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Gênova - Parte I - Norte da Itália - 2023

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 18 de fev. de 2024
  • 15 min de leitura

Atualizado: 1 de mai. de 2024


Teatro Carlo Felice, inaugurado em 1828, tendo em sua frente o monumento equestre em homenagem ao grande herói popular Giuseppe Garibaldi. Passo Eugenio Montale, 4, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.


Gênova


A cidade de Gênova forma uma franja delgada ao longo da costa do Mar da Ligúria, limitada ao norte por colinas e montanhas de grande altura (o ponto mais alto do Monte Reixa alcança 1.183 metros).


Há indícios da ocupação humana no local a partir do século V a.C.. Seus habitantes eram conhecidos como liguri genuates (pertencentes aos povos lígures, o que deu nome à região italiana) e mantiveram relações com os gregos, etruscos e púnicos (cartagineses).


O cônsul romano Públio Cornélio Cipião utilizou o local como base para enfrentar a invasão do general cartaginês Aníbal, em 218 a.C., mas as tropas romanas foram derrotadas nas batalhas de Ticino e Trébia, e a cidade foi destruída pelos cartagineses em 205 a.C..


Reconstruída, a cidade foi conquistada por Belisário, general do Império Bizantino, no século VI d.C., tornando-se domínio bizantino, para, já sob ocupação lombarda, transformar-se na capital do Ducado da Ligúria. Também esteve sob influência do Império Carolíngio, mas, com o seu fracionamento, surgiram as primeiras famílias locais que partilharam o poder: Spinola e Embriaco.


A partir da metade do ano 1000, Gênova ganhou sua autonomia, as empresas comerciais assumiram funções administrativas, e a cidade consolidou-se como uma potência mercantil; havia chegado a época de ouro das comunas italianas; Gênova dominou as costas da Ligúria e boa parte do Mar Mediterrâneo, disputando com Pisa, e exerceu grande poder sobre os territórios cristãos instalados no Oriente Médio, durante o período das Cruzadas.


Em 1162, os desentendimentos com Frederico I, o Barba-ruiva, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, se agravaram: nesse mesmo ano as muralhas da cidade foram ampliadas para fazer face à ameaça germânica, e ainda hoje levam o nome do soberano inimigo. A força irredutível com que Gênova defendeu a sua independência e se opôs às pressões de Barba-ruiva valeu-lhe o epíteto de "La Superba".


Do século XIV ao XVI foi o período dos Doges, entre os quais se destaca o primeiro Doge da República, Simone Boccanegra, investido em 1339.


A partir de 1528 e durante mais de um século, Gênova viveu o seu período de máximo esplendor, o que foi definido pelo historiador francês Fernand Braudel, o "Século dos Genoveses"; naqueles anos, a reforma do Estado desejada por Andrea Doria, que efetivamente deu origem à República aristocrática, permitiu à cidade encontrar uma nova estabilidade política, e, graças aos acordos diplomáticos com o Império Espanhol, os ricos comerciantes genoveses tornaram-se os principais financiadores da maior força militar e comercial europeia.


Na cidade houve uma expansão não só econômica, mas também urbana e cultural. Graças a um edital emitido pelos "Pais da Comuna", por volta de 1550, que previa a reorganização da área abaixo do morro do Castelletto, assistimos à primeira operação real de loteamento de um espaço público.


A tradição de Gênova como cidade de mercadores e banqueiros pertencentes às grandes famílias que contribuíram para o florescimento artístico e arquitetônico das suas ruas é secular: desde os palácios da via Balbi, nome da prestigiada família cujas origens remontam ao século XV, até os da Strada Nuova, cujas residências históricas pertenciam ao "Rolli degli alloggiamenti pubblici di Genova" e hoje fazem parte do patrimônio da UNESCO.


No século XVII, Gênova começou a sofrer uma diminuição de seu poder, resultante do movimento expansionista dos Saboias a partir do Piemonte, passando a depender da proteção da França, que terminou por tomar-lhe a Córsega, em 1768.


Gênova não resistiu à investida de Napoleão Bonaparte, em 1797, perdendo sua independência, passando a integrar, inicialmente, a República da Ligúria, criada pelos franceses, e, posteriormente, tornando-se apenas uma província do Império Francês; dez anos depois, foi incorporada ao Reino da Sardenha-Piemonte, e, com a unificação italiana, em 1861, ao Reino da Itália.


