Andaluzia - Parte I - Sul da Espanha - 2009
- Roberto Caldas
- 8 de mai. de 2021
- 15 min de leitura
Atualizado: 21 de mai. de 2021

Mihrab de la Mezquita de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.
Não se tem certeza qual a origem do nome, mas os muçulmanos que ocuparam a península ibérica no início do século VIII a chamavam de Al-Andalus, que, posteriormente, seria castelhanizada para Andalucía (Anduluzia, em português), referente hoje à região sul da Espanha.
Exatamente pela posição, deitada sobre o Mediterrâneo, sua costa foi logo ocupada pelos alienígenas: os fenícios, que instalaram os entrepostos de Toscanos, localizado em uma ilha na foz do rio Vélez, e Chorreras, na desembocadura do rio Algarrobo, ambos na atual província de Málaga, e as colônias de Sexi, no atual município de Almuñécar, na província de Granada, de Abdera, atual município de Adra, província de Almería, de Malaka, atual Málaga, na província de mesmo nome, e, a mais importante delas, Gadir, a atual Cádiz, província de mesmo nome, que, no tempo de Estrabão, geógrafo e historiador grego, era, depois de Roma, a cidade mais populosa do mundo.
Depois vieram os gregos, com seus entrepostos de Mainake, que se localizava entre as atuais províncias de Málaga e de Granada, e de Calpe, nas proximidades da hoje Gibraltar. Os gregos, na Andaluzia, ao contrário dos fenícios, não fundaram colônias, mas comerciavam com as localidades já existentes.
Em seguida, chegaram os cartagineses, herdeiros dos fenícios, que ocuparam a região, particularmente as colônias e os entrepostos destes.
Mas logo ocorreu o choque entre Cartago e Roma, sendo que esta, ao final, conquistou a Hispania; a Andaluzia, nessa época, ficava praticamente enquadrada na província romana de Baetica; nela foram criadas as cidades de Córduba (Córdova), Hispalis (Sevilha), Ilíberis (localizada no que hoje é Granada), Acci (Guadix), dentre outras.
Posteriormente, com a decadência do Império Romano, houve a invasão e a ocupação visigoda.
Mas o grande período de esplendor da Andaluzia foi depois da invasão mulçumana, que se iniciou exatamente na região desta comunidade autônoma, nas proximidades de Gibraltar (Jabal Tariq - Montanha de Táriq), com o desembarque das tropas berberes em 711, comandadas por Táriq ibn Ziyad e, em seguida, com sua vitória, na batalha do rio Guadalete, sobre o rei visigodo Rodrigo, no mesmo ano.
Essa expansão muçulmana ocorreu durante o período da dinastia omíada (661-750), iniciada por Muawiya, cujo Califado tinha sede na cidade de Damasco (atual Síria); portanto, no início da ocupação, Al-Andalus era uma província do Califado Omíada de Damasco. Vejamos:
"Quando Muawiya chegou ao poder, o califado se estendia pelo Egito e Líbia a oeste, e pela Síria, Mesopotâmia e Irã a leste. O novo califa e seus descendentes prolongaram esta expansão, que abarcou desde a península ibérica até a fronteira com a Índia. Mas sobretudo se dedicaram à tarefa de organizar este imenso conglomerado territorial, para o que deveriam recorrer à experiência dos impérios anteriores.
"Ao estabelecer sua corte em Damasco, arrebatada pelos árabes ao Império Bizantino no ano 634, Muawiya aproveitou as antigas estruturas administrativas bizantinas, sem mudanças ou inovações. O pessoal, o funcionamento e, inclusive, as moedas seguiam modelos bizantinos ou do Império Persa Sassânida, com o qual os muçulmanos haviam acabado em 651. (...)." - (tradução livre do espanhol - págs. 90 a 92) - "La Forja del Imperio Árabe, Los Califas Omeyas", Vicente Millán Torres, Historia National Geographic, n. 168, RBAPublivendas, Madrid, Rotocobrhi S.A., Barcelona, 02/2018.
"(...) A capital do Império passou para Damasco, cidade que ficava numa zona rural capaz de proporcionar o excedente necessário para manter uma corte, governo e exército, e numa região da qual as terras costeiras do Mediterrâneo Oriental e a terra a leste delas podiam ser mais facilmente controladas que de Medina. Isso era tanto mais importante porque o poder do califa continuava a expandir-se. Forças muçulmanas avançaram através do Magreb. Estabeleceram sua primeira base importante em Kairuan, na antiga província romana da África (Ifriqiya, hoje Tunísia); dali, avançaram para oeste, alcançaram a costa atlântica do Marrocos no fim do século VII e passaram para a Espanha pouco depois; no outro extremo, a terra além do Curasão, até o vale do Oxus, foi conquistada, e fizeram-se os primeiros avanços muçulmanos no noroeste da Índia." (págs. 44/45) - "Uma história dos povos árabes", de Albert Hourani, tradução de Marcos Santarrita, Companhia das Letras, São Paulo, 1994.
