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Cortina d'Ampezzo, Val di Funes e Dolomitas- regiões de Vêneto e de Trentino-Alto Adige - Norte da Itália - 2023

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 18 de jul.
  • 16 min de leitura
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Vista do Lago di Braies (Pragser Wildsee). Comune di Braies, Província de Bolzano, Região de Trentino-Alto Adige, Itália.


Saindo da sede de Belluno, nos dirigimos para Cortina d'Ampezzo, na região da cadeia montanhosa das Dolomitas, nos Alpes Orientais da Itália.


1 - Cortina d'Ampezzo


O primeiro documento oficial que faz referência a Ampezzo é datado de 1156; considerada parte da Comune di Cadore até 1510, provavelmente era mais frequentada nos meses de verão, pois a vida lá no inverno tornava-se muito difícil; por muitos séculos, o lugar era conhecido apenas como Ampezzo; o nome Cortina só seria adicionado no século XX.


Em razão de seu isolamento, o lugar tinha muito autonomia, embora estivesse dentro da esfera de poder do Sacro Império Romano-Germânico; em 1412, a República de Veneza conquistou o território de Cadore, onde encontrava-se localizada Ampezzo.


O Império, por volta de 1510, conseguiu reconquistar a região de Ampezzo, permanecendo a sede de Cadore nas mãos dos venezianos; por quase três séculos os locais ficaram sob o poder dos austríacos, sem grandes turbulências, até a chegada das tropas napoleônicas em 1809, que, após a conquista de Ampezzo, agregou-a novamente a Cadore.


Isso não durou muito tempo; logo após a queda de Napoleão, o Reino da Áustria ficou com todos os territórios da antiga República de Veneza, incluindo Ampezzo.


O turismo, particularmente composto de praticantes de trilhas, veio mudar a realidade da região a partir do final do século XIX, passando a cidade a ser reconhecida internacionalmente como um dos lugares mais bonitos dos Alpes, o que lhe rendeu o apelido de "Pérola das Dolomitas".


Com a chegada da I Guerra Mundial, a região foi palco de uma extenuante guerra de trincheiras travada principalmente entre as tropas do Reino da Itália contra as forças armadas do Império Austro-Húngaro.


No fim da guerra em 1918, com a derrota dos austríacos na Batalha de Vittorio Veneto, houve a anexação de Cortina ao Reino da Itália.


Para chegar lá, tivemos que subir mais um pouco os Alpes italianos, numa região conhecida como Dolomitas.


A cordilheira e sua rocha característica foram batizadas com o nome do geólogo francês do século XVIII Dieudonné Dolomieu, que realizou o primeiro estudo científico da região e de sua geologia; as montanhas são formadas por calcário dolomítico de cor clara, que é alterada de acordo com a incidência dos raios solares e com a estação; em razão das características da rocha, a erosão esculpiu nela formas grotescas, resultando em cristas irregulares e serrilhadas, pináculos rochosos, desfiladeiros profundos e numerosas faces rochosas íngremes em níveis relativamente baixos.




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Subindo os Alpes Orientais italianos em direção às Dolomitas. Província de Belluno, Região de Vêneto, Italia.


Chegando nas proximidades da sede de Cortina, na Località Pocol, nos hospedamos no belo e acolhedor Hotel Villa Argentina.


No início dos anos 1900, era uma pequena pousada que recebia os primeiros turistas que passavam pela Strada delle Dolomiti. Hoje, é um grande hotel, servindo os clientes há mais de 100 anos.




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Hotel Villa Argentina. Località Pocol, 44, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Vista de algumas alturas das Dolomitas a partir do estacionamento do Hotel Villa Argentina. Località Pocol, 44, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Jardim do Hotel Villa Argentina. Località Pocol, 44, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Ristorante Baita Il Cervo; restaurante na parte posterior do Hotel Villa Argentina. Località Pocol, 46, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Em seguida, partimos para conhecer a sede de Cortina d'Ampezzo; no percurso passamos pela localidade de San Vito di Cadore, onde nos deparamos com a elegante Chiesa dei Santi Vito, Modesto e Crescenzia.


