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Santiago - Parte I - Chile - 2010

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 24 de ago. de 2021
  • 16 min de leitura

Atualizado: 2 de out. de 2021


Fotografia da Cordilheira dos Andes com seus picos nevados, tirada a partir do avião que nos levava a Santiago, Chile.


Em 2010, eu e Eunice nos aventuramos a conhecer o Chile. O que nós sabíamos, na época, é que o país tinha a fama de ter a melhor qualidade de vida entre os sul-americanos: na educação, na infraestrutura, na cultura, na segurança pública.


Para isso, partimos de avião de São Paulo para Santiago. Foi emocionante ver a Cordilheira dos Andes do alto, a maior do mundo em extensão, praticamente dividindo o subcontinente sul-americano desde o norte (Venezuela) até o sul (Patagônia). Aliás, é uma das causas do isolamento dos países andinos, trazendo sérias dificuldades geopolíticas à região, como, por exemplo, as relações comerciais com seus vizinhos do leste. São poucas vias terrestres que atravessam essa alta massa geográfica.



Nova tomada da Cordilheira dos Andes com seus picos nevados, tirada a partir do avião que nos levava a Santiago, Chile.


Antes da chegada dos colonizadores espanhóis, a região ocupada atualmente pelo Chile era povoada por grupos ameríndios: no norte, aimaras, atacameños e diaguitas, que sofriam influência dos incas, sendo que, no final do século XV, foram dominados efetivamente pelo Império Inca; no centro, ao sul do rio Aconcagua, mapuches, agricultores e pecuaristas, o principal grupo do país; no sul, nos canais patagônicos, chonos, kawésqar e yaganes, e na estepe patagônica, os povos aónikenk e selknam.


Os espanhóis iniciaram a colonização do Chile com a fundação de Santiago de Nueva Extremadura, no vale do rio Mapocho, em 12 de fevereiro de 1541, pelo fidalgo extremeño Pedro de Valdivia, após atravessar o Deserto de Atacama, por autorização do Governador do Peru, Francisco Pizarro. Valdivia, que se tornou Governador e Capitão-Geral da Capitanía General de Chile, continuou a conquista dos territórios ao sul de Santiago, entrando em confronto com os mapuches, terminando por ser derrotado na Batalha de Tucapel, ocasião em que foi capturado e morto pelos índios.


O enfrentamento entre os colonizadores e indígenas, principalmente os mapuches, se estendeu por cerca de três séculos, com alguns intervalos de paz.


Em razão de sua disposição geográfica, com um deserto ao norte, o Oceano Pacífico a oeste e a Cordilheira dos Andes a leste, a Capitania do Chile manteve-se, no período colonial, praticamente isolada, longe dos grandes centros e das rotas comerciais imperiais, e ligada administrativamente ao Virreinato del Perú, a que abastecia com couro, sebo e trigo.


Após a invasão da Península Ibérica pelas tropas napoleônicas, iniciada em 1807, e com a difusão dos ideais liberais da Revolução Francesa pelo mundo ocidental, começaram os movimentos de independência promovidos pelas colônias espanholas, sendo que no Chile se deu com a instalação da Primera Junta Nacional de Gobierno, em 18 de setembro de 1810, com o protagonismo da aristocracia crioula (descendente de espanhóis nascidos no continente americano). Porém, em 1814, os patriotas chilenos foram derrotados na Batalha de Rancagua pelas tropas do Ejército Real de Chile.


Refugiados em Mendoza (província da atual Argentina), do outro lado da Cordilheira dos Andes, os patriotas chilenos se uniram aos rebeldes do Virreinato del Río de la Plata (atual Argentina), formando o Ejército de los Andes, sob o comando do grande herói militar argentino General San Martín, tendo como Comandante do Quartel General o Brigadeiro Bernardo O'Higgins.


O Ejército de los Andes libertou o Chile após a Batalha de Chacabuco, em 12 de fevereiro de 1817. Sua independência formal foi declarada no primeiro aniversário da batalha (1818), sob o governo do Diretor Supremo Bernardo O'Higgins e confirmada na Batalha de Maipú, em 5 de abril de 1818, pelo Ejército Unido Libertador de Chile.


Após a independência do Chile, aos poucos os chilenos foram ocupando o sul do país, o que gerou vários conflitos com os indígenas da etnia mapuche.