Porém, entre 1749-50, a dinastia omíada foi desafiada por uma nova família, a dos Abbas, liderada por Abu'l 'Abbas, cujas tropas rebeldes perseguiram e mataram o último califa omíada Marwan II no Egito. Assim começava a dinastia abássida, sendo que o seu sucessor, Al-Mansur, fundou, em 761, a nova capital no território do atual Iraque, chamando-a de Bagdá. Portanto, passa o império muçulmano a ser conhecido como Califado de Bagdá.
"(...) Um poderoso movimento conhecido como 'Hashimiyya' uniu um grande número de árabes e não árabes inimigos dos omíadas. A partir da província oriental de Jorasán, seu líder, Abu Muslim, alçou suas bandeiras negras contra o último califa omíada na Síria, Marwan II (744-750).
"Apesar de todas as suas tentativas para sufocar a rebelião, Marwan perdeu a estratégica cidade de Kufa no final de 749, e um ano mais tarde caiu derrotado nas margens do Gran Zab, um afluente do rio Tigre. Mesmo tendo fugido ao Egito junto com um pequeno grupo fiel, seus perseguidores não tardaram em alcançá-lo. Então, e apesar da desproporção das forças em liça, atuou conforme o velho espírito beduíno: encabeçou uma última carga desesperada de cavalaria e morreu em combate individual, não sem antes acabar com alguns de seus rivais." (tradução livre do espanhol - pág. 98) - "La Forja del Imperio Árabe, Los Califas Omeyas", Vicente Millán Torres, Historia National Geographic, n. 168, RBAPublivendas, Madrid, Rotocobrhi S.A., Barcelona, 02/2018.
O Califado dos Abássidas manteve poder sobre Al-Andalus por pouco tempo - de 750 a 756; um príncipe da dinastia omíada que sobrevivera à perseguição dos abássidas, Abd Al-Rahman, consegui ingressar na Espanha, em 755, por Almuñécar, e se estabeleceu em Córdova como emir em 756.
"Mais importante para a história do mundo muçulmano como um todo foi o caminho separado tomado pela Espanha, ou Andalus, para dar-lhe seu nome árabe. Os árabes desembarcaram pela primeira vez na Espanha em 710, e logo criaram ali uma província do Califado que se estendeu até o norte da península. Aos árabes e berberes do primeiro núcleo, juntou-se uma segunda leva de soldados vindos da Síria, que iriam ter um papel importante, pois após a revolução abácida um membro da família omíada pôde refugiar-se na Espanha e lá encontrar defensores. Criou-se uma nova dinastia omíada, que governou por quase trezentos anos, embora só em meados do século X o governante tomasse o título de califa.
"(...)
"O movimento de berberes do Magreb para a Espanha continuou por mais tempo que a imigração vinda do Oriente, e foi provavelmente maior. Com o tempo, também, parte da população nativa converteu-se ao Islã, e no fim do século X é possível que a maioria do povo de Andalus fosse muçulmana; mas ao lado deles viviam aqueles que não se converteram, cristãos [moçárabes] e uma considerável população judia de artesãos e comerciantes. Os diferentes grupos mantiveram-se juntos graças à tolerância dos omíadas para com os judeus e cristãos, e também à disseminação da língua árabe, que se tornara a da maioria, tanto para judeus e cristãos quanto para os muçulmanos, no século XI. A tolerância, uma língua comum e uma longa tradição de governo separado ajudaram a criar uma consciência e sociedade andaluzas distintas. Sua cultura religiosa islâmica desenvolveu-se em linha mais ou menos diferentes das dos países orientais, e sua cultura judaica também se tornou independente da do Iraque, principal centro da vida religiosa judaica." (págs. 60/61) - "Uma história dos povos árabes", de Albert Hourani, tradução de Marcos Santarrita, Companhia das Letras, São Paulo, 1994.
"Cinco anos depois da matança dos omíadas no Oriente, desembarcava no porto de Almuñécar um sobrevivente desta linhagem: Abd al-Rahman ibn Muawiya. Após fugir dos abássidas, e depois de uma perigosa viagem desde a Palestina até o Magreb, o acolheu a tribo berbere a qual pertencia sua mãe. Imitando a Muawiya, não tardou a aproveitar as disputas tribais para adquirir o poder em al-Andalus. Muito longe da Síria, o destino brindava uma nova oportunidade aos omíadas." (tradução livre do espanhol - pág. 98) - "La Forja del Imperio Árabe, Los Califas Omeyas", Vicente Millán Torres, Historia National Geographic, n. 168, RBAPublivendas, Madrid, Rotocobrhi S.A., Barcelona, 02/2018.
