Venaria Reale - Parte I - Norte da Itália - 2023
- Roberto Caldas

- 29 de dez. de 2023
- 19 min de leitura
Atualizado: 1 de mai. de 2024

Fachada sul de La Reggia di Venaria Reale (Palácio Real de Venaria Reale), na qual pode-se ver, no centro, no piso inferior, a fachada externa (galeria ou pavilhão sul) da famosa Galleria Grande, a partir do Gran Parterre (jardim formal). Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália
Partindo de Turim, seguimos agora para a comuna de Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim.
La Venaria Reale é um complexo grandioso, no entorno de Turim, com 80.000 metros quadrados de edifício palaciano monumental e 60 hectares de jardins, bens adjacentes ao centro histórico de Venaria do século XVII e aos 3.000 hectares de Parco della Mandria; é uma obra-prima da arquitetura e da paisagem, declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1997.
Por volta do início da segunda metade do século XVII, possivelmente entre 1659 e 1679, Carlo Emanuele II de Saboia e Maria Giovanna Battista de Saboia Nemours, duques de Saboia, determinaram a construção, na então localidade de Altessano, atual Venaria Reale, de um pavilhão de caça. O projeto de edificação de um local destinado ao lazer e à caça ficou sob a responsabilidade do arquiteto da corte Amedeo di Castellamonte. O esquema, com grande impacto cenográfico, incluía o palácio, o parque, a mata de caça e uma aldeia. O edifício residencial foi erguido juntamente com os jardins italianos, um jogo de esculturas e, ainda: fontes, escadarias e terraços em vários níveis: um parque alto, na altura do palácio, e um parque baixo, no piso Peschiera. O complexo foi erguido ao longo de uma linha reta que atravessava o borgo (aldeia) e continuava no coração do palácio e, depois, ao longo do canal que ligava a Fonte de Hércules ao Templo de Diana.
Por determinação de Vittorio Amedeo II, o novo duque de Saboia, que ambicionava um edifício mais grandioso, o arquiteto Michelangelo Garove, entre 1700 e 1713, providenciou a edificação de um novo complexo, praticamente reconstruindo o palácio e os jardins; estes foram totalmente redesenhados ao estilo francês, com perspectivas abertas ao infinito, ditado pelo gosto da maior corte europeia, Versalhes.
Entretanto, Garove faleceu em 1713, sem concluir todo o projeto, e o duque tornou-se rei no mesmo ano: assim, em 1716, Vittorio Amedeo II, agora rei da Sicília (que seria trocada pela Sardenha em 1720) e duque de Saboia, confiou o projeto de expansão ao famoso arquiteto Filippo Juvarra, que, ao introduzir no complexo a Grande Galeria, a Capela de Sant'Uberto, a Citroniera e a Scuderia, transformou o palácio em uma das obras-primas do Barroco.
Em 1739, Carlo Emanuele III, filho de Vittorio, novo rei da Sardenha e duque de Saboia, encarregou o primeiro arquiteto da corte Benedetto Alfieri de dar unidade ao complexo com um sistema de passagens de comunicação e áreas de serviço, incluindo estábulos, um picadeiro coberto e a torre do relógio.
La Reggia de Venaria Reale continuou a fazer parte da vida da corte durante os reinados de Vittorio Amedeo III e Carlo Emanuele IV, até o início do declínio do Ancien Régime (Antigo Regime), com o advento da Revolução Francesa.
Após a chegada de Napoleão, o palácio foi transformado, no início do século XIX, em quartel: o desenho dos jardins desapareceu, nivelado em campo de armas para exercícios militares; cavalos, canhões e mosquetes substituíram canteiros, fontes e esculturas; continuou assim mesmo depois do retorno da família real ao poder, passando pelas Guerras da Independência e pela Primeira Guerra Mundial.
Uma vez removida a guarnição militar, o palácio foi saqueado por vândalos, despojando-o de todos os materiais reutilizáveis.
A difícil restauração foi iniciada em 1999, sendo o complexo reinaugurado em 12 de outubro de 2007, passando a compor o conjunto histórico-cultural Residenze Reali Sabaude (Residências Reais de Saboia) .