Aproveitando o envolvimento do governo chileno na Guerra do Pacífico, os mapuches fizeram a última rebelião em 1880; mas, após a vitória do Chile sobre a coalização Peru-Bolívia, o governo realizou um grande esforço militar, dirigido pelo General Cornelio Saavedra e liderado pelo Coronel Gregório Urrutia, com várias escaramuças contra as comunidades indígenas rebeldes, resultando na morte de milhares de nativos e a submissão definitiva dessas comunidades, em 1883, marcando o fim do processo de domínio do atual território do Chile.


Santiago


Como já exposto acima, Santiago de Nueva Extremadura, cujo nome se deve ao Apóstolo Santiago, padroeiro da Espanha, foi fundada pelo conquistador Pedro de Valdivia, no dia 12 de fevereiro de 1541, no Cerro Huelén, logo rebatizado Cerro Santa Lucía por Valdivia.


No dia da nossa chegada à cidade, Eunice quis provar um lanche muito famoso na capital chilena, que estava sendo vendido no Passeo Huéfanos, centro da cidade: o Mote con Huesillo, composto de mote de trigo (grão de trigo fervido e descascado) e pêssegos desidratados.



Degustando um Mote con Huesillo (mote de trigo - grão de trigo fervido e descascado - e pêssegos desidratados), Passeo Huéfanos, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


Com a fundação da cidade, traçou-se, como era comum nas aglomerações urbanas de influência espanhola, uma grade ou um tabuleiro de damas, sendo a Plaza de Armas ou Plaza Mayor normalmente o seu centro, em torno da qual se erguiam os principais edifícios administrativos e religioso.


Em 1825, a praça passou a chamar-se Plaza de la Independencia, nome que manteve no século XIX, mas, posteriormente, caiu em desuso, voltando a denominar-se Plaza de Armas.


No seu entorno, ergueram-se, dentre outros edifícios, a Catedral Metropolitana de Santiago, a Iglesia del Sagrario, o Correo Central de Santiago, o Museo Histórico Nacional e a Illustre Municipalidad de Santiago.



Mapa de Santiago em 1552, no qual se observa o traçado de tabuleiro de damas tendo no centro a Plaza Mayor ou Plaza de Armas.

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f7/Mapa_Santiago_en_1552.jpg/360px-Mapa_Santiago_en_1552.jpg


Na época em que visitamos Santiago, no pórtico do prédio localizado no sul da Plaza de Armas havia algumas lanchonetes que comercializavam "pratos feitos", nos dando a impressão de que a refeição mais popular entre os santiaguinos é o pollo frito (frango frito), normalmente acompanhado de arroz e batatas.


No nordeste da praça, está instalada uma estátua equestre do fundador da cidade, Pedro de Valdivia. Obra do escultor espanhol Enrique Pérez Comendador, foi inaugurada originalmente no acesso norte do Cerro Santa Lucía, em 1963, e transladada ao local atual em 1966.



Monumento equestre de Pedro de Valdivia, segurando a ata de fundação da capital. Plaza de Armas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.



Plaza de Armas, vendo-se, à esquerda, parte da fachada da Catedral Metropolitana, ao centro, o Correo Central e, à direita, Museo Histórico Nacional. Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


O primeiro edifício da Catedral Metropolitana de Santiago foi erguido entre 1566 e 1600, porém em 1647, um terremoto destruiu quase toda a cidade, inclusive o templo religioso. Após a realização de várias obras de reconstrução, voltou a catedral a ser destruída no tremor de terra de Valparaíso, em 1730.


Em razão dos danos quase irreparáveis, o bispo Juan González Melgarejo resolveu, em 1746, reconstruir o templo em sua totalidade. A obra foi iniciada em 1748, mas em 1769, foi atingida por um incêndio. Assim, somente em 1775, uma parte do novo templo foi habilitada e, em 1779, assumiu a direção da obra o arquiteto italiano Joaquín Toesca, que deu a feição

neoclássica das fachadas da catedral e da Iglesia del Sagrario, contígua ao edifício catedralício, com o emprego de colunas, pilastras com nervuras e frontões circulares para coroar as portas de acesso, arrematadas por arcos de meio ponto.