No século X, o governante Abd Al-Rahman III, em 929, adotou o título de califa, transformando o território de Al-Andalus no Califado de Córdova, um dos centros de poder do mundo islâmico. O califa expandiu o poder de Al-Andalus, inclusive, para fora da península ibérica, conquistando territórios no Magreb (norte da África), como Melilla e Ceuta, que, até hoje, pertencem à Espanha.
Essa centralização de poder não perdurou por muito tempo, sendo Al-Andalus, já no século XI, dividida nos reinos de taifas.
"Assim, foram não só os interesses da dinastia, mas também a identidade separada dos andaluzes que se manifestaram na adoção do título de califa por 'Abd al-Rahman III (912-61). Seu reinado assinala o auge do poder independente dos omíadas da Espanha. Pouco depois, no século XI, esse reinado ia dividir-se em vários menores, governados por dinastias árabes ou berberes (os 'reis de partido' ou 'reis de facção', muluk al-tawa'if [taifas]), por um processo semelhante àquele que ocorria no Impérito Abácida." (pág. 61) - "Uma história dos povos árabes", de Albert Hourani, tradução de Marcos Santarrita, Companhia das Letras, São Paulo, 1994.
"Al-Andalus ressurgiu de suas cinzas pouco depois graças à figura de Abd Al-Rahman III (912-961). Com seu trabalho, Córdova passou do nada mais absoluto a um esplendor mais resplandecente que nunca. Rodeado de um exército mercenário formado por escravos europeus, Abd Al-Rahman III atraiu uma parte importante dos magnatas indecisos, obrigando-os a prestar-lhe juramento. Com esses apoios, um crescimento econômico autossustentado e a favorável conjuntura internacional subsequente ao fim do Império Carolíngio, o novo emir pode dedicar-se a combater focos rebeldes que atazanavam Al-Andalus (....).
"(...). Mas seu triunfo mais espetacular chegou em 929 com a proclamação do califado, em um claro sinal da superioridade militar do Estado Omíada em Al-Andalus e fora dele. Abd Al-Rahman III separava Al-Andalus de qualquer dependência com o resto do Islã, decisão que utilizou eficazmente como um instrumento ideológico em sua luta contra o califado herege do Magreb, que haviam organizado os fatímidas por esses anos.
"(...) após a morte de Ramiro II [Rei das Astúrias e de Leão], o califa de Córdova intervirá cada vez mais nas querelas internas de leoneses, navarros e castelhanos. Os fios da política cristã se moverão a partir de Córdova como revelam as frequentes embaixadas mandadas à capital califal pelos reis cristãos e, sobretudo, o reconhecimento de sua condição de vassalos do califa por meio do pagamento de um tributo anual.
"O poderio do Estado cordovês se reforçou com a presença omíada no norte da África. Episódios destacados nesta penetração no Magreb foram a ocupação de Melilla (927) e, sobretudo, de Ceuta, ponto que servia para garantir o tráfico de produtos norte-africanos e neutralizar um presumível desembarque dos fatímidas, uma seita heterodoxa instalada em Túnis, cujo expansionismo ameaçava nesse anos as próprias intenções de Abd Al-Rahman. (...)." (tradução livre do espanhol - págs. 80/82) - "Historia de España - de Tartessos al Siglo XXI", de José A. Nieto Sánchez, Editorial libsa, Madrid, 2008.
"Os dotes políticos de Abderramán III [Abd Al-Rahman III] se evidenciaram quando com 21 anos sucedeu no trono seu avô Abdallah. Ameaçado pelo reino cristão de Astúrias no norte e os fatímidas na atual Túnis, unificou o território no ano 937. Pouco depois, freou as incursões cristãs até que caiu derrotado diante de Ramiro II das Astúrias. À morte deste (950), Abderramán impôs sua soberania aos reis de Leão e Navarra, e aos condes de Barcelona e Castela, que haviam de render-lhe tributo anual. Já em 929 a ameaça fatímida motivou que Abderramán III se atribuísse os títulos de califa, príncipe dos crentes e defensor da religião. (...) Conquistou Melilla, Tânger e Ceuta e, após a pacificação do território, cuidou para o desenvolvimento econômico, artístico e cultural do reino (...)." (tradução livre do espanhol - pág. 45) "Historia de España", de María Pilar Queralt del Hierro, Susaeta Ediciones S.A., Tikal Ediciones, Madrid, 2006.
Mas, aos poucos, este território vai sendo reduzido ao longo dos séculos pelas conquistas empreendidas pelos reinos cristãos do norte, até que, em 1492, no reinado de Fernando e Isabel, os Reis Católicos, caiu o último reduto muçulmano na Espanha: Granada.
Córdova
Como já explanado acima, Córdova foi fundada pelos romanos em 196 a.c. e serviu de capital da província romana de Baetica.
Um dos mais importantes vestígios do período romano em Córdova é um templo com a construção iniciada no governo de Claudio (41-54) e terminado cerca de 40 anos depois, no reinado do Imperador Domiciano (81-96).