Maquete de La Reggia di Venaria Reale, na qual se pode observar, na parte centro-esquerda, a Cappella di Sant’Uberto e, seguindo à direita, veem-se a Torre del Belvedere e um dos pavilhões de tijolos vermelhos que comporia o palácio em U projetado por Michelangelo Garove, tendo no centro, a Galleria Grande, esta, no interior, obra de Filippo Juvarra; ao fundo, à direita, em cor branca, o Corpo Central (Palácio de Diana), e, mais à frente, a Torre dell’Orologio (Torre do Relógio), na galeria porticada, e o Castelvecchio (Castelo Velho), um dos poucos edifícios erguidos no século XVII do complexo. Maquete realizada por Carlo Costantini, de 1993 a 1999, com cerca de 15 mil horas de trabalho. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Cappella di Sant'Uberto (Capela de Santo Humberto), à esquerda, a Torre del Belvedere (miradouro e entrada do complexo), ao centro, e a primeira torre da galeria sul, à direita, vistos da Piazza della Repubblica. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

A galeria porticada branca tendo em seu centro a Torre dell’Orologio (Torre do Relógio) e, ao fundo, a primeira torre da galeria sul, vistos da Piazza della Repubblica. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
No Piano Seminterrato (Porão), iniciamos o percurso interno na Galeria dos Retratos, na qual encontramos quadros representando os membros mais importantes da família Saboia.
A Casa de Saboia foi uma das dinastias que governou por mais tempo na história; foram quase mil anos a contar de Umberto I “O Mão Branca”, o primeiro Conde de Saboia em 1003, até Umberto II, o último rei da Itália, em 1946.
Os membros da dinastia se consideravam de origem germânica, alegando, a partir do século XV, que tinham sua origem ligada à Casa de Wettin, a família saxônica da qual saíram vários imperadores do Sacro Império Romano-Germânico e que, até hoje, estão no trono da Bélgica e do Reino Unido; os Saboias eram os únicos delegados do Império na Itália, com direito a conferir títulos de nobreza e, desde 1451, a nomear bispos e abades nos seus domínios; dois anos depois, eles obtiveram a Sacra Sindone (o Santo Sudário); a posse dessa relíquia e a beatificação de alguns membros da casa foram interpretadas como sinais de uma dinastia ungida, ou seja, escolhida para governar por direito divino.
Segundo uma antiga tradição, os pais de Umberto I seriam Beroldo di Sassonia (Beroldo da Saxônia), o pretenso fundador da dinastia, sobrinho de Oto II, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, e de sua primeira esposa Caterina di Schiren ou Caterina di Baviera; mas outros afirmam que ele era filho de Beroldo com a segunda esposa Ermengarda.