No final do século XIX, o Arcebispo Mariano Casanova contratou o arquiteto italiano Ignacio Cremonesi para realizar uma série de modificações, iniciada em 1898, que deixou a Catedral com o aspecto atual. Inspirado no estilo toscano ou romano, o italiano agregou duas torres à fachada da igreja, utilizando aço e concreto armado, tendo sido o templo consagrado em 1909.


Nas criptas cíveis, atrás do altar-maior antigo, estão depositados os restos mortais do ex-presidente do Chile José Tomás Ovalle e o ex-ministro de Estado e um dos responsáveis pela consolidação do Estado Chileno Diego Portales.


Fachadas da Parroquia El Sagrario (Iglesia del Sagrario), à esquerda, e da Catedral Metropolitana de Santiago, à direita; compondo o Conjunto Arquitetônico da Catedral. Plaza de Armas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.



Catedral Metropolitana de Santiago; parte inferior com desenho em estilo neoclássico de Joaquín Toesca, na qual se veem as pilastras com nervuras, as colunas nas laterais das portas, estas arrematadas por arcos de meio ponto (os frontões inicialmente circulares, foram substituídos, nas portas laterais, por frontões triangulares partidos, e na central por frontão triangular, na reforma promovida por Cremonesi); os frontões superiores e as duas torres, com detalhes renascentistas, foram acrescentadas por Cremonesi, entre o final do século XIX e início do XX. Plaza de Armas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


O atual prédio do Correo Central de Santiago foi construído no local onde existia o Palacio de los Gobernadores.


O Palacio de los Gobernadores foi erguido, na Plaza de Armas, no começo do século XVIII, tendo sido concluído em 1715. Após o estabelecimento da República, em 1820, tornou-se Palacio Presidencial. A residência presidencial foi transferida para o Palacio de La Moneda em 1846.


Em 1881, o antigo edifício dos Palacio de los Gobernadores ficou muito danificado após um incêndio, o que levou à construção do imóvel dos Correios, aproveitando algumas bases e paredes do palácio, obra que foi iniciada em 1882, tendo como arquiteto Ricardo Brown, que o desenhou em estilo neoclássico. Sua aparência era muito diferente da atual, com dois andares, a fachada lisa, o frontão triangular e duas colunas em cada lado do pórtico.


A partir de 1908, o arquiteto Ramón Feherman ficou encarregado de realizar uma reforma na fachada do prédio do Correo, tendo alterado a parte exterior do edifício, que passou a apresentar elementos em estilos renascentista e neoclássico de influência francesa, acrescentando mais um andar, uma cúpula negra, mansarda e um teto de vidro suportado por estruturas metálicas.


Hoje funciona nele escritórios dos Correios e o Museo Postal y Telegráfico.



Correo Central de Santiago, que sofreu modificações em sua fachada principal, em 1908, segundo os cânones do neoclássico francês: um acesso de dupla altura flanqueado por duas colunas e quatro pilastras coríntias simplificadas; janelas com arcos de meio ponto, no primeiro andar, e retangulares no segundo; no terceiro andar, uma cúpula negra com mansarda à maneira do renascimento francês. Plaza de Armas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


O Museo Histórico Nacional foi instalado, em 1982, no prédio do antigo Palacio de la Real Audiencia.


Em 1609, a Real Audiencia (o correspondente ao Superior Tribunal de Justiça, na época colonial) passou a funcionar em dois edifícios na Plaza de Armas, porém, após os terremotos de 1647 e 1730, os prédios ficaram praticamente destruídos.


Em 1804, iniciaram-se as obras da construção do novo Palacio de la Real Audiência, em estilo neoclássico, sob a responsabilidade do arquiteto e engenheiro Juan José de Goycolea y Zañartu, tendo sido inaugurado em 1808.


Após o início de movimento de independência do Chile, o prédio sediou o Primero Congreso Nacional, em 1811, a Casa de Gobierno, no período revolucionário de 1812 a 1814, voltou a ser Real Audiencia, com a restauração da autoridade espanhola, entre 1814 e 1817, e, após a Batalha de Chacabuco, em fevereiro de 1817, abrigou, excepcionalmente, o Cabildo de Santiago, que escolheu Bernardo O'Higgins como Diretor Supremo de Chile.


