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Lago di Garda - Bardolino e Peschiera del Garda - Região de Vêneto - Norte da Itália - 2023

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 16 de set.
  • 25 min de leitura
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Villa localizada na Piazza Giuseppe Mazzini, apresentando fachada listrada com cores que parecem ser sépia e laranja. Piazza Giuseppe Mazzini, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Saímos de nosso ponto de apoio, ao norte do Lago di Garda, Riva del Garda, para o sul do grande espelho d'água, Sirmione, passando pelas belas cidades, à margem do lago, de Bardolino e Peschiera del Garda.


1 - Bardolino


Os primeiros assentamentos humanos na região de Bardolino, após descobertas arqueológicas ocorridas na década de 1980, datavam da Idade do Bronze.


Também têm-se achados arqueológicos da época romana, como moedas, pedras memoriais, lápides e esculturas, que indicam a existência, não de povoados, mas, provavelmente, de villas (propriedades isoladas); tudo leva a crer que foram os romanos que introduziram a produção e o consumo de vinhos.


Durante muito tempo Bardolino, como o resto da Itália, foi palco de diversas invasões bárbaras.


Após a queda do Império Romano Ocidental, em 476, os lombardos, a partir de 568, estabeleceram-se e impuseram o seu poder no norte da Itália, inclusive na região de Garda.


Neste contexto, todo o lado veronense do lago foi agrupado numa única realidade administrativa, tendo Garda como capital (um pouco ao norte de Bardolino); esta vila adquiriu tanta importância que deu nome ao lago, substituindo o nome anterior, o de Benàco.


Os lombardos dominaram o norte da Itália até 774, quando foram derrotados pelos francos de Carlos Magno.


Entre os séculos IX e X, o território protegeu-se de invasões e saques com a construção de castelos e fortalezas; o castelo original de Bardolino foi erguido no final do século IX, quando Berengário, rei da Itália e imperador dos romanos (no período anárquico da divisão do Império Franco) permitiu que os habitantes do lago construíssem fortalezas protetoras.


Nos séculos seguintes, o castelo sofreu contínuas alterações, até à época dos Scaligeri, senhores de Verona, altura em que assumiu a configuração que ainda hoje pode ser admirado nos seus restos: na torre, nas portas e no traçado das ruas.


No século XII, Bardolino é lembrada como uma comunidade autônoma; sustentada por estatuto próprio e administrada por uma assembleia de vizinhos, os chefes de família; mas, por volta de 1193, Bardolino seguiu o destino de todas as vilas subordinadas à Fortaleza de Garda, que foram cedidas por Henrique VI, imperador do Sacro Império Romano-Germânico (filho de Frederico Barba-ruiva), ao município de Verona, governado, posteriormente, a partir de 1260, pela família Della Scala.


A constituição de uma “corporação” de famílias detentoras de direitos de pesca ao longo da praia municipal remonta a 1222; foi precisamente a atividade pesqueira que influenciou a estrutura da vila, que assumiu a forma típica de uma vila piscatória: em forma de pente, ou seja, as casas foram construídas uma atrás da outra a partir da primeira que fica na praia; desta forma, foram criados caminhos perpendiculares à costa, o que permitiu rebocar facilmente os barcos em frente à casa.


Posteriormente, Bardolino passou, junto com quase toda a região de Verona, em 1388, para o domínio da família Visconti, senhores e futuros duques de Milão, e, de 1405 a 1797, sob o tacão da República Sereníssima de Veneza.


Sob a Sereníssima, Bardolino tornou-se o centro da marinha veneziana no lago e experimentou o seu máximo esplendor graças ao comércio e à construção de magníficos palácios.


Após o curto controle da França revolucionária e napoleônica, iniciado em 1797, Bardolino ficou novamente sob o domínio germânico, desta vez dos austríacos, juntamente com toda a Lombardia-Vêneto.


Em 1848, Bardolino rebelou-se contra as tropas austríacas e sofreu represálias: incêndios, saques e tiroteios prolongaram-se até 1866, ano da sua união com o Reino de Itália.


O território, nesse período, era caracterizado por uma economia predominantemente artesanal, pesqueira e agrícola, esta última caracterizada por produtos de excelência como o azeite e o vinho.


Foi precisamente no século XIX que a produção vinícola da zona começou a ser especificamente reconhecida com o nome “Bardolino”.


A conformação do Bardolino, um anfiteatro inclinado em direção ao lago, rico em rochas e aterros lacustres, tornou ao longo dos séculos os terrenos da zona ideais para o cultivo da vinha.


Estávamos na região em que são feitos os famosos prosecco, mas o vinho produzido em Bardolino, levemente frizante, que leva seu nome, não pode ser classificado assim em razão de não fazer parte dos locais de denominação de origem controlada.




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Vista do Lago de Gardia, no trecho que liga Malcesine a Bardolino. Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Após estacionarmos o veículo, nossa primeira atração em Bardolino foi a Chiesa di San Severo.


