Cinque Terre - Região da Ligúria -Norte da Itália - 2023
- Roberto Caldas
- 21 de mar. de 2024
- 16 min de leitura

Vista da Praia de Monterosso, arenosa (mais também com seixos), onde fica o balneário Bagni Alga, com seus guarda-sóis alvicelestes e laranja-verdes, e, logo após o rochedo, da Praia livre de Tragagià, a partir do terraço da estátua de São Francisco, Colina de San Cristoforo. Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
1 - Cinque Terre
Cinque Terre é o nome coletivo das cinco aldeias de Monterosso al Mare, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore, formando o Parco Nazionale delle Cinque Terre, localizado no território da Província de La Spezia.
As cinco aldeias datam do final da Idade Média. Partindo do sudeste, a primeira é Riomaggiore; suas casas ladeiam o estreito vale do riacho conhecido como rio Maggiore, hoje coberto para servir de rua principal. Manarola é uma pequena aldeia onde as casas estão dispostas em parte sobre um esporão rochoso que desce em direção ao mar e em parte ao longo do riacho Grappa. Corniglia é a única aldeia que não foi construída na costa, mas num alto promontório que se projeta para o mar. Vernazza desenvolveu-se ao longo do riacho Vernazzola, nas encostas do contraforte rochoso que protege a aldeia do mar. E, por fim, temos o centro fortificado de Monterosso al Mare, que é uma cidade costeira que se desenvolve ao longo de dois pequenos vales e possui uma das poucas praias de seixos que existem na zona.
As Cinque Terre foram inscritas no Patrimônio Mundial da UNESCO em 1997. O parque nacional é o menor da Itália, o que permite fazer belas caminhadas pelas suas paisagens, compostas, em grande parte, de áreas cultivadas em terraços. Alguns itinerários são fáceis, como aquele que vai de Riomaggiore a Manarola, conhecido como Via de l'Amore, de cerca de 1 quilômetro.
1.a - Riomaggiore
Esta bela aldeia do século XII, cujo nome vem do Rio Maior (rio Maggiore; Rivus Major), que flui hoje abaixo dela, sob a rua principal, parece deslizar pelo morro na direção do mar.

Riomaggiore vista do mar; em destaque, no centro, a Chiesa di San Giovanni Battista. Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Via Colombo, principal de Riomaggiore, na altura do nr. 111, na qual se vê, à esquerda, o telhado do Bar Centrale Ristorante. Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Subindo a Via Colombo, no lado direito, nos deparamos com o Oratorio di Santa Maria Assunta o dei Disciplinanti.
Erguido no século XVI, o oratório abriga duas obras de notável acabamento: um tríptico "Madonna col Bambino tra i Santi Giovanni e Domenico", colocado no altar, representando Nossa Senhora com o Menino Jesus, com São João Batista e São Domingos de Gusmão nas laterais, datado do século XVI, e uma estátua esculpida em madeira, recentemente restaurada, representando a Madona com o Menino Jesus.
A estátua de madeira, chamada de "Madonna delle Catene" (Nossa Senhora das Correntes), foi datada do início do século XIV; a origem é desconhecida; as correntes evocam os períodos trágicos dos ataques dos piratas muçulmanos, dos quais foi necessário libertar os prisioneiros atacados na costa, mediante o pagamento de resgate.

Oratorio di Santa Maria Assunta o dei Disciplinanti, construído no século XVI, Via Colombo, Riomaggiore, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Altar-mor do Oratorio di Santa Maria Assunta o dei Disciplinanti, no qual se veem em destaque, no centro, o tríptico com Nossa Senhora e o Menino Jesus, ladeados, à esquerda, por São João Batista, e, à direita, por São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos; e, no lado esquerdo do altar, uma imagem esculpida em madeira conhecida como"Madonna delle Catene" (Nossa Senhora das Correntes). Riomaggiore, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Ingressando na via em direção à Chiesa di San Giovanni Battista, enxergamos a torre do Castello di Riomaggiore.
O castelo, localizado na colina Cerricò, foi inicialmente erguido pelos marqueses Turcotti, no século XIII, e depois concluído pela República de Gênova, nos séculos XV e XVI; durante o período napoleônico, foi adaptado como cemitério e, atualmente, serve de espaço cultural para eventos; hoje, resta apenas a parte externa, com as muralhas e duas grandes torres circulares.

Uma das torres e trecho da muralha do Castello di Riomaggiore, Colina Cerricò, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Num grande largo, nos deparamos com a Chiesa di San Giovanni Battista.
A igreja foi fundada em 8 de novembro de 1340 com autorização do bispo de Luni, Antonio Fieschi, como ainda hoje se pode ler na placa colocada na parte sul do edifício. A sua construção representa a centralidade da vila costeira, em comparação com as pequenas aldeias espalhadas nas encostas das colinas ao redor de Riomaggiore.
A igreja foi ampliada em 1870, altura em que, na sequência de um desabamento, após um tremor de terra, foi acrescentado um vão, que implicou na reconstrução da fachada.
O edifício sagrado tem planta basílica com três naves, com proporção idêntica entre elas; o campanário está assentado sobre uma abside quadrada; na fachada principal, a rosácea, em mármore branco de Carrara, embora restaurada, é original, enquanto as quatro estátuas dos Evangelistas, sobre pedestais, no segundo terço das quatro colunas quadradas, são obras recentes (1903). São também originais os dois portais que se abrem no lado sul, decorados com preciosos elementos zoomórficos e antropomórficos.
Na nave direita encontra-se um tríptico com Nossa Senhora e o Menino Jesus, ao centro, e São Roque e São Sebastião nas laterais, datado do início do século XVI e atribuído à oficina do Mestre de Cinque Terre.
O púlpito é adornado com um baixo-relevo representando San Martino e il povero, tra i santi Anna e Gioacchino (São Martinho de Tours e o pobre entre São Joaquim e Sant'Ana), datado de 1530.