O prédio, então, foi utilizado como Casa de Gobierno, junto com Palacio Presidencial (atual Correo Central), até a sua transferência para o Palacio de La Moneda, em 1846. Na sequência, foi instalada no lugar a Intendencia de Santiago, entre 1847 a 1929, e, depois escritório de Correos y Telégrafos até 1978.


Já o Museo Histórico Nacional foi criado em 1911, por decreto do então presidente da República Ramón Barros Luco. Não tinha instalações próprias, ocupando partes do Palacio de Bellas Artes e, depois, da Biblioteca Nacional. Somente com a desocupação do prédio da Real Audiencia, em 1978, idealizou-se a sua instalação no local, mas foi necessário restaurá-lo, tendo sido inaugurado o Museo, no edifício do antigo Palacio de la Real Audiencia, somente em setembro de 1982.


A torre do palácio é chamada Benjamín Vicuña Mackenna, e, na última reforma realizada no século XIX, foi instalado um relógio importado da Inglaterra. O mecanismo tem quatro faces (esferas), coordenadas por engrenagens que se movem sincronizadamente, e uns carrilhões de sinos que soavam a cada 15 minutos, mas foram desativados por solicitação do então presidente Jorge Alessandri, que residia próximo e não conseguia dormir por causa do barulho.


O Museo Histórico nos surpreendeu muito positivamente. Para nós, um dos museus que tivemos a oportunidade de visitar mais organizados e de fácil entendimento, haja vista que o percurso é apresentado na ordem cronológica e de uma maneira muito didática. Na época que visitamos, havia uma exposição de leques históricos, abanicos em espanhol.



Museo Histórico Nacional (antigo Palacio de la Real Audiencia), estilo neoclássico, prédio terminado em 1808; em destaque, a torre do relógio, com quatro esferas. Plaza de Armas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.




Pátio interno do Museo Histórico Nacional, vendo-se um locomóvel agrícola (locomotiva de estrada a vapor) Marshall (final do XIX). Plaza de Armas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


O Palacio Consistorial de la Municipalidad de Santiago, sede da Ilustre Municipalidad de Santiago (correspondente à prefeitura municipal), planejado pelo arquiteto italiano Joaquín Toesca, foi erguido no final do século XVIII, na Plaza de Armas, no lugar onde funcionavam o Cabildo e o cárcere público. Nele exercem suas funções o alcalde (prefeito) e o Concejo Municipal.


Na frente do edifício se destaca o escudo de armas da cidade, presenteado pelo Rei Carlos I da Espanha (Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico) em 1552, como sinal da consolidação da cidade.


Após o incêndio do prédio, em 1891, este foi reconstruído pelo arquiteto Eugène Joannon e inaugurado em 1895, sendo declarado sede da administração da comuna



Palacio Consistorial de la Municipalidad de Santiago (sede da Ilustre Municipalidad de Santiago), reconstruído em 1895, a fachada guarda uma modulação neoclássica, com arcos de meio ponto, no térreo, e um balcão corrido e janelas retangulares, ladeadas com pilastras e arrematadas por frontões triangulares, no andar superior. Antes, havia no eixo do pórtico uma torre, mas a reconstrução lhe deu uma marca neoclássica com elementos do renascimento italiano. Plaza de Armas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


Nas proximidades da Plaza de Armas, esquina das calles Santo Domingo y 21 de mayo, nós nos deparamos com a Iglesia de Santo Domingo.


A ordem dos pregadores (dominicanos) foi a terceira ordem religiosa católica a se instalar no Chile, depois dos mercedários e franciscanos.


Sua casa religiosa foi fundada entre 1557 e 1567, mas os edifícios da ordem foram destruídos pelo terremotos de 1595, 1647 e 1730.


O atual templo começou a ser construído a partir de 1747, projetado pelo mestre de obras Juan de los Santos Vasconcellos, com mão de obra de pedreiros portugueses. Foi inaugurado em 1771, mas sofreu intervenções do arquiteto italiano Joaquín Toesca entre 1795 e 1796. Mas as obras somente foram finalizadas em 1808, com o levantamento das duas torres da fachada principal.