Trata-se de uma construção românica, posto que a textura das paredes com pedras irregulares já estava documentada em 1186; uma inscrição datada de 1109 em números romanos, inscrita sobre um capitel interno, indicam que ela foi erguida, na forma atual, no final do século XI e início do século XII sobre um edifício pré-existente que remonta pelo menos ao século IX.


No interior existe uma cripta, que provavelmente se refere a este edifício lombardo pré-existente dos séculos VIII-IX, mas há controvérsia, posto que outros estudos apontam que ela foi construída no século XI.


A igreja foi citada pela primeira vez em 893, ainda na sua primeira edificação, e até o início do século XV foi a igreja paroquial de Bardolino, substituída a partir daí pela Chiesa di San Nicolò e San Severo, no centro da cidade; no século XIX, foi destinada a usos profanos e sofreu profundas alterações.


Apesar dos restauros e renovações radicais, nomeadamente na zona da abside (reconstruída em 1942-43), é um dos edifícios medievais mais interessantes da região do Lago di Garda, tanto pela sequência construtiva como pelo muito importante ciclo de afrescos do século XII; o edifício românico, ladeado por esbelta torre sineira com pilastras angulares, incorpora estruturas da Alta Idade Média (entre os séculos V e X), reconhecíveis externamente na face sul e, internamente, na zona abside.


A fachada de dupla inclinação, remodelada no século XVIII, época a que remonta a "Crucificação" pintada sob o prótiro, apresenta claramente a marca da construção em duas fases: primeiro foi erguido o bloco constituído pelas naves central e sul (datado de finais do século X-início do século XI), posteriormente - já no século XII - foi acrescentada a nave norte.


O interior é dividido por duas fileiras de colunas atarracadas de pedra alternadas com colunas de terracota, encimadas por capitéis elementares e tudo por um teto de traves e caibros de madeira.


Segundo os hagiógrafos, o santo padroeiro Severo era um simples comerciante de lã de Ravena, talvez com família, que tinha ido à igreja para ver quem sucederia ao bispo Marcelino; foi então que uma pomba pousou várias vezes em sua cabeça: a comunidade reconheceu isso como um sinal claro de eleição e o escolheu como seu bispo; sua presença no Concílio de Sardica (discussões sobre os dogmas defendidos pela então ortodoxia e pela heresia ariana) (atual Sófia, capital da Bulgária) em 342-343 parece ser atestada; após sua morte, ele foi sepultado perto de Classe (hoje uma localidade de Ravena), na Basílica construída em seu nome, mas suas relíquias chegaram mais tarde à Alemanha, talvez "furtadas" por um monge.




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A fachada principal da Chiesa di San Severo, estilo românico, erguida, na sua versão mais completa, entre o final do século XI e início do século XII; a fachada, de dupla inclinação, foi alterada no século XVIII, mesma época do afresco da "Crucificação", pintado no tímpano do pequeno pórtiro pênsil (espaço coberto sobre a entrada). Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Fachada norte da Chiesa di San Severo; destaque para o campanário com pilastras angulares. Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Nave central da Chiesa di San Severo; nos seus lados, podemos observar duas fileiras de colunas cilíndricas, algumas de pedra, alternadas com outras de pedra e terracota, que separam a nave principal das laterais; o teto sustentado por traves e caibros de madeira. Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Crucifixo triunfal erguido sobre o presbitério da Chiesa di San Severo; nele vê-se Cristo crucificado tendo, ao lado dele, à esquerda, a Virgem Maria e, à direita, São João Evangelista; nas pontas do crucifixo, as representações dos quatro evangelistas: acima, o Anjo ou o Homem (São Mateus); à esquerda, o Leão (São Marcos); à direita, o Touro (São Lucas); e abaixo, a Águia (São João Evangelista). Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Cripta da Chiesa di San Severo; alguns estudiosos dizem tratar-se de restos da igreja pré-existente, na época dos lombardos, erguida possivelmente no século VIII ou IX; outros afirmam que foi construída quando da reestruturação do edifício, durante o século XI. Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.



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Imagem de San Severo, bispo de Ravena. Chiesa di San Severo, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Borgo Giuseppe Garibaldi; no momento em que circulava na via o trem Explosão de Alegria. Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


A zona deve certamente ter parecido cativante, dada a beleza das paisagens, a rica vegetação, o clima saudável e, por fim, a tranquilidade desfrutada antes de se tornar gradualmente lotada de turistas, o que atraiu aristocratas e pessoas ricas de Veneza e das demais regiões de Vêneto.


Em Bardolino existem treze Villas Venezianas, residências nobres fundadas durante o domínio da República de Veneza entre finais do século XV e o século XIX; além delas, tem outras também muito interessantes.


Hoje estas casas históricas, embora não possam ser visitadas no seu interior, atraem o olhar de quem, ao passear por Bardolino, não pode deixar de admirar a beleza das suas formas e dos exuberantes jardins.