Templo Romano de Córdoba, com colunas de mármore da ordem coríntia (capitéis com folhas de acanto curvadas). Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.
Após a ocupação muçulmana da península ibérica, Córdova foi escolhida, em 756, para capital do Emirado Omíada, e, a partir de 929, sede do Califado de mesmo nome. Mas, em 1236, Fernando III de Castela, o Santo, a conquistou.
Na nossa opinião, o edifício mais emblemático de Córdova é sua mesquita - Mezquita de Córdoba -, que teve sua construção iniciada em 785 por determinação do emir Abd al-Rahman I, o príncipe omíada fugido da Síria.
O professor de Oxford e escritor inglês Albert Hourani, no seu livro "Uma história dos povos árabes", observou que no final do século VII, quando da consolidação da religião islâmica no Oriente Próximo, começou-se a erguer um grande edifício religioso muçulmano, como forma de rivalizar e de se impor sobre as outras duas religiões monoteístas da região, o judaísmo e o cristianismo: na década de 690, sob o governo do Califado de Damasco, no lugar do Templo de Salomão, em Jerusalém, foi construído o Domo da Rocha. Em seguida, na esteira dessa obra, espalharam-se templos islâmicos desse porte pelas grandes cidades do mundo muçulmano:
"Pouco depois, teve início a construção de uma série de grandes mesquitas, destinadas a satisfazer às necessidades da prece ritual: em Damasco e Alepo, Medina e Jerusalém, e mais tarde em Kairuan, o primeiro centro árabe no Magreb [norte da África], e em Córdoba, capital árabe da Espanha. Todas mostram o mesmo desenho básico. Um pátio aberto conduz a um espaço coberto, disposto de tal modo que longas filas de fiéis, chefiados por um puxador da reza (imã), se voltam para Meca. Um santuário (mihrab) assinala a direção na qual eles se voltam, e perto dele há um púlpito (minbar), onde se prega um sermão durante a prece do meio-dia da sexta-feira. Ligado ao prédio ou junto a ele, há um miranete, do qual o muezim (mu'adhdhin), convoca os fiéis à prece nas horas apropriadas." (págs. 46/47) - "Uma história dos povos árabes", de Albert Hourani, tradução de Marcos Santarrita, Companhia das Letras, São Paulo, 1994.
Segundo a opinião de alguns estudiosos, a mesquita foi erguida no local onde ficava uma igreja cristã do período visigodo.
A mesquita foi construída em várias etapas, cada uma acrescentando mais área ao edifício, ao ponto de chegar a ser a segunda maior mesquita do mundo, com mais de 23 mil metros quadrados, atrás apenas da de Meca. Esse posto foi perdido em 1588, com a construção da Mesquita Azul, em Istambul.
A mesquita é dividida, basicamente, em um pátio de abluções (sahn), ao norte, e uma sala de orações (haram), ao sul. O pátio é utilizado para descanso e para as abluções (rituais de limpeza), feitas em uma fonte antes de iniciar as orações. A sala de orações tinha que ser grande o suficiente para abrigar toda a população muçulmana masculina da cidade. Ao sul da sala de orações fica a parede qibla, que é como é chamada a direção geral de Meca, e, nela, foi instalado o mihrab, o nicho que indica a direção de Meca, para qual os fiéis devem se curvar durante as orações.
Após a conquista de Córdova por Castela, o edifício passou, ainda em 1236, a ser utilizado como catedral cristã, dedicada à Virgem Maria. Posteriormente, foram realizadas, ao longo de séculos, alterações na estrutura para adaptá-la a um templo católico. O que nos mais impressionou é que, a partir de 1523, passou a se erguer uma alta nave central, estilo renascentista, cuja cúpula se destaca no teto de altura mais uniforme do antigo prédio, quase no centro da sala de orações, sendo que, em grande parte dela não há paredes, dando a impressão que a catedral com suas capelas estão integradas na parte inferior à sala de orações da antiga mesquita, com seus aproximadamente 850 pilares, feitos de jaspe, mármore e granito, e arcos bicolores. Muitos desses pilares ou colunas, segundo alguns especialistas, foram aproveitados de construções romanas e visigodas anteriores, mas outros já foram capitéis realizados pelos islâmicos, evoluídos dos romanos.
O minarete da mesquita de cerca de 47 metros de altura, que ficava na parede norte da mesquita, foi parcialmente destruído, por volta de 1593, e sobre suas bases foi erguido um campanário do templo cristão, desenhado pelo arquiteto Hernán Ruiz III, com 54 metros, em estilo renascentista.
O pátio de abluções também foi reformulado, passando a ter duas fontes: a Fuente de Santa María, estilo barroco, construída em 1741, e a Fuente del Cinamomo, de 1752. Hoje é conhecido como Patio de los Naranjos, em razão da grande presença de laranjeiras plantadas no espaço.
A Mezquita-catedral de Córdoba foi declarada em 1984 Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Fuente de Santa María, de 1741, formada por uma bacia retangular com quatro pilares artísticos em seus cantos, cada um com uma bica, realizados por Tomás Jerónimo de Pedrajas; na época da ocupação muçulmana, quando o lugar servia de pátio das abluções (sahn), os fiéis islâmicos se lavavam em uma fonte anterior antes de ingressar nas sala de orações (haram); Patio de los Naranjos, que substituiu o pátio de abluções, tem esse nome pelas várias laranjeiras existentes no local; inclusive, pode-se observar na fotografia acima uma laranja na árvore à esquerda, mas também são vistas no pátio palmeiras e ciprestes. Mezquita de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