A atual igreja paroquial foi construída segundo um projeto de Domenico Schiavi de Tolmezzo, provavelmente de 1754, e consagrada em 1764. O edifício foi reformado nos dois séculos seguintes.




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Chiesa dei Santi Vito, Modesto e Crescenzia, século XVIII, Corso Italia, San Vito di Cadore,  Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Ao chegarmos bem próximos da sede de Cortina d'Ampezzo, nos deslumbramos com um lindo cenário alpino, demonstrado nas fotografias seguintes.




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Vista de Cortina d'Ampezzo com suas casas no estilo alpino. Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Vista de Cortina d'Ampezzo; em destaque, no vale, o campanário da Basilica dei Santi Filippo e Giacomo. Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Caminhando na via mais badalada de Cortina, Corso Italia, nos deparamos com a Ciàsa de ra Regoles, um dos edifícios civis mais importantes de Cortina d'Ampezzo; o edifício foi construído no estilo clássico austríaco do século XIX; originalmente funcionou nele uma escola municipal, mas, desde 1957, tornou-se a sede da Regole d'Ampezzo; hoje, nas suas instalações, encontra-se funcionando o Museo d'Arte Moderna Rimoldi.




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Ciàsa de ra Regoles, construída no século XIX no estilo clássico austríaco; hoje funciona o Museo d'Arte Moderna Rimoldi. Corso Italia, 69, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Em seguida, vimos o Palazzo "Comun Vecio", que, no dialeto local (ampezzano da língua ladina) significa "Antiga Prefeitura".


No passado, nas salas do edifício eram realizadas as reuniões do município, as aulas escolares e até os julgamentos; também lá estavam instalados um armazém de grãos e sal e uma prisão.


Em 1850, quase que o edifício foi demolido para ser construída uma praça, mas terminou sendo preservado e, hoje, abriga a sede da Biblioteca Civica di Cortina d'Ampezzo, um posto de informações turísticas e a banda marcial.




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Palazzo "Comun Vecio", antiga sede da administração local, hoje abriga, dentre outros equipamentos, a Biblioteca Civica. Corso Italia, 75-83, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Nas fachadas do edifício foram pintados em 1928 por Giorgio Wenter Marini os brasões das famílias locais, no dialeto da região, Palazzo "Comun Vecio", Corso Italia, 75-83, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Próximo está o Hôtel de la Poste, um edifício erguido pela família Manaigo, em 1804, como estação de correios (posta) e, posteriormente, pousada, tornando-se muito prestigiado quando da realização dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1956.




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Hôtel de la Poste, erguido em 1804 por Silvestro Manaigo para abrigar a estação dos correios e uma pousada; ampliado em 1905 por seu neto Massimiliano Manaigo. Piazza Roma, 14, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Próximo ao hotel, nos deparamos com a estação inicial do antigo teleférico conhecido como Funivia di Pocol, inaugurado em 1924; o sistema, avançado para época, ia da praça, nas proximidades da igreja paroquial da cidade, até o Belvedere di Crepa (Pocol), elevação no entorno da urbe. A funivia deu um impulso decisivo para a prática do esqui na região, tornando Cortina um lugar desejado pelos esportistas, particularmente na estação invernal.


O teleférico funcionou até a década de 1970, quando foi desativado; no prédio, hoje, encontra-se a sede local da Galleria D'Arte Farsetti.




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Sede da Galleria D'Arte Farsetti, antiga estação inicial da Funivia di Pocol, inaugurada em 1924, com seu típico estilo alpino austríaco. Piazza Roma, 10, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


A próxima atração foi o prédio conhecido, no dialeto ladino local, como Ra Ciàsa de i Pùpe (Casa das Crianças), construído no século XIX, como dependência do Hotel Aquila Nera (hoje, Hotel Aquila Cortina) por Gaetano Ghedina. O destaque nas fachadas do edifício são afrescos pintados pelos três filhos do proprietário, Giuseppe, Luigi e Angelo, possivelmente entre 1867 e 1872.