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Bela fachada do edifício ocupado pelo restaurante Il Giardino delle Esperidi (Enoteca com cozinha); na fachada posterior, consta, em algarismos romanos, a possível data da construção do prédio, 1928. Via Goffredo Mameli, 1, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Villa localizada na Piazza Giuseppe Mazzini, apresentando fachada listrada com cores que parecem ser sépia e laranja, bem característica da arquitetura do norte italiano. Piazza Giuseppe Mazzini, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Uma dessas mansões venezianas é a Villa Terzi-Cristanini, erguida no Lungolago Francesco Lenotti, em frente ao Lago di Garda.


Esta casa senhorial é conhecida também como Villa "delle Rose", devido à presença do belo jardim repleto de plantas, sebes e caminhos, que todos podem admirar enquanto caminham à beira do lago, em direção a Garda.


O edifício apresenta elementos góticos como as aberturas de três lancetas e está dividido em várias partes: a fachada principal, voltada para o lago, corresponde à casa principal e é composta por uma fachada simples com janelas de três lancetas e outra com janela gradeada.


No topo, um beiral encimado por ameias em forma de andorinha confere um carácter defensivo ao edifício. No interior existem numerosos afrescos e decorações do século XVIII.




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Villa Terzi-Cristanini, mansão com elementos neogóticos, construída provavelmente no século XVIII; em destaque, no beiral superior, as ameias gibelinas (em forma de andorinha, historicamente de senhores favoráveis ao imperador romano-germânico). Lungolago Francesco Lenotti, 1, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Vista do Parco Villa Carrara Bottagisio, com uma roda gigante instalada. Lungolago Francesco Lenotti, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Na zona portuária podemos admirar um dos restos do antigo Castello di Bardolino, uma torre conhecida como Torre Catullo, cujo nome se deve ao fato de ela estar encostada a um edifício do século XVIII (hoje Hotel Catullo) e inclinada devido ao afundamento do solo.




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Torre Catullo, que fazia parte do antigo Castello di Bardolino, e, ao seu lado, o Palazzo del Municipio (Comune di Bardolino). Piazzetta S. Gervaso, 1, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Porto de Bardolino; na fotografia, vemos abaixo alguns indivíduos da espécie pato-real, com grande dimorfismo sexual: três machos, com cabeça de cor verde iridescente e asas e barriga cinzentas, e duas fêmeas, com uma plumagem castanha salpicada; acima, três cisnes-brancos. Lungolago Francesco Lenotti, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Monumento aos mortos, filhos de Bardolino, das I e II Guerras Mundiais. Piazza Principe Amedeo, Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Ao final, passeamos pela Piazza Giacomo Matteotti, local de lojas e restaurantes, e, ao fundo, a Chiesa dei S.S. Nicolò e Severo, a que se tornou paroquial no século XV, em substituição à Chiesa di San Severo.


A imponente igreja neoclássica de São Nicolau e São Severo, que podemos admirar hoje no centro de Bardolino, na grande praça com vista para o lago, foi construída no século XIX, no local da igreja românica original de São Nicolau, padroeiro dos marinheiros, que datava do século XIII; no século XV, tornou-se igreja paroquial e também foi dedicada a São Severo, já que a igreja de São Severo, até então, era a mais importante de Bardolino.


Externamente, o edifício apresenta uma fachada palladiana (estilo derivado da obra prática e teórica de Andrea Palladio, arquiteto italiano do século XVI), precedida por um monumental pronau neoclássico com um grande frontão triangular sustentado por quatro colunas gigantes e capitéis coríntios.


Uma ampla escadaria eleva a igreja da praça em frente.


A igreja tem planta em cruz latina, com um grande salão retangular, um transepto em cujas extremidades estão o altar de São José, à esquerda, e o altar de Nossa Senhora do Rosário, à direita.




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Piazza Giacomo Matteotti, tendo ao final a fachada principal da Chiesa dei S.S. Nicolò e Severo, estilo neoclássico, erguida no século XIX; em destaque, sua fachada palladiana, precedida do pronau neoclássico com um grande frontão triangular sustentado por quatro colunas gigantes e capitéis coríntios. Bardolino, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Em seguida, rumamos para Peschiera del Garda.


2 - Peschiera del Garda


A região da atual Peschiera sempre foi uma importante passagem, inclusive comercial, desde os tempos pré-históricos, entre os Alpes e o Vale do Pó, o Vêneto e a Lombardia; seu nome atual remonta ao período lombardo, quando a riqueza de peixes das águas levou à mudança do topônimo romano "Arilica" para "Piscaria"; foi governada pelas famílias Scaligeri e Visconti, mas Peschiera del Garda assumiu sua forma urbana característica somente durante a Sereníssima República de Veneza.


Devido à sua posição estratégica, Peschiera foi fortificada pelos romanos, que a chamavam de Arilica, que iniciaram sua presença provavelmente no século II ou I a.C, tornando-se um importante centro estratégico e comercial: abrigava uma companhia de navegação que fornecia transporte para a parte norte do Lago di Garda e ao longo do rio Mincio.