Beroldo di Sassonia (Beroldo, duque da Saxônia), fundador da dinastia Saboia, pretenso pai de Umberto I, primeiro Conde de Saboia; primeira metade do século XVII, pintura a óleo sobre tela. Piano Seminterrato (Sala 2 - A antiga citroniera), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Caterina di Baviera (Catarina da Baviera), primeira mulher de Beroldo di Sassonia e pretensa mãe de Umberto I; primeira metade do século XVII, pintura a óleo sobre tela. Piano Seminterrato (Sala 2 - A antiga citroniera), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Galeria dos Retratos; quadros representando os chefes da Casa de Saboia, desde Umberto Biancamano, primeiro conde de Saboia. Piano Seminterrato (Sala 2 - A antiga citroniera), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Umberto I, Biancamano (Mão Branca), Conde de Sabóia (1003-1047), primeira metade do século XVII, pintura a óleo sobre tela. Piano Seminterrato (Sala 2 - A antiga citroniera), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Na sequência, observamos o busto de Vittorio Amedeo II, rei da Sardenha-Piemonte e duque de Saboia, o soberano que conseguiu frear o movimento de expansão da França, no início do século XVIII, promovido por Luís XIV, o Rei-Sol, após a derrota das tropas franceses e seus aliados espanhóis durante o Cerco de Turim, no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola.
A Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714) foi motivada pelo falecimento de Carlos II, o Enfeitiçado, da dinastia de Habsburgo, rei da Espanha, sem deixar herdeiro certo, posto que não teve filhos.
Diante da vacância do trono, surgiram dois aspirantes: 1) Filipe de Anjou, apoiado por seu avô Luís XIV, rei da França, da dinastia de Bourbon, e; 2) Carlos, arquiduque da Áustria, apoiado por seu pai Leopoldo I, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, da dinastia de Habsburgo; ambos os pretendentes se diziam herdeiros legítimos do trono, por descenderem de infantas espanholas.
Temerosos com a possível expansão de poder dos Bourbons, Inglaterra, as Províncias Unidas dos Países Baixos, a Prússia e a maioria dos estados alemães (depois houve o ingresso, na aliança anti-bourbônica, de Portugual e do Ducado de Saboia) se uniram à Áustria para declarar guerra a Luís XIV (França) e ao seu neto Filipe, que já fora proclamado rei da Espanha como Filipe V em 1701.
O conflito também redundou em uma guerra civil no interior da Espanha, contrapondo Castela, Leão, Astúrias, Galiza, Extremadura, Andaluzia, Navarra e País Basco, favoráveis a Filipe V, a Aragão, Catalunha, Valência e Maiorca, estes defensores de Carlos de Áustria.
O cerco de Turim representou um dos momentos mais famosos e sangrentos da referida guerra. Durante cento e dezessete dias, entre maio e setembro de 1706, a cidade foi assediada e atacada por cerca de 45 mil soldados franceses e espanhóis: frequentes bombardeios com bolas de pedra e bombas incendiárias testaram a resistência da população civil, ao mesmo tempo em que, no intrincado labirinto de túneis de minas e contraminas escavado no subsolo, uma guerra cansativa e implacável era travada; foi nos túneis subterrâneos em que ocorreu o episódio simbólico de todo o cerco: a morte do soldado-mineiro Pietro Micca na tentativa de bloquear o acesso à cidadela às tropas inimigas.
O cerco terminou com a Batalha de Turim, em 7 de setembro de 1706, na qual as tropas austro-piemontesas, comandadas por Vittorio Amedeo II, duque de Saboia, e o príncipe Eugênio de Saboia, repeliram definitivamento o ataque dos sitiantes, obrigando-os a se retirar. Em homenagem a essa vitória, foi erguida a Basílica de Superga, na qual estão os túmulos de alguns membros da Casa de Saboia, inclusive Vittorio Amedeo II.
A paz foi selada no Tratado de Utrech, nos Países Baixos (Holanda), em 1713, no qual se reconheceu Filipe V como rei da Espanha, e Vittorio Amedeo II tornou-se finalmente rei, assumindo o trono da Sicília, que foi trocada pelo reino da Sardenha, em 1718.

Vittorio Amedeo II, duque de Saboia, vencedor da Batalha de Turim sobre as tropas franceses de Luís XIV, em 1706, busto atribuído a Domenico Ferretti, aproximadamente entre 1730-1740. Piano Seminterrato, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Quadro representando a Batalha de Turim, ocorrida em em 7 de setembro de 1706. Piano Seminterrato, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Na sequência, nos deparamos com uma primorosa maquete representando La Reggia di Venaria Reale.

Maquete de La Reggia di Venaria Reale, na qual se pode observar, na parte central, a Cappella di Sant’Uberto, com a cruz no alto, e, seguindo à esquerda, veem-se a Torre del Belvedere e um dos pavilhões de tijolos vermelhos que comporia o palácio em U projetado por Michelangelo Garove, tendo no centro, a Galleria Grande, esta, no interior, obra de Filippo Juvarra; ao fundo, à esquerda, em cor branca, o Corpo Central. Maquete realizada por Carlo Costantini, de 1993 a 1999, com cerca de 15 mil horas de trabalho. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Detalhe da representação em maquete de um dos pavilhões de La Reggia di Venaria Reale, onde se pode observar o trabalho primoroso de reprodução do prédio original, inclusive calhas e condutores verticais para coleta da água pluvial e parapeito de ferro da sacada. Maquete realizada por Carlo Costantini, de 1993 a 1999, com cerca de 15 mil horas de trabalho. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Em seguida, acessamos o piso superior, no qual nos deparamos com cômodos ocupados por móveis, utensílios e objetos de decoração de época, particularmente do século XVIII.