A partir dos anos 2000, o porto da cidade voltou a ser valorizado, tornando-se o maior terminal portuário da Itália.




Gênova, la Superba, numa xilografia de 1483 de autoria de Michael Wohlgemuth publicada na obra Il Liber Chronicarum de Hartmann Schedel.


Começamos nosso passeio no alto do vale conhecido como Cambiaso, onde se encontra a Villa Giustiniani-Cambiaso, o que restou do antigo parque da Villa, que originalmente se estendia até o mar.


O palácio foi construído em 1548 de acordo com o projeto do arquiteto Galeazzo Alessi para Luca Giustiniani. A propriedade passou para a família Cambiaso em 1787 e para o município de Gênova em 1921; hoje pertence à Fundação Carige e abriga a faculdade de engenharia da Universidade de Gênova.


A estrutura desenvolvida pelo arquiteto perugiano para Villa, com a sua forma cúbica dividida em três partes por pilastras, tornou-se modelo para a construção de outras villas e palácios na região genovesa.




Villa Giustiniani-Cambiaso, hoje Polo Villa Cambiaso, Facoltà di Ingegneria, Università degli Studi di Genova, Via Montallegro, 1, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.


Continuamos pela Via Albaro, em direção ao centro da cidade, quando nos deparamos com um palácio no interior de um parque, conhecido como Villa Bombrini, que atualmente é sede do Conservatório Niccolò Paganini, em homenagem ao grande compositor, violonista e violinista genovês; está rodeado por um jardim inglês com aproximadamente um hectare.




Conservatorio di Musica Niccolò Paganini ou Conservatório Estadual de Música/Instituto de Educação Musical Superior, Villa Sauli Bombrini Doria, Via Albaro, 38, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.


Continuando nosso percurso para o centro da cidade, ainda na Via Albaro, em frente à entrada da Villa Saluzzo Bombrini, encontramos a Villa Saluzzo Mongiardino, também construída para a família Saluzzo no início do século XVIII, que passou a ser propriedade dos Brians, em 1871; o nome Mongiardino deriva dos inquilinos que o ocuparam entre as décadas de 1930 e 1970 .


Ainda hoje propriedade privada e dividida em apartamentos, portanto não visitáveis, mais do que pelas suas características arquitetônicas e pela rica decoração barroca dos interiores, é conhecida pela estadia do famoso poeta romântico britânico George Byron, conhecido como Lord Byron, entre 1822 e 1823, antes de embarcar para participar na guerra pela independência da Grécia, onde morreria em abril de 1824 de doença grave, como lembra uma placa na fachada do palácio.




Villa Saluzzo Mongiardino, palácio erguido no início do século XVIII, Via Albaro, 1-3, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.




Placa na parede externa da Villa Saluzzo Mongiardino lembrando a estadia no edifício do grande poeta britânico do romantismo Lord Byron: "Descansando sua vida afortunada aqui, viveu e escreveu George Gordon Lord Byron até que o intenso grito da ressurreição da liberdade grega o levou magnanimamente a um final lacrimoso em Mesolóngi 1822-1823" (tradução livre do italiano). Via Albaro, 1-3, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.


O Arco della Vittoria, obra projetada pelo arquiteto Marcello Piacentini com a colaboração dos escultores Arturo Dazzi, Edoardo De Albertis e Francesco Messina, alcançando 27 metros de altura, também conhecido como Arco dei Caduti (Arco dos Caídos) ou Monumento ai Caduti (Monumento aos Caídos), foi inaugurado em 31 de maio de 1931, durante o regime fascista, em homenagem aos genoveses tombados durante a Primeira Guerra Mundial.


O arco se encontra no centro da Piazza della Vittoria, também projetada por Marcello Piacentini, e é rodeada de alguns edifícios com arquitetura típica da época fascista, conhecida como Stile Littorio, que recorda o Art Déco, mas menos decorada, com traçados mais retilíneos e aspecto funcional; seu atributo mais evidente é uma monumentalidade de vaga inspiração clássica.