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Fachada leste da Ra Ciàsa de i Pùpe (Casa das Crianças); as cenas com figuras alegóricas representam as artes e ciências (comércio, arquitetura, pintura, indústria, música, etc), pinturas feitas provavelmente entre 1867 e 1872, obra dos irmãos Ghedina, filhos do proprietário do antigo Hotel Aquila Nera. Corso Italia, 155, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Ainda na linha do Corso Italia, temos a Chiesa parrocchiale dei Santi Filippo e Giacomo (Igreja dos Santos Filipe e Tiago) ou Basilica dei Santi Filippo e Giacomo, que se tornou uma Basílica menor em 2011, título concedido pelo papa Bento XVI; foi construída entre 1769 e 1775, no estilo barroco, com base no projeto do arquiteto M. Promperg-Costa, no lugar de duas igrejas, uma do século XVI e outra do século XIII; a basílica abriga ciclos pictóricos e escultóricos e um altar de Andrea Brustolon, "o Michelangelo da madeira", que remonta a 1703, provavelmente instalado posteriormente na igreja atual.




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Fachada principal da Chiesa Parrocchiale dei Santi Filippo e Giacomo (Igreja dos Santos Filipe e Tiago); erguida entre 1769 e 1775, estilo barroco; em destaque, as imagens, nos nichos, de Santiago, à esquerda, e São Filipe, à direita. Corso Italia, 88, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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O altar-mor da Chiesa Parrocchiale dei Santi Filippo e Giacomo; erguido em 1773 por Johann Müssack Jr., contém as estátuas de São Pedro, à esquerda, com as chaves, e São Paulo, com a espada, todas em madeira decoradas com estuque; o retábulo, feito em 1679 por Giuseppe Zanchi (1631-1722), retrata a "Madona e os Santos Filipe e Tiago"; o retábulo foi alongado por Giuseppe Lacedelli (1754-1833) para adaptá-lo à nova moldura; no teto do presbitério, acima do altar, há um afresco pintado por Giuseppe Ghedina, em 1859, representando a Santíssima Trindade. Corso Italia, 88, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Altar da Madonna del Rosario, feito em 1703 pela oficina de Andrea Brustolon; o belo tabernáculo é uma obra autografada pelo próprio artista; o nicho abriga uma estátua da Nossa Senhora do Rosário, da escola de Bressanone, do início do século XVII: é a imagem venerada pela Confraria do Rosário. Basilica dei Santi Filippo e Giacomo, Corso Italia, 88, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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O púlpito com dossel de madeira e estuque, criado em 1775, atribuído ao artista local Silvestro Di Mai; nas laterais e na frente, veem-se as imagens dos 4 evangelistas; no frontal, São Lucas (boi) e São João Evangelista (águia). Basilica dei Santi Filippo e Giacomo, Corso Italia, 88, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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O quadro representando a cena bíblica "Ester diante de Assuero", obra do pintor Franz Anton Zeiler, realizada entre 1774 e 1775, na parede direita do presbitério. Basilica dei Santi Filippo e Giacomo, Corso Italia, 88, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


O campanário da igreja é um espetáculo à parte: "el Ciampanín", no dialeto local, é um símbolo religioso e um elemento de identificação de toda a região.


Antes, havia uma torre, datada de 1590, demolida em 1851 em razão de problemas estruturais; a estrutura neogótica, projetada pelo engenheiro vienense Hermann Bergmann, teve suas fundações iniciadas em 1852, por iniciativa de Silvestro Franceschi, e foi construída em blocos de dolomita branca, a mesma rocha das Dolomitas; os blocos foram obtidos na pedreira de Crepedel, com exceção dos elementos que exigiam um trabalho mais detalhado, como os pináculos, para os quais foi utilizado granito extraído em Falzes; os trabalhos se estenderam até 1858; no Natal daquele ano, os seis sinos, forjados em 1857 em Innsbruck, Áustria, pela famosa empresa Grassmayr e harmonizados na tonalidade de si bemol, soaram pela primeira vez.


Hoje, o campanário é conhecido por sua imagem branca e esbelta, com 68,5 metros de altura, coroada por uma esfera de cobre de 1 metro e 10 centímetros de diâmetro, revestida de ouro puro, para a qual foram fundidos 60 ducados.