Cômoda "a balestra", provavelmente fabricada entre 1730-1750, madeira moldada e folheada, bronze dourado, atribuída a François Fleury. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Nas extremidades, embaixo, conjunto de quatro poltronas, fabricação do francês Georges Jacob, provavelmente entre 1780-1790, em cima, dois painéis decorativos com cenas pompeianas, obras de Antonio Maria e Rocco Torricelli, entre 1790-1795; no centro, cômoda, fabricação do francês Léonard Boudin, provavelmente entre 1770-1780, madeira, mármore e bronze dourado; sobre o tampo de mármore, no centro, pendola "a portico" (relógio pendular), fabricação francesa, provavelmente entre 1770-1780, e, a seu lado, dois castiçais "a tre fiamme" (de três chamas), fabricação francesa, provavelmente entre 1780-1790, mármore, bronze dourado e porcelana; no alto, pintura representando "Cupido tra Venere e Mercurio" (Cupido entre Vênus e Mercúrio), obra do pintor francês Jean-Hugues Taraval, 1778, óleo sobre tela; nas laterais do conjunto central, um par de "girandoles" (candelabros) com cabeça de águia, fabricação francesa, atribuída a François Rémond, provavelmente entre 1780-1790, bronze dourado e porcelana. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Esculturas de parede e teto da Anticamera dei Valletti a piedi (Antecâmara dos Valetes a pé - Sala 27), representando um atlante suportando armas e Brasão da Casa de Saboia. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Nas dependências do Appartamento della principessa Ludovica (Apartamento da Princesa Ludovica, do século XVII), encontra-se um conjunto de prestigiosas obras dos séculos XVI e XVII emprestadas da Galleria Sabauda (Galeria de Saboia); são vinte e sete obras de pintores famosos como Guido Reni, Guercino, van Dyck, Brueghel, o Velho, e Brueghel, o Jovem, pertencentes ao soberanos da Casa de Saboia.

Madonna col Bambino (Nossa Senhora e o Menino Jesus), oficina do pintor flamengo (região de Flandres, atual Bélgica) Anton van Dyck, depois de 1659, pintura a óleo sobre tela, Sala 25 - Sala delle Fiere Feroci, Appartamento della principessa Ludovica. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
A Camera da Letto della Regina (Quarto da Rainha) tem um dos mais belos tetos em estuque do La Venaria Reale. No ambiente atual, encontram-se uma cama com dossel, um par de poltronas em madeira entalhada e dourada, da metade do século XVIII, par de bancos em madeira entalhada e dourada, da metade do século XVIII, espelho com moldura em madeira, uma lareira em mármore do século XVIII, imagem de Madona de São Celso em terracota, do século XVII, e pinturas de naturezas mortas com flores, da autoria de Michele Antonio Rapous, segunda metade do século XVIII.
A rainha Elisabetta Teresa di Lorena, esposa de Carlo Emanuele III, rei da Sardenha e duque de Saboia-Piemonte, morreu neste quarto em 1741, aos 29 anos, ao dar à luz Benedetto Maurizio, duque de Chiablese, último filho do casal.

Camera da Letto della Regina (Quarto da Rainha), no qual podem ser vistos o belíssimo teto em estuque; à esquerda, a Madona de São Celso em terracota, do século XVII; ao centro, uma cama com dossel; e à direita, uma lareira em mármore, do século XVIII, e sobre ela, um espelho com moldura em madeira, do século XVIII; em cada lado da cama, mais afastadas, poltronas em madeira entalhada e dourada, da metade do século XVIII, e, mais próximos, bancos em madeira entalhada e dourada, da metade do século XVIII; na parede, à direita, acima, pintura de natureza morta com flores, em moldura redonda, óleo sobre cobre, do século XVIII, atribuída a Michele Antonio Rapous, e embaixo, pintura de natureza morta com guirlanda de flores ao redor de um vaso, com pêssego e abóbora, em moldura retangular, óleo sobre tela, do século XVIII, obra de Michele Antonio Rapous. Sala 32, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
A Galleria Grande, que ligava os aposentos do rei ao do príncipe herdeiro, é um dos lugares mais surpreendentes de todo o complexo, não somente por seu esplendor mas também por suas dimensões: 15 metros de altura, no centro da abóbada; 80 metros de comprimento; e 12 metros de largura; tanto que se tornou um dos símbolos de La Venaria Reale.
A harmonia dos estuques, cornijas e pilastras tornam o projeto de Filippo Juvarra uma das obras primas da arquitetura do século XVIII; a decoração belíssima é resultado do trabalho primoroso dos escultores e estucadores Giuseppe Bolina, Giovambattista Sanbartolomeo, Pietro Filippo Somasso e Antonio Papa.
Um dos destaques do ambiente é a luz natural que o invade através das 44 amplas cristaleiras das portas e pelos 22 "olhos" (aberturas ovaladas) da parte inferior da abóbada, causando um impacto visual impressionante aos visitantes.