No final do século VII, com a chegada dos lombardos, Arilica é apontada como um centro administrativo de certa importância e, no século seguinte (744), em um documento de Rachi, rei do lombardos e rei da Itália, a partir daquele ano, encontramos o nome “Piscaria” pela primeira vez, mesmo que não pareça designar expressamente o assentamento onde a cidade surgiu, mas sim a principal atividade de seus habitantes; após o desmantelamento da verdadeira Fortaleza de Garda, em 961, a cidade assumiu uma importância cada vez maior como centro de defesa, tanto que, pelos analistas alemães da época, é expressamente citada como a “Fortaleza de Garda”, enquanto foi posteriormente imortalizada por Dante Alighieri, em sua Divina Comédia, como um “belo e forte baluarte”.


Assim, a partir do século X, dotada de um castelo, tornou-se, em 1208, uma fortaleza dos gibelinos veroneses (aliados do Sacro Império Romano-Germânico), mas foi destruída, alguns anos depois, possivelmente por ordem de Ezzelino III da Romano, o Cruel, chefe militar que chegou a dominar Verona, Vicenza e Pádua.


Conquistada pelos Scaligeri, possivelmente na década de 1260, já como senhores de Verona, foi refortificada no século XIV, ampliada e consolidada, com a construção do seu castelo, conhecido como Rocca Scaligera.


Após um curto domínio dos Gonzaga, marqueses de Mântua, na década de 1440, Peschiera del Garda tornou-se parte dos domínios da República Sereníssima de Veneza; em meados do século XVI, ou seja, a partir de 1549, Veneza decidiu fortificar a cidade devido à sua posição estratégica, confiando a obra a Guidobaldo della Rovere, duque de Urbino, possivelmente com auxílio do arquiteto Michele Sammicheli, tornando-se a Fortezza di Peschiera, principal fortaleza e porto militar da República no Lago di Garda; no século seguinte, as defesas foram ainda mais aprimoradas, graças principalmente ao arquiteto Francesco Tensini, e essa estrutura defensiva permaneceu inalterada até o século XVIII.


Após cair nas mãos das tropas napoleônicas, em 1796, no desmantelamento total da República de Veneza, a cidade passou para o domínio da Áustria, governada pelos Habsburgos, depois da assinatura do Tratado de Campoformio, em 1797, mas, pouco depois, voltou ao domínio dos franceses, integrando a República Cisalpina, a partir de 1801, e, posteriormente, o Reino Napoleônico da Itália, de 1805 a 1814.


Em 1814, Peschiera voltou às mãos do Império Austríaco, já unida a então província de Mântua, e sua fortaleza, juntamente com as de Verona, Mântua e Legnago, tornou-se uma das quatro fortalezas do "Quadrilátero", o poderoso sistema defensivo organizado pelo Império Austríaco entre o Vêneto e a Lombardia, que testemunhou grande parte dos combates durante as três guerras de independência italiana.


Os austro-húngaros, que passaram a dominar o chamado Reino Lombardo-Vêneto, deram a Peschiera sua face "moderna"; no lugar das hortas que ocupavam praticamente a metade da cidade, logo após o ingresso na Porta Verona, foram construídos o Edifício do Comando, o Quartel Francisco I (hoje sede da Escola de Polícia Estadual) e o Padiglione degli Ufficiali (Pavilhão dos Oficiais), que margeia o Canale di Mezzo; no centro do novo quartel fica o belo Parque Catullo; também lá estão o Quartel da Cavalaria, atual Prefeitura, a Palleria (Paiol de Artilharia) e a então Fábrica de Artilharia, que abriga o Museu da Pesca.


Em 1854, foi inaugurada a ponte ferroviária sobre o rio Mincio, projetada pelo arquiteto Giambattista Bossi, enquanto a estação ferroviária, um dos primeiros exemplos do novo estilo neomedieval na Lombardia-Vêneto, foi concluída no mesmo ano.


Durante o domínio do Império Austríaco e, depois, Austro-Húngaro, Peschiera permaneceu unida à província de Mântua, até ser devolvida à de Verona, após sua incorporação ao recém-criado Reino da Itália em 1866, em atenção ao Tratado de Praga, após a Terceira Guerra de Independência Italiana.


Hoje, o centro histórico abriga lojas, hotéis e diversos restaurantes que deliciam os turistas com pratos tradicionais de Garda; na entrada de Peschiera del Garda há docas e instalações esportivas, enquanto no interior há uma longa ciclovia que a conecta a Mântua.




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Planimetria da Fortezza di Peschiera del Garda em 1856 - Imperiale Regio Ufficio delle Fortificazioni di Peschiera / K. K. Genie Direction zu Peschiera; na carta, podem ser vistos: a leste, o Bastione San Marco (inferior), a Porta Verona (um pouco acima, ligada ao continente por uma ponte) e o Bastione Querini (superior); logo após o Parco Catullo, a imensa estrutura do Pavilhão dos Oficiais, à margem do Canale di Mezzo; ao sul do canal, a Ponte dei Voltoni; logo após o Canal do Meio, a cidade medieval, na qual podemos observar, na parte inferior, a Piazza Ferdinando di Savoia, tendo, na sua parte superior, a Chiesa di San Martino Vescovo, e, na inferior, na sua forma de dois L's invertidos, a Caserma "La Rocca"; a oeste, o Bastione Cantarane (inferior, onde estava localizada a antiga Rocca Scaligiera), o Bastione Feltrin (central), um pouco acima, a Porta Brescia (ligada ao continente por uma ponte do século XVIII) e o Bastione Tognon (superior). https://www.researchgate.net/figure/Plan-der-Festung-Peschiera-K-K-Genie-Direction-zu-Peschiera-1856-All-the-buildings_fig3_299551024 with UploadWizard


Ao chegarmos à cidade, nos dirigimos à Porta Verona para visitar a maior atração local, a Fortezza di Peschiera.