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Campanário da Basilica dei Santi Filippo e Giacomo, com destaque para suas paredes brancas, feitas com as pedras das Dolomitas, e a cúpula, coroada por uma esfera de cobre revestida de ouro puro. Corso Italia, 88, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Ainda em Corso Italia, visitamos La Cooperativa di Cortina, o centro comercial (shopping center) mais importante da cidade.




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Vitrine do prédio do centro comercial La Cooperativa di Cortina. Corso Italia, 40, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Painel com diferentes cartões turísticos feitos por iniciativa da Cooperativa di Cortina. Interior do centro comercial, Corso Italia, 40, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Um dos cartões turísticos produzidos pela Cooperativa di Cortina, com tema relativo ao esporte esqui na neve, carro chefe do turismo de Cortina. Interior do centro comercial, Corso Italia, 40, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.


Continuando nosso passeio, nos deparamos, na via XXIX Maggio, com o edifício do Hotel Ambra; trata-se de um prédio erguido há cerca de 160 anos, no estilo alpino, onde, anteriormente, funcionou a Pensione Emiliana; adquirido pela senhora Elisabetta Dotto, foi batizado com o nome atual, Ambra, passando a ser classificado como hospedagem 4 estrelas.




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O belíssimo prédio de cerca de 160 anos do Hotel Ambra, em estilo alpino. Via XXIX Maggio, 28, Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.


No passeio pela região das Dolomitas, visitamos a estação de Cinque Torri (Cinco Torres).




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O teleférico para subir ao refúgio de Cinque Torri. Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.




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A formação conhecida como Cinque Torri. Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.




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Parte das cordilheiras dos Alpes Orientais conhecidas como Dolomitas, vista a partir da estação de Cinque Torri; no horário em que a fotografia foi registrada, porções da montanha tinham cor dourada; ao pôr do sol, os raios solares dão aos picos uma cor rosa e, em seguida, violeta, fenômeno conhecido como enrosadira. Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.




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Formação rochosa das Dolomitas. Cinque Torri, Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.




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Escaladores na região de Cinque Torri. Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.


A Cordilheira das Dolomitas, nos Alpes, então dominada pelos austríacos, foi palco de um combate encarniçado, durante a Primeira Grande Guerra, entre as forças do Império Austro-Húngaro e as tropas do jovem Reino da Itália.


Vários postos de combate foram instalados ao longo da linha de enfrentamento, durante a Primeira Grande Guerra, sendo que na região de Cinque Torri podem ainda ser encontrados vestígios deles, como abrigos para diversos tipos de tropas, como infantaria e artilharia, e paióis de munição improvisados.




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Abrigos utilizados na Primeira Guerra Mundial pelas tropas italianas. Cinque Torri, Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.


Ripari per Artiglieria (Abrigos de Artilharia), os abrigos de artilharia tinham uma construção semelhante à indicada para as trincheiras; predominavam sacos de terra no seu entorno, eram equipados com pequenos paióis para armazenar projéteis no local e muitos também tinham passarelas cobertas e blindadas para conectar os próprios abrigos com abrigos para a guarnição e com os paióis de munição.




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Riparo per Artiglieria, posição de artilharia blindada italiana para canhão 75/27 mod. 1911 durante a Primeira Guerra Mundial. Cinque Torri, Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.




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Riparo per Artiglieria, posição de artilharia blindada italiana para canhão 75/27 mod. 1911 durante a Primeira Guerra Mundial; detalhe do posicionamento da guarnição da peça de artilharia. Cinque Torri, Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.


Depósitos de suprimentos das tropas italianas durante a Primeira Grande Guerra nos Alpes: a artilharia tinha à sua disposição munição abundante armazenada em paióis improvisados nas montanhas; as tropas alpinas dispunham de munição para fuzil e de todo o material necessário para um ataque, para defender a posição capturada e para ali se instalar: troncos de árvores, tábuas, sacos de terra, postes de cerca, arame farpado e liso, escudos de trincheira, alimentos, garrafas d'água, lenha para aquecimento e cocção de rações, alforjes; botas de trincheira, casacos de pele; etc.; o equipamento era preferencialmente transportado à noite.




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Paiol improvisado de munição utilizado pelas tropas italianas nos Alpes. Cinque Torri, Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália.