Galleria Grande, projeto de Filippo Juvarra, do século XVIII, por encomenda de Vittorio Amedeo II, duque de Saboia. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Porta bastante decorada da Galleria Grande, ladeada por duas colunas com capitéis coríntios. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Parte superior da porta da Galleria Grande, encimada pelo Brasão do Ducado de Saboia, utilizado de 1630 a 1713, ladeado por anjos. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Na Câmera de Audiência do Duque, nos maravilhamos com as coleções de relógios e caixas de rapé que pertenceram aos membros da Casa de Saboia.

Coleção de caixas de rapé (24 peças), final do século XVIII, fabricação alemã, francesa, inglesa e suíça, ouro decorado com vários esmaltes, miniaturas, madrepérola, pedras semipreciosas, carapaça de tartaruga. Sala 47 - Camera di Udienza del Duca (Câmara de Audiência do Duque), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Collezione di orologi (Coleção de relógios) (26 peças), fabricação inglesa e francesa, ouro e esmalte, século XVIII. Sala 47 - Camera di Udienza del Duca (Câmara de Audiência do Duque), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
No Quarto do Duque, fomos brindados com dois altos-relevos em mármore branco representando momentos importantes na história de Napoleão Bonaparte: sua coroação, em 2 de dezembro de 1804, na Catedral de Notre-Dame, Paris; e a Batalha de Marengo, travada, em 14 de junho de 1800, no curso da Segunda Campanha da Itália, entre as tropas francesas comandadas pelo então primeiro cônsul Napoleão e o exército austríaco, liderado pelo general Michael von Melas; no final, a vitória foi francesa.

L'Incoronazione di Giuseppina (A Coroação de Josefina), alto-relevo representando a solenidade de coroação de Napoleão e Josefina, ocorrida em dezembro de 1804, na Catedral de Notre-Dame de Paris; é o momento em que Napoleão coloca a coroa imperial sobre a cabeça de Josefina, em frente ao altar-mor, sob o olhar atento do papa Pio VII; obra realizada entre 1808-1810, de Giacomo Spalla e Amedeo Lavy, mármore carrara branco. Sala 48 - Camera da Letto del Duca (Quarto do Duque), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

La Battaglia di Marengo (Batalha de Marengo), alto-relevo representando o embate ocorrido em 1800, no qual os franceses, comandados por Napoleão, foram vitoriosos sobre os austríacos; obra realizada entre 1807-1810, de Giacomo Spalla, mármore carrara branco. Sala 48 - Camera da Letto del Duca (Quarto do Duque), La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Escada que dá acesso à parte superior da Cappella di Sant'Uberto, com manequins vestidos com indumentárias do século XVIII. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
A Cappella di Sant'Uberto foi encomendada por Vittorio Amedeo II ao arquiteto Filippo Juvarra, iniciada em 1716 e concluída em 1729; Juvarra concebeu volumes majestosos para o edifício sagrado, disposto em torno de uma cruz grega chanfrada, com dois grandes altares nas laterais do transepto e quatro capelas circulares e poligonais no interior.
O verdadeiro “ponto alto” da Capela é o altar-mor, obra de Giovanni Baratta, que aparece suspenso, quase emoldurado pelo feixe de luz que serve como pano de fundo para o tabernáculo sustentado por anjos de mármore; o altar desenvolve-se verticalmente, enquadrado entre as duas colunas centrais do semicírculo formado pela abside.
As quatro estátuas dos Doutores da Igreja, colocadas nos nichos dos pilares centrais, também são obras de Giovanni Baratta: Santo Agostinho, Santo Ambrósio, Santo Atanásio e São João Crisóstomo.
Quatro grandes retábulos executados por pintores consagrados da escola romana encontram-se nos altares laterais.
A capela foi consagrada a Sant'Uberto (Santo Huberto ou Humberto) por ser o santo protetor dos caçadores, para cuja atividade foi destinado o palácio de Venaria Reale.