Campanário da Mezquita-Catedral de Córdoba, a partir do Patio de los Naranjos; foi construído sobre a base do antigo minarete islâmico, que era conhecido também por alminar de la Aljama; na parte inferior, à esquerda, vê-se a Puerta del Perdón, construída por volta de 1377, em estilo mudéjar, com dois arcos de ferradura, um dando para a rua e o outro para o pátio. Mezquita de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

Puerta de las Palmas, único arco de ferradura islâmico que restou aberto para ligar o pátio de abluções (atual Patio de los Naranjos) à sala de orações; os outros 16 arcos foram fechados depois da ocupação cristã; sobre o arco, por volta de 1533, foram acrescentados ornamentos em estilo plateresco (renascimento próprio da Espanha) realizados por Hernán Ruiz I. Mezquita de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

Os famosos arcos e colunas da Mezquita de Córdoba; são aproximadamente 850 colunas arrematadas por dois arcos: o inferior de ferradura; e o superior de meio ponto; a dupla arcada foi uma inovação estrutural que permitiu o teto mais alto; os arcos são formados por aduelas (blocos em cunha da zona curva), nas cores vermelha e branca, que foram inspiradas nas do Domo da Rocha, em Jerusalém. Mezquita de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

As colunas e os arcos da Mezquita-Catedral de Córdoba, sala de orações (haram). Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