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Descendo de Cinque Torri pelo teleférico. Comune di Cortina d'Ampezzo, Província de Belluno, região de Vêneto, Itália


2- Lago di Braies


Ainda na região das Dolomitas, visitamos uma das grandes atrações do local, o Lago di Braies, localizado na província de Bolzano (Bolzen), região de Trentino-Alto Adige (Trentino-Südtirol)


Em 1856 Joseph Hellenstainer comprou o Lago di Braies, para alegria de sua esposa Emma; apenas dois anos após a aquisição, Joseph faleceu, e, anos depois, seu filho Eduard construiu uma estrada até o lago, onde passou a oferecer passeios de barco.




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Lago di Braies (Pragser Wildsee), lindo espelho lacustre da região das Dolomitas, com suas águas esverdeadas. Comune di Braies, Província de Bolzano, Região de Trentino-Alto Adige, Itália.




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Lago di Braies (Pragser Wildsee); em destaque, os passeios de barco. Comune di Braies, Província de Bolzano, Região de Trentino-Alto Adige, Itália.




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Capela dedicada à Divina Madre Dolorosa, às margens do Lago di Braies; foi concluída e consagrada em 1904 como capela particular da família Hellensteiner, com base em um projeto do arquiteto vienense Otto Schmid. Comune di Braies, Província de Bolzano, Região de Trentino-Alto Adige, Itália.


Saindo do lago, passamos ao largo do Hotel Pragser Wildsee.


Eduard, depois de 30 anos da construção da estrada para acesso ao espelho lacustre, adquiriu um terreno ao lado do lago, e ele e sua mãe Emma iniciaram a construção de um grande hotel em 1897, projeto do arquiteto vienense Otto Schmid, apenas com materiais locais - madeira e pedra - sem concreto; o hotel foi inaugurado em 1899, tendo sofrido duas grandes ampliações, em 1902 e 1929.


Em 1910, o arquiduque do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, e sua esposa Sofia se hospedaram no hotel; na saída, disseram que desejavam retornar; mas, infelizmente, isso não ocorreu porque, em 28 de junho de 1914, o casal foi assassinado em Sarajevo, atual capital da Bósnia-Herzegovina, na época, parte do império; o fato serviu de pretexto para a eclosão da Primeira Guerra Mundial.



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Hotel Pragser Wildsee. Comune di Braies, Província de Bolzano, Região de Trentino-Alto Adige, Itália.




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Hotel Pragser Wildsee; no vidro da janela, alusão ao 125º aniversário do estabelecimento hoteleiro que iria ocorrer em 2024. Comune di Braies, Província de Bolzano, Região de Trentino-Alto Adige, Itália.


No dia seguinte, saímos do Hotel Villa Argentina, na região de Vêneto, e fomos para a Aldeia de Santa Maddalena, na província de Bolzano (Bolzen), região de Trentino-Alto Adige (Trentino-Südtirol).


No caminho, passamos ao lado de vários trechos da Cordilheira das Dolomitas, descidas e subidas íngremes, curvas fechadas e cenários deslumbrantes.




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Curva fechada na Strada Regionale 48, próximo ao Passo Falzarego, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.




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Vista da Cordilheira das Dolomitas a partir da Strada Provinciale 24 del Passo Valparola, Pieve di Livinallongo, Província de Belluno, Região de Vêneto, Itália.



3 - Aldeia de Santa Maddalena


O Val di Funes ou Dolomitental Villnöss (Vale do Funes) está localizado no coração das Dolomitas, no Alto Adige (Südtirol - Tirol do Sul), no norte da Itália: é a confluência das línguas italiana, alemã e ladina; como o local foi dominado por muito tempo pelos austríacos, é comum serem vistas placas com os dizeres escritos em italiano e em alemão; a população, também, tem domínio sobre as duas línguas, sendo que muitos dos sobrenomes são germânicos.


Após um trecho de estrada emocionante e perigoso, atravessando locais íngremes dos Alpes, chegamos à Aldeia de Santa Maddalena (St. Magdalena) no Vale de Funes (Villnöss), no Tirol do Sul.




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Belas casas de estilo alpino na Aldeia de Santa Maddalena. Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Itália.