Iglesia de Santo Domingo, em estilo neoclássico com elementos neobarrocos; sua fachada principal, na parte inferior, apresenta três portas de arco de meio ponto, e na superior, três vãos, o central em forma retangular e os dois laterais em forma dodecagonal; entre esses elementos, têm-se várias molduras e pilastras, com quatro esculturas em nichos, as duas superiores representando os dominicanos São Pio V e São Tomás de Aquino, e as inferiores, as dominicanas Santa Catarina de Sena e Santa Rosa de Lima; sobre tudo isso, a inscrição em latim Haec est domus Domini firmiter aedoficata. Anno Dom 1808 (Esta é a casa do Senhor solidamente edificada. Ano do Senhor 1808); no ático há mais três esculturas, representando, nas pontas, São Domingos de Gusmão e São Francisco de Assis, e, no centro, Nossa Senhora do Rosário (a que aparece cortada na fotografia); arrematando o conjunto, duas torres. Esquina das calles Santo Domingo y 21 de mayo, centro, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


Também nas proximidades da Plaza de Armas, esquina das calles Mac-Iver e Merced, encontra-se outro templo católico, a Basílica de la Merced.


O padre mercedário Antonio Correa, chegou ao Chile vindo do Peru, acompanhando o retorno do fidalgo Pedro de Valdivia, em 1548. No ano seguinte, com a chegada dos padres Antonio de Olmedo e Miguel de Benavente, os mercedários montaram sua sede na Ermida do Socorro, então localizada no lado sul da atual Avenida Libertador General Bernardo O'Higgins. Porém, em razão de esses religiosos terem acompanhado Pedro de Valdivia no seu avanço em direção ao sul, visando à conquista de Araucanía, o terreno dos mercedários foi ocupado pelos franciscanos.


Para acomodar os mercedários, desalojados pelos franciscanos, Juan Fernández de Alderete, um dos fundadores de Santiago, lhes doou um terreno entre as calles Miraflores, Huérfanos y Merced, lugar em que foram construídos o convento e a igreja, na segunda metade do século XVI, porém estes e o conjunto que os sucedeu foram destruídos pelos terremotos de 1647 e 1730, respectivamente.


Aproveitando-se partes das paredes da igreja anterior, ergueu-se, a partir de 1735, a Basílica de la Merced, obra dos padres Alonso Rosas e Alonso de Covarrubias, concluída em 1760.


Por ser uma das igrejas mais importantes da época, as famílias ricas decidiram inumar seus falecidos nela, sendo possível ainda encontrar as tumbas de Rodrigo de Queiroga e sua mulher Inés de Suárez, de Mateo de Toro Zambrano e do Conde de Quinta Alegre.


A basílica mantém em seu interior a segunda imagem católica mais antiga do país, a Virgen de la Merced, trazida ao Chile pelo padre Antonio Correa, em 1548.




Belíssima fachada da Basílica de la Merced (1735 e 1760), em estilo neoclássico, com as cores do escudo mercedário: o vermelho, representando o sangue (símbolo da inocência e da pureza) e o amarelo, representando o ouro (símbolo da nobreza); a porta principal, sobre a qual se vê uma rosácea, é acolhida por um pórtico composto por duas colunas e duas pilastras coríntias de cada lado, arrematado por um frontão triangular; as torres foram erguidas a primeira em 1859 e a segunda em 1885. Esquina das calles Mac-Iver e Merced, centro, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


O prédio original do Municipal de Santiago - Ópera Nacional de Chile, localizado na calle Agustinas 794, foi projetado pelo arquiteto francês Francisco Brunet des Baines, no estilo neoclássico francês, e inaugurado em 1857 com a ópera Ernani, de Verdi.


Após o incêndio ocorrido em 1870, foi reconstruído por um grupo de arquitetos liderados pelo francês Lucien Hénault e reinaugurado em 1873, porém, em 1906, foi danificado por um terremoto, vindo a ser reparado pelo arquiteto francês Emilio Doyère, que lhe deu, de forma geral, o aspecto atual.



Teatro Municipal de Santiago - Ópera Nacional de Chile; estilo neoclássico francês. Calle Agustinas 794, centro, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


O prédio conhecido como Palacio Subercaseaux, localizado na calle Agustinas 741-743, se trata na verdade de três residências contíguas mandadas edificar pelo rico banqueiro e empresário salitreiro Francisco Subercaseaux Vicuña, que contratou o arquiteto Miguel Ángel de la Cruz Labarca para construir, em 1901, duas casas para seus filhos, mas gostou tanto do resultado que decidiu erguer, a partir de 1903, um palácio para ele e sua esposa, Juana Browne, uma notável pianista, na frente do Municipal de Santiago.