A fortaleza veneziana é a característica marcante do centro histórico de Peschiera; construída, na sua estrutura fundamental, entre 1551 e 1556, com base no projeto de Guidobaldo II Della Rovere, provavelmente auxiliado por Michele Sanmicheli, consiste em altas muralhas com vista para os canais que ligam o Lago di Garda e rio Mincio; possui uma base de cinco lados (pentágono) com cinco imponentes bastiões em seus cantos: Querini, San Marco, Cantarane, Feltrin e Tognon.


"Siede Peschiera, bello e forte arnese (...)" (Peschiera fica, belo e forte baluarte (...) - tradução livre do italiano), é assim que Dante lembra dela no "XX Canto do Inferno", na "Divina Comédia"; forte, na antiguidade romana, castelo e rocca dos Scaligeri no século XIV, fortaleza abaluartada da Serenissima Repubblica di Venezia no século XVI, tornou-se uma fortaleza napoleônica no início do século XIX e depois uma praça forte dos Habsburgos do lendário Quadrilátero, juntamente com Mântua, Legnago e Verona; em poucas cidades, como Peschiera, as partes fundamentais da fortificação ainda são tão bem preservadas, tanto que, em 2017, a fortaleza mereceu o prestigioso reconhecimento da UNESCO como "Patrimônio da Humanidade".


Em 1549, a República de Veneza determinou a construção de uma moderna fortaleza pentagonal que foi realizada segundo o projeto proposto por Guidobaldo II Della Rovere, duque de Urbino e governador-geral das milícias; os imponentes trabalhos de construção para erguer a muralha, parte em sítio aquático, e para a reestruturação da Rocca Scaligera, estavam quase concluídos no início do século XVII; atualmente, a fortaleza, com os bastiões nos vértices do pentágono e as duas portas urbanas fortificadas, está ainda quase integralmente conservada: representa um exemplo notável de arquitetura militar e planejamento urbano do final do período renascentista.


O fluxo do rio Mincio, que com o canal central separa a cidade em duas partes, foi resolvido por meio da criação de "abóbadas" sob as muralhas.


Três portões atravessam a fortaleza: 1) a Porta Verona, a mais magnífica, dava as boas-vindas aos que chegavam das terras "amigas"; ela apresenta o Leão de São Marcos (uma reconstrução moderna do friso veneziano) e uma placa solicitando respeito ao povo veneziano; 2) a Porta Brescia, ou a porta do campo, é arquitetonicamente mais modesta e conecta a fortaleza ao interior "estrangeiro" por meio de uma longa ponte; 3) e, finalmente, o "Portão das Águas", a Ponte dei Voltoni, cinco arcos imponentes que formam a ponte fortificada de tijolos, talvez a imagem mais famosa de Peschiera, coroando o Canale di Mezzo, que divide o que antes era a cidade das "hortas" e o burgo medieval.


A passarela que conecta os Bastiões Tognon e Feltrin, o parque do Bastião de São Marcos, os jardins do Bastião Querini e o caminho Ponte dei Voltoni oferecem vistas e vislumbres onde natureza e história se entrelaçam harmoniosamente.


Este extraordinário sistema defensivo foi inscrito na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO em 2017 como "Obras de Defesa Venezianas entre os Séculos XVI e XVII: Estado da Terra - Estado do Mar Ocidental", um sítio serial transnacional.




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O imponente Bastione San Marco da Fortezza di Peschiera; erguido em 1553, é o segundo dos cinco por ordem de construção e ainda hoje, em perfeito estado de conservação, permite admirar as estruturas técnico-militares das fortalezas da era moderna. Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Ingressamos na fortificação pela Porta Verona, um símbolo majestoso do poder da República de Veneza, construída em 1553, e que foi atingida e danificada pelos exércitos de Napoleão que, em desacato ao Tratado de Campoformio em 1797, destruíram o baixo-relevo original do Leão Alado de São Marcos.


Violada pelo exército francês de Napoleão a soberania do território vêneto (1796), se seguiu o fim da República de Veneza (1797); naqueles anos, os símbolos de São Marcos também foram derrubados e quebrados em Peschiera, pela Prefeitura Jacobina; todos os leões de pedra que adornavam edifícios públicos e fortificações foram cinzelados e destruídos; a perda mais grave foi a da Porta Verona, que tinha um significado simbólico adicional, pois a advertência gravada no entablamento - "Que tu saibas - que esta excelsa imagem do Leão te dissuada de instigar os venezianos, como o leão vigoroso contra o inimigo. MDLIII" (tradução livre do latim) - não encontrava mais correspondência na efígie de mármore do vitorioso Leão de São Marcos.