Arco della Vittoria, monumento inaugurado em 1931 para homenagear os genoveses mortos lutando na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), localizado no centro da Piazza della Vittoria, um conjunto construído no período fascista, na década de 1930, inspirado no Stile Littorio. Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.




Arco della Vittoria; os nomes dos 4.675 genoveses que morreram durante o conflito de 1914-1918 estão gravados nas paredes do monumento. Piazza della Vittoria, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.


Ainda fazendo parte do conjunto da Piazza Vittoria, na encosta da colina de Carignano, encontra-se a Scalinata del Milite Ignoto (Escadaria do Soldado Desconhecido) - obra do arquiteto Alfredo Fineschi, concluída em 1938 -, também conhecida como Scalinata delle Caravelle (Escadaria da Caravela), em razão das decorações florais na relva representando as três caravelas de Cristóvão Colombo, Santa Maria, Nina e Pinta, empregadas na expedição marítima que alcançou o Novo Mundo em 1492.


A homenagem se justifica em razão de a maioria dos historiadores afirmar que o grande explorador marítimo Cristóvão Colombo nasceu em Gênova, em 1451, embora a cidade de Calvi, na Córsega, então pertencente à República de Gênova, dispute essa honra.




Scalinata del Milite Ignoto (Escadaria do Soldado Desconhecido) ou delle Caravelle (da Caravela), na qual estão representadas três âncoras estilizadas e as três caravelas que faziam parte da expedição marítima comandada por Cristóvão Colombo que alcançou, em 1492, o Novo Mundo. Colina de Carignano, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.


Seguimos em direção ao centro histórico da cidade por meio da Via XX Settembre até nos depararmos com a Piazza De Ferrari, batizada em homenagem a Luigi Raffaele De Ferrari, duque di Galliera, banqueiro e político genovês; no seu centro há uma fonte de bronze inaugurada em 1936, projeto do arquiteto Giuseppe Crosa di Vergagni; a área foi requalificada em 2001, para a reunião do G8.




Piazza De Ferrari; veem-se: no centro, a fonte de bronze, inaugurada em 1936; na esquerda, o Palazzo della Regione Liguria; e, no fundo, a fachada lateral do Palazzo Ducale. Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.


No entorno da Piazza De Ferrari, encontra-se o belo Palazzo della Regione Liguria (Palácio da Região da Ligúria), anteriormente conhecido como Palazzo della Navigazione Generale Italiana (Palácio da Navegação Geral Italiana); o local foi adquirido, em 1920, pela Navegação Geral Italiana do engenheiro Cesare Gamba, e este, associado ao também engenheiro Giuseppe Tallero, construiu o edifício, concluído em 1924; depois de passar pelas mãos de diversos proprietários, hoje o prédio pertence ao governo da Regione Liguria.




Palazzo della Regione Liguria, antigo Palazzo della Navigazione Generale Italiana, de estilo neomaneirista, concluído em 1924. Piazza De Ferrari, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.   


Ainda no perímetro da Piazza De Ferrari encontra-se o Teatro Carlo Felice; o edifício original foi inaugurado em 1828 com base no projeto do arquiteto Carlo Barabino, complementado pelo também arquiteto Luigi Canonica, em estilo neoclássico; bastante danificado durante a Segunda Guerra Mundial, somente foi iniciada sua restauração e ampliação a partir de 1981, projetadas pelos arquitetos Aldo Rossi, Fabio Reinhart, Angelo Sibilla e Ignazio Gardella e realizada pela empresa Mario Valle s.p.a. di Arenzano, com inauguração em 1991; a parte interna e a estrutura lateral são modernas, com a construção de uma torre cênica com aproximadamente 63 metros de altura.


O nome da casa artística é uma homenagem a Carlo Felice di Savoia, então rei da Sardenha-Piemonte.




Teatro Carlo Felice, estilo neoclássico, concluído em 1828 e restaurado em 1991, após ter sido parcialmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial. Passo Eugenio Montale, 4, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália. 


Em frente do Teatro Carlos Felice encontra-se um monumento equestre, inaugurado em 15 de outubro de 1893, em homenagem ao grande herói popular da independência e da unificação italiana, Giuseppe Garibaldi; a estátua é obra de Augusto Rivalta, que, além de escultor de muito talento, também foi patriota e esteve nas fileiras dos Mil que partiram de Gênova, em 1860, e seguiram Garibaldi no desembarque em Marsala, na Sicília, para a conquista do Reino das Duas Sicílias e posterior unificação ao Reino da Itália.