O palácio apresenta em sua fachada e espaços interiores o ornamentado estilo Luís XV, acentuado mais ainda pelas molduras douradas, mármores, parquet, espelhos, vitrais, chaminés e ferrarias belgas.


Eram famosas as recepções organizadas no piano por Juana Browne e os refinados banquetes oferecidos pelo senhor Subercaseaux com pratos preparados por seus cozinheiros franceses.


O palácio está muito bem conservado e atualmente é a sede do Club de Oficiales de la Fuerza Aérea de Chile.



Palacio Subercaseaux, uma edificação de fachada contínua, construída em alvenaria, inspirada nos estilos Luís XV e Luís XVI, com dois andares, sendo que o segundo possui sacadas com balcões de ferro, mais um andar zócalo e uma mansarda; e, à esquerda, Fuente de los niños obra do escultor argentino Arturo Dresco. Calle Agustinas 741-743, centro, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


A Sociedad Nacional de Agricultura foi fundada em 18 de março de 1838 e reúne a grande parte dos produtores profissionais, associações e federações ligadas à agricultura e agroindústria chilenas. Sua sede fica localizada no callejón Tenderini, 187.



À direita, Sociedad Nacional de Agricultura e, à esquerda, parte do Palacio Supercaseaux, centro, Calle Agustinas, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


A Biblioteca Nacional de Chile foi fundada em 19 de agosto de 1813 pela Junta de Gobierno, por meio de uma proclamação firmada por Francisco Antonio Perez, Agustín Manuel Eyzaguirre e Juan Egaña.


Uma das primeiras missões da Biblioteca Nacional foi receber a doação de livros que os residentes de Santiago e de cidades vizinhas começaram a efetivar. A tarefa foi interrompida pelos acontecimentos resultantes da derrota de Rancagua, com o restabelecimento do poder colonial, mas foi retomada depois que o Chile foi libertado do jugo espanhol.


O Diretor Supremo Bernardo O'Higgins ajudou na consolidação da biblioteca, determinando a transferência das antigas coleções que haviam pertencido aos jesuítas, que estavam na Universidad de San Felipe, e nomeando diretor da instituição Manuel de Sales.


A Biblioteca Nacional funcionou inicialmente em uma das dependências da Universidad de San Felipe, no local onde, posteriormente foi edificado o Teatro Municipal.


Após passar por outros edifícios, finalmente o Consejo de Obras Públicas aprovou o projeto do arquiteto Gustavo Garcia del Postigo para edificar o atual prédio da instituição. A primeira pedra foi colocada em 23 de agosto de 1913, em homenagem ao centenário de sua fundação, com auxílio do então presidente da República Dom Ramón Barros Luco, no local onde funcionara o Mosteiro de Santa Clara, que foi demolido para isso. O edifício principal foi concluído em 1925, ano em que a Biblioteca Nacional foi transladada para sua atual localização.


O edifício é de estilo neoclássico, de forma acadêmica, em voga no começo do século XX entre a construção monumental. Na fachada principal, colunas de dupla altura separam as janelas que iluminam as salas deste corpo.



Entrada da Biblioteca Nacional de Chile (1925), estilo neoclássico, Avenida Libertador Bernardo O'Higgins, 651, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.



Salón Bicentenario, Biblioteca Nacional de Chile, Avenida Libertador Bernardo O'Higgins 651, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


Os cinco primeiros religiosos franciscanos, os frades Martín de Robleda, superior, Juan de Torralba, Cristóbal de Rabaneda, Juan de la Torre e o irmão leigo Francisco de Frejena, chegaram ao Chile em 1553 e ocuparam inicialmente a Ermida de Santa Lucía.


A Iglesia y Convento Mayor de San Francisco foram erguidos no lugar onde existia a Ermita de Socorro, atualmente no lado sul da Avenida Libertador Bernardo O'Higgins.


Essa ermida foi criada para abrigar a imagem da Virgen del Socorro, trazida pelas tropas comandadas por Pedro de Valdivia, quando da fundação de Santiago. Ocupada inicialmente pela Ordem da Mercê, a ermida, em razão de os religiosos dessa ordem terem acompanhado Valdivia em seu esforço de ocupar as terras ao sul de Santiago, terminou por ser cedida à Ordem Franciscana, em 1554, que nunca mais deixou o lugar.