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Casa de madeira com depósito de lenha. Aldeia de Santa Maddalena, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Itália.




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Casa em estilo alpino. Aldeia de Santa Maddalena, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Itália.


No alto da aldeia, observa-se a Chiesa di S. Maddalena; a igreja dedicada a Santa Madalena é um templo católico muito antigo, instalado em um local onde se realizavam sacrifícios aos deuses pagãos.


O primeiro edifício é mencionado nas crônicas do ano de 1394, do qual resta apenas a torre da igreja.




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Chiesa di S. Maddalena com sua torre do século XIV. Aldeia de Santa Maddalena, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Itália.


Em seguida nos dirigimos à localidade de San Giovanni, bem próximo da aldeia.


O complexo mais importante da localidade é a Ansitz Ranui Hof  (Residência Ranui Hof), que é uma das fazendas mais antigas do Vale do Funes.


Citada em 1370 como "hofze Rumenuye und wise heizzet Tschuval" em um documento oficial de Berthold von Gufidaun, o nome da fazenda mudou posteriormente para Ranui; há informação de que Ranui Hof tinha sido inicialmente uma casa de fazenda pertencente aos senhores de Gufidaun, adquirida em 1665 pelo estalajadeiro e comerciante Michael Jenner (1637-1723), que a transformou em um pavilhão de caça de verão, com uma torre anexa.




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Ansitz Ranui Hof  (Residência Ranui Hof), uma fazenda anterior ao século XIV. Localidade de San Giovanni, 2, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Italia.


No centro de um grande descampado ao lado do pavilhão, fazendo parte da fazenda Ranui Hof, encontra-se a grande atração do lugar: a Chiesetta di San Giovanni a Ranui (Kirchlein St. Johann in Ranui), dedicada a São João Nepomuceno.


A fachada de entrada apresenta ricas decorações pictóricas e um afresco representando o santo padroeiro da igrejinha; a inscrição na fachada da pequena igreja de San Giovanni in Ranui, "construída por Michael Jenner em 1744", foi provavelmente afixada por devoção por seus descendentes, visto que Michael Jenner já havia falecido em 1723; tem-se notícia de que quem verdadeiramente encomendou a pequena igreja foi Joseph Anton Jenner, primo de Michael.


A cúpula em forma de cebola, feita de cobre, sustenta uma estrela que faz referência ao martírio de São João Nepomuceno, boêmio nascido na cidade de Nepomuk (localizada na atual Chéquia), que foi lançado acorrentado ao rio Moldava, em 1393, por ordem de Venceslau IV de Luxemburgo, rei da Boêmia, e ao fato de uma guirlanda em forma de estrela ter levado à descoberta de seu cadáver.


Canonizado em 1729, é o padroeiro da Boêmia, dos confessores e de todas as pessoas em perigo de afogamento; é também o padroeiro contra a difamação e da boa reputação das pessoas.




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Chiesetta di San Giovanni a Ranui (Kirchlein St. Johann in Ranui), erguida em 1744, dedicada a São João Nepomuceno. Ansitz Ranui Hof, Localidade de San Giovanni, 2, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Italia.




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Chiesetta di San Giovanni a Ranui (Kirchlein St. Johann in Ranui), em destaque, a cúpula em forma de cebola, feita de cobre, sustentando uma estrela que faz referência ao martírio de São João Nepomuceno. Ansitz Ranui Hof, Localidade de San Giovanni, 2, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Italia.




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Chiesetta di San Giovanni a Ranui (Kirchlein St. Johann in Ranui), em destaque, ricas decorações pictóricas e um afresco representando o santo padroeiro da igrejinha, São João Nepomuceno. Ansitz Ranui Hof, Localidade de San Giovanni, 2, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Italia.




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Vista do campo e da Aldeia de Santa Maddalena a partir da Ansitz Ranui Hof. Localidade de San Giovanni, 2, Val di Funes, província de Bolzano, região de Trentino-Alto Adige (ou St. Johann, 2, Villnöss, Provinz Bozen, Trentino-Südtirol), Italia.


O nosso próximo destino é Bolzano, mas isso fica para o próximo post.


Fontes:


Wikipedia;


Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.








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