Monumento equestre de Giuseppe Garibaldi em frente ao Teatro Carlo Felice, obra do escultor italiano Augusto Rivalta, inaugurado em 1893. Largo Alessandro Pertini, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália. 




A estátua equestre de Garibaldi, na qual podem ser observados os impressionantes detalhes realísticos na escultura do cavalo, como as rédeas "soltas". Largo Alessandro Pertini, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália. 




Coroa de flores com símbolo da Maçonaria no pedestal do monumento equestre de Garibaldi; o herói italiano foi maçom, tendo ingressado na instituição em Montevidéu, Uruguai, chegando a ser eleito, em 1864, Grão Mestre do Grande Oriente da Itália. Largo Alessandro Pertini, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália. 

O Palazzo Ducale tem sua trajetória iniciada num momento afortunado da história de Gênova, quando o poder econômico da república marítima se afirmou em grande parte do Mediterrâneo, após a vitória sobre Pisa na batalha naval de Meloria em 1284; as primeiras formas de governo não tinham uma sede estável, com a reunião dos membros do conselho aristocrático e o cônsul ocorrendo, de tempos em tempos, em residências particulares; para uma maior estabilidade, foram adquiridos dois prédios pertencentes às famílias Doria e Fieschi, no centro da cidade medieval, tornando-se o primeiro núcleo do futuro palácio, que mais tarde transformou-se na sede do Doge (ducal), em 1339, com a eleição do primeiro doge Simone Boccanegra.


Consolidada a república em 1528 com as reformas promovidas por Andrea Doria, resolveu-se erguer, no mesmo local, um palácio com aspecto mais elegante e suntuoso, contratando-se para isso, em 1591, o arquiteto Andrea Ceresola, conhecido como Vannone, que criou um edifício em estilo maneirista, majestoso e imponente, defendido por uma muralha colocada na atual Piazza Matteoti, uma verdadeira sede de estado, com salões de recepção e praça de armas (campo de desfiles).


Após um grande incêndio, em 1777, que destruiu parte do edifício, incluindo a fachada principal e as salas dos conselhos, a reconstrução do palácio foi confiada ao arquiteto Simone Cantoni, que o refez no estilo neoclássico; alguns anos depois, com a conquista da cidade pelas tropas napoleônicas, a república deixou de existir com sua incorporação ao então Império Francês, e, posteriormente, ao Reino da Sardenha-Piemonte, em 1815.


O prédio, a partir dessa época, foi ocupado por gabinetes administrativos e do Tribunal, para, em 1992, tornar-se um centro cultural, sede da Fondazione per la Cultura, que organiza exposições de arte e eventos de natureza comercial e cultural.




Palazzo Ducale, com sua fachada estilo neoclássico do final do século XVIII, que era a sede do governo do Doge e atualmente abriga a Fondazione per la Cultura. Piazza Matteotti, 9, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  


Seguimos pela Via San Lorenzo e nos deparamos com a Cattedrale di San Lorenzo.  


De acordo com investigações arqueológicas, San Lorenzo não foi a primeira catedral de Gênova, mas já há notícia, em 878, de sua existência; no século X, com a entrega da antiga Sé, a Basilica di San Siro, aos monges beneditinos, San Lorenzo, em razão de sua posição central na cidade medieval, passou a ser a sede episcopal de Gênova, alcançando o status de catedral; diante da grande importância alcançada pela república no Mediterrâneo, resolveu-se, entre os séculos XI e XII, erguer um templo em estilo românico mais imponente, projeto dos mestres arquitetos conhecidos como Magistri Antelami; mas, no século XIII, por volta de 1230, decidiu-se renovar completamente San Lorenzo, transformando-a numa catedral gótica, com uma imponente fachada culminada por duas torres.


A fachada é listrada em preto e branco, símbolo, na antiguidade, de nobreza; na parte externa, observa-se a presença de leões estilóforos (portador de colunas), atribuídos a um escultor da escola de Benedetto Antelami (por volta de 1200), representações da luta de Cristo contra o mal.