Em 1572, os franciscanos iniciaram a construção de seu templo de adobe, mas, em 1583, este foi destruído por um forte tremor de terra. Nova igreja foi levantada com paredes de pedras toscas, sendo consagrada em 1618.


Também se deu início às obras do convento anexo, composto de dois claustros, sendo o primeiro concluído em 1628, porém, novo tremor de terra, ocorrido em 1647, provocou graves danos no edifícios, causando a queda da torre e dos segundos pisos dos claustros. Reconstruída, a torre foi danada novamente, durante o terremoto de 1730, e mais uma vez, quando do abalo sísmico de 1751, a tal ponto que foi necessária sua demolição em 1754.


Uma terceira torre foi erguida e, em 1758, foi inaugurado o portal principal da igreja, desenhado em pedra silhar (lavrada). Em 1854, a torre foi demolida e, em seu lugar, foi levantada, em 1857, uma torre projetada pelo arquiteto chileno Fermín Vivaceta, com um relógio de quatro esferas (faces).



Nave central e altar-mor da Iglesia de San Francisco (Parroquia San Francisco de Alameda); na nave central se vê ainda, à esquerda, a parede feita de pedras toscas, erguida no período colonial, e parte do teto em artesoado (forro de caixotões), estilo mudéjar, iniciado em 1615; no altar-mor, no centro, a imagem napolitana da Virgen del Socorro, padroeira colonial do Chile, trazida por Pedro de Valdivia, à direita, São Domingos de Gusmão, e, à esquerda, São Francisco de Assis. Avenida Libertador Bernardo O'Higgins, 834, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


A Universidad de Chile foi fundada em 19 de novembro de 1842, tendo funcionado, inicialmente no edifício da antiga Real Universidad de San Felipe, estabelecida em 1738.


Um dos fundadores da universidade e seu primeiro reitor foi o humanista venezuelano Andrés Bello.


O atual edifício central da universidade, chamado inicialmente de Palacio Universitario ou Palacio de la Universidad de Chile, teve suas obras iniciadas em março de 1863 e concluídas em 1872, com projeto de arquiteto francês Lucien Ambroise Henault e execução de Fermín Vivaceta.


O prédio é de estilo neoclássico, tendo em vista que este era o predominante na época em que foi projetado e construído, caracterizado pelo retorno à simplicidade e à grandeza serena que se acreditava ver na arte dos gregos da Antiguidade.


Pelas salas da Universidad de Chile passaram os ex-presidentes da República Pedro Montt Montt, Ramón Barros Luco, Arturo Alessandri Palma, Pedro Aguirre Cerda, Jorge Alessandri Rodríguez, Salvador Allende, Eduardo Frei, Ricardo Lagos e Michelle Bachelet, dentre outros; os escritores premiados com Nobel Pablo Neruda e Gabriela Mistral; e os escritores de renome nacional Nicanor Parra, Armando Uribe e José Donoso.



Casa Central da Universidad de Chile (1863-1872), estilo neoclássico; a fachada principal é simétrica, predominantemente horizontal, modulada por um jogo de pilastras e reforçada, no primeiro nível, por uma sucessão de janelas com arcos de meio ponto, e, no segundo, por uma de retangulares; guardado pelo frontão, o escudo representando, no primeiro quartel, a Faculdade de Direito (verde), no segundo, a Faculdade de Medicina (amarelo), no terceiro, Faculdade de Ciências Matemáticas e Físicas (vermelho) e no quarto, a Faculdade de Filosofia e Humanidades (azul), no centro, em prata, o olho do Criador em um triângulo, a Faculdade de Teologia; na frente do prédio, a estátua sentada do primeiro reitor, Andrés Bello, Av. Libertador Bernardo O'Higgins, 1058, Santiago, Région Metropolitana de Santiago, Chile.


No próximo post, continuamos nosso passeio pela linda Santiago.



Fontes:


- Wikipédia;



- https://www.bibliotecanacional.gob.cl/sitio/


- La ruta de los palacios y las grandes casas de santiago, de Fernando Imas Brügmann, Mario Rojas Torrejón e Eugenia Velasco Villafaña - https://www.cultura.gob.cl/wp-content/uploads/2015/10/guia_palacios_web.pdf





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