Mais tarde, com o governo austríaco, a águia bicéfala dos Habsburgos foi colocada no Portão (por volta de 1826), mas foi destruída em 1866, quando, após a Guerra da Independência, Vêneto foi anexado ao Reino da Itália.


Com as obras iniciadas na primavera de 2019 pela Prefeitura de Peschiera del Garda, a placa em alto relevo do Leão de São Marcos foi reposicionada para recompor a figura da fachada original do Portão.




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Porta Verona, símbolo majestoso do poder da República de Veneza; construída em 1553; foi atingida e danificada pelos exércitos de Napoleão, que, em sinal de desprezo, após o Tratado de Campoformio de 1797, destruíram o baixo-relevo original do Leão Alado de São Marcos. Fortezza di Peschiera, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Leão de São Marcos no centro da Porta Verona, cópia do que existia até 1797 no portão veneziano; em 2019, como parte de um prestigioso projeto de restauração, uma nova estátua do leão foi colocada em seu local original, criada em colaboração com a Academia de Belas Artes de Verona, que reproduziu a grandiosidade do leão em suas dimensões originais. Fortezza di Peschiera, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Centro da cidade velha de Peschiera, cruzamento da Via Fontana com Via Rocca. Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Em seguida, fomos visitar a Caserma "La Rocca", que leva esse nome porque o quartel foi construído em frente ao local em que existia a Rocca Sacaligera.


A antiga Rocca Scaligera foi erguida no século XIV, por ordem de Mastino II della Scala, senhor de Verona, na altura onde se encontra o atual Bastione Cantarane; por volta de meados do século XVI, a Rocca foi modificada e terraplenada, para transformá-la em um cavaliere (edificação sobre baluarte), adequado para o uso da artilharia moderna.


Já no final do século XVI, construiu-se, na frente da antiga Rocca, uma edificação de arquitetura militar com planta em L duplo, composta por dois prédios dispostos em torno de um pátio central; os dois têm três andares acima do solo e um sótão adicional; as fachadas têm acabamento em gesso liso bicolor, em um deles, e revestimento em pedra bruta, no outro.


O muro e o portão de ingresso do antigo quartel ficam voltados para a localizada na Piazza Ferdinando di Savoia, antiga Piazza d’armi.




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Muro e portão de entrada da Caserma "La Rocca", erguida por volta do final do século XVI. Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Ainda na Piazza Ferdinando di Savoia, nos deparamos com a Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo; é uma das igrejas mais antigas da diocese de Verona, existindo desde o século XI; os pergaminhos que o mencionam datam da primeira metade daquele século; durante a ocupação francesa de 1796, abrigou um hospital militar e um armazém do exército; em 1812, o edifício foi evacuado e reconsagrado em 1814, mas seu estado era muito precário; foi somente graças ao pároco Don Vincenzo Fusina que a igreja não foi demolida: ele conseguiu obter financiamento do governo do Reino da Lombardia-Vêneto para sua restauração, concluída em 1822.




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Fachada principal da Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, em estilo neoclássico, concluída em 1822, sob o antigo templo, cujas origens remontam ao século XI. Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Fachadas principal e lateral norte da Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, em estilo neoclássico, concluída em 1822, sob o antigo templo, cujas origens remontam ao século XI. Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Nave central, na qual, ao fundo, no alto do presbitério, podem ser observadas as pinturas de Pino Saoncella, de 1937: na curvatura abobadada, o afresco maior representando "Pentecostes"; no alto, a representação, em cada canto, dos quatro evangelistas, e, no centro, do Cordeiro Imolado. Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


O altar-mor da Chiesa di San Martino Vescovo, construído na primeira metade do século XIX, é encimado por um grande crucifixo. De cada lado do altar, vitrais retratam os Santos Pedro e Paulo, enquanto o imediatamente superior retrata a Última Ceia.


Na abside, obra do pintor Pino Saoncella, de 1937, podemos admirar pinturas representando o Pentecostes (a descida do Espírito Santo no Cenáculo), os quatro evangelistas e, ao centro, o Cordeiro Imolado sobre a Bíblia Sagrada.




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O alto-mor, sobre o qual se vê um grande crucifixo; sob a mesa do altar, encontra-se a imagem do padroeiro da igreja, São Martinho de Tours, no momento em que reparte, com sua espada (na época, era soldado da cavalaria romana), seu manto para entregar a metade dele a um mendigo, que sentia muito frio. Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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O altar dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, localizado na lateral esquerda da igreja, mais próximo da entrada principal, com imagem de madeira dourada feita pela oficina de arte dos irmãos Poisa di Brescia. Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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O altar dedicado a Santo Antônio de Pádua, que pode ser admirado no lado direito de quem entra, mais próximo do altar-mor. Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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O altar dedicado a Nossa Senhora do Rosário, localizado no lado esquerdo, mais próximo do altar-mor, com uma valiosa imagem da Virgem em madeira dourada (1954) do escultor Pighi di Verona. Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Vista da parte interna da entrada da igreja, sobre a qual se encontra um órgão de tubos. Chiesa Parrocchiale di San Martino Vescovo, Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Em frente à fachada sul da Chiesa di San Martino Vescovo, nos deparamos com uma instalação militar construída pelos austríacos: a Caserma XXX Maggio.