Altar-mor da Cappella di Sant'Uberto, com seu majestoso tabernáculo suportado por anjos de mármore. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Altar-mor da Cappella di Sant'Uberto, com seu majestoso tabernáculo suportado por anjos de mármore. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Santo Agostinho, um dos Doutores da Igreja, obra de Giovanni Baratta. Cappella di Sant'Uberto, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Santo Ambrósio, um dos Doutores da Igreja, obra de Giovanni Baratta. Cappella di Sant'Uberto, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Santo Atanásio, um dos Doutores da Igreja, obra de Giovanni Baratta. Cappella di Sant'Uberto, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

São João Crisóstomo, um dos Doutores da Igreja, obra de Giovanni Baratta. Cappella di Sant'Uberto, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Na Sacristia da Cappella di Sant'Uberto, encontra-se a obra "Celebrazione della vittoria della battaglia di Lepanto", criada para a Cappella del Rosario della Chiesa di San Domenico, em Brescia, destruída em 1883, obra do pintor veneziano Jacopo Negretti, conhecido como Palma il Giovane (Palma, o Jovem), entre o final do século XVI e início do século XVII.
A tripartição vertical do espaço pictórico desenhada pelo artista tem como motivo norteador a repetição de três figuras: a partir da esquerda, as três Virtudes Teológicas (Caridade, Esperança e Fé), ao centro, os três promotores da Santa Liga , Filipe II, rei da Espanha, o Papa Pio V e Alvise I Mocenigo, doge de Veneza, e os três almirantes que derrotaram a frota muçulmana no Golfo de Corinto, Marcantonio II Colonna, Don Giovanni d'Austria (Dom João de Áustria) e Sebastiano Venier; na extrema direita também é possível ver um autorretrato de Palma.

Celebrazione della vittoria della battaglia di Lepanto (Celebração da Vitória da Batalha de Lepanto em 7 de outubro de 1571); da esquerda para direita, a sequência de três conjuntos de três figuras: as três virtudes teologais: 1) caridade (acolhendo as crianças), esperança (com os braços elevados) e fé; 2) Filipe II, rei da Espanha, Pio V, papa, e Alvise I Mocenigo, doge de Veneza, promotores da Santa Liga; e 3) Marcantonio II Colonna, Don Giovanni d'Austria (Dom João de Áustria, meio-irmão de Filipe II) e Sebastiano Venie (representado com uma vasta barba branca), almirantes das potências ocidentais e cristãs que venceram a batalha naval contra o Império Otomano, freando definitivamente o avanço muçulmano sobre o centro e o ocidente da Europa. Sacristia da Cappella di Sant'Uberto, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Entre 1722 e 1727, Filippo Juvarra criou, no complexo palaciano de caça, dois ambientes de grande impacto cenográfico, por suas proporções e unidade arquitetônica: a Citroniera (Orangerie - inicialmente, no século XVI, um jardim de plantas cítricas, oriundas do Oriente (laranjeiras, limoeiros, tangerineiras, etc.), e, nos séculos XVII e XVIII, passou a denominar a coleção de plantas exóticas, não resistentes ao inverno); e as Scuderie Juvarriane (Cavalariças de Juvarra); alcançando um total de 5.000 metros quadrados de superfície, mais de 140 metros de comprimento e quase 15 metros de largura.
Nas Scuderie Juvarriane encontra-se a Scuderia Grande ou Regia Scuderia com uma exposição dedicada ao Teatro de História e Magnificência da Dinastia dos Saboia.
No seu interior, estão expostos: o majestoso Bucintoro, fabricado por determinação de Vittorio Amedeo II, em Veneza, entre 1729 e 1731, o último exemplar original existente no mundo, sendo a embarcação exposta como se estivesse singrando as águas, com mastro, remos e velas armadas; e suntuosas carruagens usadas pelos Saboias no século XIX, dentre elas, a Berlinda Dourada, emprestada pelo Palazzo del Quirinale, de Roma.

