construído às margens do rio Mondego, o convento foi inundado várias vezes, quando da cheia do curso d'água, e terminou sendo abandonado em 1677. As monjas foram para o Mosteiro Santa Clara-a-Nova, iniciado em 1649, e já possuía vários edifícios conventuais prontos. O corpo incorrupto de Santa Isabel foi trasladado para o Mosteiro Santa Clara-a-Nova em 1696, e colocado em um túmulo em prata na Igreja do mosteiro.

Convento de Santa Clara-a-Velha, Coimbra, Portugal.

A Igreja do Convento de Santa Clara-a-Nova; no altar, o túmulo de prata de Santa Isabel de Portugal, onde seu corpo incorrupto descansa.

Carros de combate expostos no pátio do então Museu Militar de Coimbra, que funcionava no Convento Santa Clara-a-Nova; em dezembro de 2009, o museu foi fechado e seu acervo espalhado por outros museus militares existentes em Portugal.
Agora para Aveiro.
b- Aveiro
No passado, Aveiro era um grande porto marítimo, mas, aproximadamente em 1575, uma terrível tempestade levantou um banco de areia, assoreando o porto e impedindo a sua utilização. Somente no séc. XIX, a cidade começou a voltar à sua antiga prosperidade.
Aveiro é famosa pelo seu interessante barco, o moliceiro, que, apesar da decoração colorida e alegre, é de trabalho, empregado para pegar moliço (alga), e seus doces de ovos moles, com massa obtida por meio de açúcar em ponto e gemas de ovos muito frescos. O método de produção original veio das freiras, que empregavam a clara de ovo para engomar os hábitos, e as gemas descartadas eram empregadas para a feitura do doce. Ao longo do Canal Central, observam-se mansões Art Nouveau.

Canal Central de Aveiro; barco moliceiro, usado para coleta de algas, Aveiro, Portugal.

Doces de Aveiro, feitos a base de gemas e açúcar, Aveiro, Portugal.

Mansão estilo Art Nouveau, muito bela, Aveiro, Portugal.

Mansão estilo Art Nouveau, bem preservada, Aveiro, Portugal.
Partiu Porto.
Fontes: Wikipedia e "Portugal, Madeira e Açores", Guia Visual, PubliFolha, 6ª edição, 2008.
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