A Caserma XXX Maggio era originalmente um hospital militar, posteriormente convertido em prisão militar e, em seguida, desativado; construído em 1865, é à prova de bombardeiros, como todos os edifícios dos Habsburgos em Peschiera del Garda, o que é evidenciado pelos espessos aterros entre o telhado e o sótão.


Ele se ergue em três andares acima do solo e um semi-subterrâneo. A fachada principal é caracterizada por grandes janelas modulares.




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Entrada principal da Caserma XXX Maggio, antigo hospital militar, erguido pelos austríacos em 1865. Via Trenta Maggio, 10, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


A nossa próxima parada foi nos restos arqueológicos do Abitato Romano di Peschiera (Arilica) - Assentamento Romano de Peschiera - , localizado na Piazza Ferdinando di Savoia, ao lado da fachada norte da Chiesa di San Martino Vescovo.

Por causa da sua posição geográfica particularmente feliz, na extremidade sul do Lago di Garda, e na embocadura do rio Mincio, em posição mais favorável para controlar e realizar o comércio que, desde a antiguidade remota, ocorria entre a área do oriente médio do Vale do Pó e os vales alpinos centrais, usando a rota fluvial-lacustre, de mais fácil trânsito, composta pelas bacias dos rios Pó e Mincio e o Lago di Garda, a região de Peschiera era, desde as priscas eras das civilizações, disputada por diversos grupos humanos.


Para a época romana, a evidência explícita dessa vocação mercantil é representada por quatro inscrições do Collegium Nautarum Arilicensium, ou seja, a associação de barqueiros de Arilica (hoje Peschiera) que administrava o tráfego no lago inferior, que correspondia, no lago superior, ao de Riva.


Os vestígios do assentamento romano aqui visíveis vieram à tona em 1974, durante obras de construção que, após a descoberta, não foram mais realizadas.


Sua superfície era originalmente maior, mas em 1981 a parte nordeste foi enterrada; são restos de modestos muros de seixos cujo traçado não é claramente visível, provavelmente devido às inúmeras alterações que as estruturas sofreram durante seu longo período de uso (final do século II a.C. - século V d.C.).


Na área norte, pode-se identificar uma unidade residencial, com vista para um pátio externo com piso, integrada por alguns ambientes pavimentados de várias formas (mosaico, lascas de pedra batida e opus signinum - fragmentos de cerâmica misturados com argamassado e batidos em pilão), dispostos em torno de um pátio pavimentado. Na seção mais ao sul, as paredes delimitavam uma série de pequenos cômodos irregulares, cuja função é incerta.




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Restos do Abitato Romano di Peschiera (Arilica), basicamente compostos de pequenas muretas de seixos que, provavelmente, era a base das paredes de diversos cômodos, cujas funções são atualmente são desconhecidas. Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Detalhe de um cômodo médio, possivelmente de uma unidade residencial, contendo fragmentos de piso de mosaico. Abitato Romano di Peschiera (Arilica), Piazza Ferdinando di Savoia, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Na sequência, nos dirigimos para o Canale di Mezzo, que divide o corpo da fortaleza.

À sua margem, encontram-se a Piazza San Marco e o Palazzo dei Provveditorati Veneti (Palácio dos Superintendentes Venezianos) ou Palazzo del Provveditore Veneto.


O palácio é um edifício histórico, provavelmente erguido no século XVI ou XVII, tendo desempenhado um papel fundamental na história da cidade; originalmente, abrigava os patrícios venezianos nomeados pela poderosa República de Veneza; esses governadores representavam a autoridade veneziana e administravam a fortaleza a partir deste palácio, exercendo poder e controle sobre a área.


Ao longo dos séculos, a função do palácio mudou diversas vezes, adaptando-se às necessidades da cidade; após o fim do domínio veneziano, o palácio tornou-se a prefeitura de Peschiera del Garda, continuando a ser um importante centro administrativo; posteriormente, o edifício foi confiado à Guardia di Finanza, que o utilizou para fins institucionais e de controle; hoje, abriga a Sala Civica da cidade, além de outros estabelecimentos privados.




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Fachada do antigo Palazzo dei Provveditorati Veneti ou Palazzo del Provveditore, edifício erguido provavelmente no século XVI ou XVII, que servia de residência e gabinete aos superintendentes enviados pela República de Veneza para exercer o poder e administrar a cidade-fortaleza em nome dela. Piazza San Marco, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Durante a I Guerra de Independência Italiana, o exército do Reino da Sardenha-Piemonte conseguiu uma vitória, em 31 de maio de 1848, sobre as forças austríacas, na Batalha de Goito, cidade localizada no então Reino Lombardo-Vêneto, ao sul de Peschiera; na mesma ocasião, houve a rendição da guarnição austríaca da Fortezza di Peschiera e sua ocupação pelos piemonteses; mas o sucesso não durou muito tempo, pois os piemonteses foram derrotados ainda no mesmo ano, voltando Peschiera às mãos dos austríacos.