O Bucintoro reale dei Savoia, fabricação de Matteo Calderoni e Egidio Gioel, 1731, madeira entalhada, esculpida, dourada e pintada. Sala 58 - Scuderia Grande, Scuderie Juvarriane, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Berlina dorata di gala (Berlinda Dourada de gala), terminada em 1877, madeira entalhada pintada e dourada, ferro e bronze dourado, cetim branco, feitura da Empresa Cesare Sala, Milão, Itália. Sala 58 - Scuderia Grande, Scuderie Juvarriane, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Cavalos de tração da Berlina dorata di gala (Berlinda Dourada de gala), terminada em 1877, madeira entalhada pintada e dourada, ferro e bronze dourado, cetim branco, feitura da Empresa Cesare Sala, Milão, Itália. Sala 58 - Scuderia Grande, Scuderie Juvarriane, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Berlina dorata di gala (Berlinda Dourada de gala), terminada em 1877, madeira entalhada pintada e dourada, ferro e bronze dourado, cetim branco, feitura da Empresa Cesare Sala, Milão, Itália. Sala 58 - Scuderia Grande, Scuderie Juvarriane, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Manta do cocheiro com brasão de armas simplificado do Reino da Itália (1870-1890), contendo no centro o escudo dos Saboia, encimado pela coroa real e ladeado por leões armados. Berlina dorata di gala (Berlinda Dourada de gala), Sala 58 - Scuderia Grande, Scuderie Juvarriane, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Porta da Berlina dorata di gala (Berlinda Dourada de gala), tendo, no centro, a representação do brasão de armas simplificado do Reino da Itália (1870-1890), com o escudo dos Saboia, encimado pela coroa real e ladeado por leões armados. Sala 58 - Scuderia Grande, Scuderie Juvarriane, La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Saindo das Cavalariças de Juvarra, nos encontramos nos belíssimos Giardini della Reggia di Venaria (Jardins do Palácio); são a combinação entre o antigo e o moderno, ou seja, entre os assentamentos arqueológicos e as obras contemporâneas, em razão da grande destruição causada nos originais, após a ocupação do edifício pela tropas francesas no início do século XIX; depois de um grande trabalho de restauração, iniciado nos anos 2000, os jovens Jardins do Palácio foram inaugurados em 2007, mas ainda continuam os trabalhos de reconstrução.

La Reggia dal Gran Parterre (o Palácio visto a partir do Jardim Formal), fachada sul de La Reggia di Venaria Reale (Palácio Real de Venaria Reale), na qual pode-se ver, no centro, no piso inferior, a fachada externa (galeria ou pavilhão sul) da famosa Galleria Grande, a partir do Gran Parterre (jardim formal). Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália

Gran Parterre (Jardim Formal). La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Gran Parterre (Jardim Formal); ao fundo, se vê a Allea Reale (Aleia Real). La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Gran Parterre (Jardim Formal); ao fundo, se vê a Allea Reale (Aleia Real). La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Giardino a Fiori (Jardim de Flores). La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

La Reggia di Diana dal Giardino a Fiori (Palácio de Diana a partir do Jardim de Flores); Pavilhão ou Corpo Central, onde se encontra a Sala de Diana. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
Por fim, visitamos a Fontana del Cervo (Fonte do Cervo).
A grande área compreendida entre a Torre dell’Orologio (Torre do Relógio) e a Reggia di Diana (Corpo Central ou Palácio de Diana) era ocupada, no século XVII, por dois pátios: no primeiro, então destinado à garagem das carruagens, havia duas edificações, a Galeria Porticada, sobre a qual se levanta a Torre do Relógio, e o Castelvecchio (Castelo Velho); no segundo, o chamado Pátio Grande, encontrava-se a Fonte do Cervo, com um bela decoração em mármore, na qual estavam representados doze cães e quatro caçadores, enquanto perseguiam um cervo de bronze.
No início do século XVIII, decidiu-se criar um único espaço, conhecido como Corte d'Onore (Pátio de Honra): as antigas cavalariças deram espaço à Galleria Grande (Grande Galeria) e aos dois pavilhões situados nas laterais, bem como a galeria que separava os dois pátios e a Fonte do Cervo foram demolidas.
Hoje, uma nova fonte foi instalada no local, como referência histórica, sobre as bases e parte da decoração que sobraram da demolição; também se introduziu uma grande elipse de 120 metros, em cujo contorno foram instalados bicos de água, que podem alcançar até 12 metros de altura, projetores de cor e condutos de vapor, tornando-se um Teatro d'Acqua (Teatro de Águas).

Il Teatro d'Acqua della Fontana del Cervo nella Corte d'onore (Teatro de Águas da Fonte do Cervo no Pátio de Honra); vê-se, no alto da fonte, a escultura de um cervo. La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.

Il Teatro d'Acqua della Fontana del Cervo nella Corte d'onore (Teatro de Águas da Fonte do Cervo no Pátio de Honra); vê-se, ao fundo, o Pavilhão ou o Corpo Central, também conhecido como Reggia di Diana (Palácio de Diana). La Reggia di Venaria Reale, Piazza della Repubblica, 4, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região de Piemonte, Itália.
No próximo post, vamos conhecer o Parco della Mandria, com seu castelo.
Fontes:
Wikipedia;
Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.





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