A catedral é dedicada a São Lourenço, padroeiro de Gênova, juntamente com São Jorge, São João Batista e São Sebastião. São Lourenço era de origem espanhola, o primeiro dos sete diáconos romanos durante o pontificado do papa Sisto II (256 -258). Entre as funções do diácono estava a de distribuir bens aos pobres. Lourenço dividiu os bens da Igreja entre os menos afortunados quando o prefeito Cornelio Secolare quis apropriar-se deles. Apresentando-se ao prefeito acompanhado dos seus pobres, definiu-os como o verdadeiro tesouro da Igreja. Foi preso e torturado numa grelha quente no dia 10 de agosto de 258 até a morte.




Cattredale di San Lorenzo, com sua fachada listrada em preto e branco. Piazza San Lorenzo, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  


Na luneta (fresta semicircular) sobre o portal principal da Cattedrale di San Lorenzo, encontra-se a representação de Cristo Juiz entre os símbolos dos Evangelistas, e, embaixo, a do "Martírio de São Lourenço", na qual o corpo dele está estendido na grelha, o testemunho supremo da fé. O conjunto teria sido executado pelo Mestre da Luneta da Catedral, por volta de 1225-1230, também responsável pela estátua com função de relógio de sol, representando possivelmente São João Evangelista, localizada no canto esquerdo da igreja.




Escultura na luneta (fenda semicircular) sobre o portal principal da Cattedrale di San Lorenzo (1225-1230): na parte superior, a representação de Cristo Juiz entre os símbolos dos Evangelistas (à esquerda, o anjo (Mateus) e o leão alado (Marcos); à direita, a águia (João) e o boi alado (Lucas)); na parte inferior, a escultura (conhecida como o "Martírio de São Lourenço") representa o santo deitado horizontalmente sobre uma grelha, nas laterais dois operários atiçando as brasas com foles, o soberano (à esquerda, provavelmente o imperador romano Valeriano) e outras pessoas testemunhando o martírio. Piazza San Lorenzo, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  




Estátua de santo com relógio de sol, conhecido como Arrotino (amolador de facas), possivelmente a representação de São João Evangelista, na esquina com a Via San Lorenzo, atribuída ao Mestre da Luneta da Catedral, executada por volta de 1225; na base da coluna observa-se um leão estilóforo. Cattredale di San Lorenzo, Piazza San Lorenzo, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  


Na fachada sul da catedral, voltada para a Via San Lorenzo, nos deparamos com o túmulo de Antonio Grimaldi, herói genovês, que encontrava-se, até 1895, na Commenda di San Giovanni di Prè, um complexo de edifícios da Igreja Católica em Gênova; o monumento funerário é obra de fino acabamento concebida como um dossel com fachada decorada com a representação dos quatro evangelistas, também chamados de "tetramorfos" (representação iconográfica composta por quatro elementos de origem do Oriente Médio), tendo, no centro, Cristo.


Antonio Grimaldi, por volta de 1402, foi enviado pelo Marechal Boucicault, então regente da Superba (República de Gênova), no comando de três galeras para resgatar Famagusta sitiada pelo rei de Chipre, Jano de Lusignan. Depois de libertá-la e se estabelecer por alguns meses em Nicósia, o talentoso comandante retornou a Gênova como um herói. Pouco tempo depois, aproveitando a ausência dos genoveses, o rei de Chipre repetiu o assalto, obrigando-o a regressar à ilha para defendê-la novamente. Antonio, após ter conquistado algumas forças catalãs e venezianas, aliadas do rei cipriota, morreu como herói no confronto.




Monumento funerário de Antonio Grimaldi, provavelmente do século XV; a urna é decorada com a representação dos quatro evangelistas, também chamados de "tetramorfos", da esquerda para a direita, Lucas (o boi alado), João (a águia), Mateus (o anjo), Marcos (o leão alado) e, no centro, Cristo. Fachada sul da Cattredale di San Lorenzo, Via San Lorenzo, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  




A nave central da Cattedral di San Lorenzo; no fundo, o altar-mor e, na direita, o púlpito ​​em mármore branco esculpido, obra de Pierangelo Scala da Carona (1526), representando Cristo crucificado, São João e a Virgem, bem como estão gravados os nomes dos "Patres Communi", Giustiniani, Botto, Grimaldi e Spinola como elo da Catedral com a Cidade. Piazza San Lorenzo, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  


A nave direita da catedral abriga, na sua abside, a Cappella di Nostra Signora del Soccorso di Senarega; a capela leva o nome da família Senarega em razão de ela ter sido responsável pela decoração criada entre os séculos XVI e XVIII, dedicada a São Sebastião, a quem o espaço era dedicado anteriormente.