Mihrab de la Mezquita de Córdoba; o mihrab aqui não é simplesmente um nicho; é um espaço de projeção, uma pequena sala de planta octogonal sob uma cúpula em forma de concha de vieira; no seu interior, o rodapé de mármore é percorrido por uma sura corânica (capítulo do Alcorão) e uma inscrição relativa aos artífices da obra; na parte superior, há 6 (seis) arquinhos cegos trilobulados (três lóbulos), rodeados por uma decoração arabesca (adornos de figuras geométricas e vegetais), dos quais dois podem ser vistos nesta fotografia; o portal é estruturado por um arco de ferradura peraltado, cujas aduelas possuem uma decoração de mosaicos bizantinos de forma geométrica e vegetal; também são de mosaicos as inscrições que reproduzem os versículos do Alcorão. Mezquita de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

Puerta de San Juan, século X, uma das portas da fachada leste da mesquita; recebe o nome em razão da capela de São João Batista, que está no outro lado da porta; foi restaurada em 1913 pelo arquiteto Ricardo Valázquez Bosco. Mezquita-Catedral de Córdoba, Córdova, Andaluzia, Espanha.
Alguns estudiosos defendem que a mesquita fundacional, iniciada pelo emir Abd Al-Rahman I, foi construída sobre as bases da Basílica Visigoda de San Vicente. As ruínas do complexo arquitetônico de San Vicente, segundo os defensores dessa versão, foram localizadas, em 1930, por Félix Hernández, na época, arquiteto conservador do edifício. No subsolo, foi encontrado um compartimento retangular que se comunica com a nave central de uma basílica, bem como restos da construção de uma abside e de uma pia batismal.

Piso em mosaico da Basílica Visigoda de San Vicente, encontrado no subsolo da Mezquita de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.
No início do uso do edifício como templo cristão, os ofícios religiosos eram realizados aproveitando o espaço do antigo oratório muçulmano. A primeira grande obra cristã ocorreu por iniciativa do bispo Iñigo Manrique, entre 1486 e1496, com a construção de uma grande nave gótica, de planta basilical cuja sustentação se faz por meio de pilares e arcos ogivais, e sua cobertura é uma armadura de madeira de duas águas. É conhecida como Capilla de Villaviciosa.

Capilla de Villaviciosa, Mezquita-Catedral de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.
Somente em 1523 são iniciadas as estruturas, sob a responsabilidade do mestre Hernán Ruiz I, no seio da sala de orações islâmica, que configurarão uma catedral cristã: Capela Maior, Cruzeiro e Coro.

O retábulo da Capela Maior, uma imponente peça de mármore, projetada por Alonso Matías e completada por Juan de Aranda Salazar, erguida entre 1618 e 1628; as cinco pinturas foram realizadas por Antonio Palomino, em 1713: da esquerda para direita, as inferiores: São Acisclo e Santa Vitória; na parte superior, a Assunção da Virgem, ladeada pela pinturas de São Pelagio e Santa Flora. Mezquita-Catedral de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

O Coro, cujo conjunto de assentos é um dos mais notáveis da Espanha, foi desenhado e talhado pelo escultor Pedro Duque Cornejo, entre 1748 e 1757; são cinquenta lugares dispostos em dois níveis; no centro do coro está a cadeira episcopal, elevada em degraus fechados com grades de bronze; formada por três cadeiras na parte baixa, adornadas por medalhões com motivos religiosos; nas laterais, as imagens de Santa Maria Madalena e Santa Teresa, e, no centro, uma belíssima Ascenção de Cristo aos Céus; o conjunto é arrematado por uma imagem de São Rafael, padroeiro de Córdova. Mezquita-Catedral de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

Virgen de los Faroles, um altar construído na parte exterior do muro norte da mesquita; apresenta uma réplica da pintura de Nossa Senhora da Assunção, de Julio Romero de Torres, rodeada de 11 faróis. Mezquita-Catedral de Córdoba, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.

A pitoresca Calle Velázquez Bosco, com seus muros pintados de branco e balcões floridos, Córdova, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.
No post seguinte, ainda em Córdova.
Fontes: Wikipedia e "España" Guías Visuales, DK El Pais Aguilar, Octava edición, Santillana Ediciones Generales, S. I. Madrid, 2011.
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