Na fachada do Palazzo del Provveditore, encontram-se uma placa de mármore alusiva à gloriosa data para os italianos.




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Placa alusiva aos episódios ocorridos em 31 de maio de 1848, a Batalha de Goito e a Rendição de Peschiera, que deixaram esperança nos corações dos locais de uma futura libertação dos austríacos: "Em 1848, trinta de maio foi o dia mais glorioso para o nosso país, o mais feliz pela rendição de Peschiera e pela Batalha de Goito, e, no repentino declínio da sorte, restou o bom presságio das vitórias que fizeram da Itália senhora de si. O Município colocou em 18 de setembro de 1898" (tradução livre do italiano). Palazzo del Provveditore, Piazza San Marco, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Placa alusiva aos mortos, filhos de Peschiera del Garda, das I e II Guerras Mundiais. Palazzo del Provveditore, Piazza San Marco, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


No outro lado do Canale di Mezzo, podemos avistar a bela edificação realizada pelos austríacos, conhecida como Il Padiglione degli Ufficiali (o Pavilhão dos Oficiais).


Nos primeiros trinta anos (1814-1848), os engenheiros militares da Diretoria de Engenharia Austríaca local (K.K. Genie Direction zu Peschiera), baseados nas intuições dos franceses, desenvolveram novos projetos de fortificação e soluções para problemas de planejamento urbano.


Da antiga estrutura urbana, terrestre e fluvial, organizada em margens opostas do rio, a parte da fortaleza na margem direita contém a vila medieval, concluída, ao sul, pela Rocca Scaligera; a parte na margem esquerda, antigamente chamada Transmincio, no entanto, foi escassamente construída.


Esta área passou por uma grande reorganização urbana pelos arquitetos militares da Direção dos Engenheiros dos Habsburgos. O projeto de requalificação urbana incluiu o atendimento às necessidades da fortaleza com a adição de quartéis, residências para oficiais, um quartel-general de comando, um arsenal, fábricas, paióis de pólvora, armazéns e um hospital.


Transformada em uma fortaleza grandiosa, Peschiera passou por uma nova transformação, não apenas em termos de suas fortificações, mas também em termos de seus edifícios e praças.


Com a construção simultânea da Casa dos Comandantes, entre 1852 e 1854, e do Pavilhão dos Oficiais, concluído em 1856, o projeto da nova praça conhecida como Quartel Militar foi concluído na margem esquerda do núcleo urbano.


No lado mais longo da praça, ao sul, o Pavilhão dos Oficiais faz fronteira com o Canale di Mezzo, ladeado pelo novo calçadão arborizado.




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Setor oeste do Padiglione degli Ufficiali, concluído pelos engenheiros militares austríacos em 1856. Margem norte do Canale di Mezzo, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Extensa fachada sul do Padiglione degli Ufficiali. Margem norte do Canale di Mezzo, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


Dirigimo-nos, em seguida, para a Porta Brescia, no setor sudoeste da fortaleza, passando, no trajeto, por outros pontos interessantes da cidade.




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Setor sul do Bastione Querini; ele, juntamente com seu gêmeo no lado oposto, demolido em 1906, representava um dos dois lados do ponto de entrada da fortaleza para barcos e embarcações que chegavam do lago. Visto a partir da ponte que liga a Riviera Giosuè Carducci à Via Parco Catullo, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Belo balcão de ferro trabalhado em prédio no Vicolo Aleardo Aleardi, 3, Centro, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Residenza Porta Brescia, Via Roma, 29, Centro, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


A Porta Brescia, com sua estrutura simples e compacta, característica de edifícios militares, dava acesso à cidade fortificada, mas também revelava o lado fraco da fortaleza, dominado pelas colinas à sua frente.


Um ponto estratégico na cidade, de onde se pode observar o lado oeste da fortaleza em todo o seu esplendor, defendido pelo fosso — conhecido como Fossa Reale — e que se estende entre o Bastião de Feltrin e o Bastião de Tognon, com sua ponte do século XVIII.




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Porta Brescia; saída sudoeste da fortaleza, erguida em 1551; fica entre os bastiões Tognon e Feltrin. Fortezza di Peschiera, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Bastione Tognon, ao lado esquerdo da Porta Brescia de quem observa de fora da fortaleza. Fortezza di Peschiera, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.




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Bastione Feltrin, ao lado direito da Porta Brescia de quem observa de fora da fortaleza. Fortezza di Peschiera, Peschiera del Garda, Província de Verona, Região de Vêneto, Itália.


A nossa próxima parada é em Sirmione, na região da Lombardia; mais isso é para o próximo post.



Fontes:


Wikipedia;


Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.













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