O altar da capela é obra do arquiteto Carlo Barabino, o mesmo que projetou o Teatro Carlo Felice, e os anjos em mármore branco foram executados pelo escultor Ignazio Peschiera, por volta de 1827-1830; sustentado pelos anjos, um ícone, obra de pintor desconhecido do século XIV, representando a Madona Odigitria (aquela que indica o caminho da salvação com Jesus) segurando o Menino Jesus; esse ícone foi exposto pela primeira vez na catedral em 1399; quando de uma solenidade ocorrida em 1683, foram colocadas nas cabeças da Virgem e de Jesus coroas de ouro, que, segunda a tradição católica adotada desde 1636, indicavam que essa imagem de Nossa Senhora era milagrosa.




Nave direita da catedral tendo no fundo a Cappella di Nostra Signora del Soccorso di Senarega; em destaque o Altare di Nostra Signora del Soccorso, projetado por Carlo Barabino com esculturas em mármore de Ignazio Peschiera (1827 – 1830). Cattredale di San Lorenzo, Piazza San Lorenzo, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  


Na sequência, iniciamos nossa suave subida pela Via Roma para conhecer os famosos palácios de Gênova erguidos entre os séculos XV e XVII, conhecidos como Palazzi dei Rolli.




Via Roma, na altura do n. 17; a rua, construída entre 1866 e 1877 em conjunto com a paralela Galleria Mazzini, serviu de ligação entre a Via Assarotti e o trecho final da Via Carlo Felice, criando uma ligação direta entre o bairro de Castelletto e o centro. Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  


No final da Via Roma, nos deparamos com Piazza Corvetto do século XIX, que está na junção do sistema viário estelar, que foi executado segundo um modelo francês; a praça elíptica foi construída em homenagem a Luigi Emanuele Corvetto, um político genovês da era napoleônica, e é caracterizada pela grande estátua equestre de bronze de Vittorio Emanuele II de Saboia, assente num pedestal de granito.


O Monumento Equestre a Vittorio Emanuelle II, soberano do Reino da Sardenha-Piemonte e, posteriormente, rei da Itália, foi inaugurado, no centro da rotatória, em 18 de julho de 1886, na presença de Umberto I, então rei da Itália, sendo obra do escultor milanês Francesco Barzaghi.


Vittorio Emanuele II não é muito apreciado por alguns genoveses: apesar da dedicatória inscrita no pedestal - "Ao rei Vittorio Emanuele II, fundador da Unidade Nacional, os genoveses" -, a estátua tem sido alvo de polêmicas e disputas em razão de uma frase que lhe é atribuída, referente aos habitantes de Gênova, definidos como uma "raça vil e infectada de canalhas", numa carta escrita em 8 de Abril de 1849, nos tempos da repressão armada, conhecida como "Saque de Gênova" ou "Motim de Gênova", que resultou na morte de muitos cidadãos, levado a cabo pelos soldados comandados pelo general Alfonso La Marmora; esses cidadãos se revoltaram contra o armistício assinado pelo Reino da Sardenha-Piemonte e o Império Austríaco, logo após o fim da Primeira Guerra de Independência da Itália.


Porém, na carta supracitada, muitos entendem que o monarca não define expressamente a população genovesa como canalha, mas provavelmente se refere aos revoltosos.




Monumento Equestre a Vittorio Emanuelle II, inaugurado em 18 de julho de 1886; estátua em bronze, de autoria do escultor milanês Francesco Barzaghi, sobre pedestal em granito. Piazza Corvetto, Gênova, Cidade Metropolitana de Gênova, Região da Ligúria, Itália.  


No nosso próximo post, visitaremos alguns Palazzi dei Rolli.


Fontes


Wikipedia;


Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.







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