Chiesa di San Giovanni Battista, datada do século XIV, tendo em destaque, na fachada, a rosácea de mármore branco de Carrara e as imagens dos quatro Evangelistas sobre pedestais, nas colunas quadradas, e de São João Batista com a Sagrada Cruz, patrono do templo, no alto do frontão. Via Pecunia, 47, Riomaggiore, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Altar-mor da Chiesa di San Giovanni Battista, à sua direita, vemos um púlpito de mármore, provavelmente de 1633, adornado com um baixo-relevo, datado de 1530, representando São Martinho de Tours e o pobre, ladeados por São Joaquim e Sant'Ana (esta não aparece na fotografia). Via Pecunia, 47, Riomaggiore, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Seguimos nossa viagem de barco para Manarola.
1.b - Manarola
Manarola foi citada em documento pela primeira vez no século XIII, e sua história esteve ligada aos Fieschi de Lavagna e, depois, à República de Gênova, a partir de 1273.
A sua preciosidade histórica é a Chiesa di San Lorenzo (Igreja de São Lourenço), de três naves, com uma rosácea ornamentada, localizada na Piazza Papa Innocenzo IV, cujo campanário, separado do corpo da igreja, era uma torre de observação no século XII.
A parte superior da vila que ocupa a face do rochedo acima da marina é um belo observatório do entorno e do mar; pode-se caminhar pelas trilhas entre os vinhedos dos morros ou nadar no porto/marina.

Manarola vista do mar; em destaque, o campanário branco apartado da Chiesa di San Lorenzo, que, no século XII, era um posto de observação, e o rochedo se debruçando sobre a marina/porto. Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Subindo pela rua principal da aldeia, Via Antonio Discovolo, quase chegando ao seu final, à esquerda, num largo chamado Piazza Papa Innocenzo IV, encontramos a Chiesa di San Lorenzo; a igreja foi iniciada em 1338 pelas populações das aldeias de Manarola e Volastra, conforme consta da placa do lado direito da fachada; foi dedicada à Virgem Maria, e a igreja de Volastra foi dedicada a San Lorenzo; somente no final do século XVI, o título mudou entre as duas igrejas.
A planta é basilical, com três naves, como as demais igrejas de Cinque Terre: a nave central e duas nas laterais.
A rosácea da fachada foi construída em 1375, como se pode ler na placa colocada entre esta e o portal; ela possui 12 pequenas colunas e é atribuída a Matteo e Pietro da Campilio, autores da rosácea da igreja de Corniglia; infelizmente perdeu a maior parte dos rendilhados e trevos que a caracterizavam.
O portal encontra-se atualmente desprovido das colunas, duas de cada lado, que o adornavam.
Na nave direita da igreja existe um pequeno sacrário, cuja parte superior é constituído por um baixo-relevo representando o martírio de São Lourenço; há poucos anos esse baixo-relevo se encontrava na luneta do portal de entrada.
No altar-mor encontra-se um valioso tríptico, "Madonna con il Bambino tra i santi Lorenzo e Caterina d'Alessandria e altri due Santi" (representação da Madona e o Menino Jesus entre São Lourenço, Santa Catarina de Alexandria e outros dois santos), do início do século XVI, atribuído ao Mestre de Cinque Terre. A mesma mão foi responsável pelo tríptico "San Lorenzo tra i santi Antonio abate e Bernardo da Chiaravalle" (São Lourenço entre os Santos Antônio Abade e Bernardo de Claraval), localizado na nave direita.
O campanário de pedra esbranquiçada, conhecido como Campanile Bianco, é destacado do corpo da igreja, encontrando-se de frente à fachada desta, e foi construído no século XVI sobre as ruínas de uma antiga torre de vigilância, possivelmente do século XII, para observação e defesa contra incursões sarracenas.

Chiesa di San Lorenzo, erguida no século XIV, em estilo gótico da Ligúria; em destaque a rosácea com doze colunas, aí colocada em 1375. Piazza Papa Innocenzo IV, final da Via Rocca, 17, Manarola, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

O altar-mor e a abside com teto em abóboda de canhão, tendo em sua parede um crucifixo da segunda metade do século XV; o tríptico, representando a Madona e o Menino Jesus entre São Lourenço, Santa Catarina de Alexandria e outros dois santos, não se encontrava, no dia, sobre o altar, provavelmente porque estava sendo restaurado. Chiesa di San Lorenzo, Piazza Papa Innocenzo IV, final da Via Rocca, 17, Manarola, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Imagem de San Lorenzo, patrono da templo sagrado, segurando, com a mão direita, a palma de mártir e a grelha empregada no seu suplício, e, com a esquerda, o livro do Evangelho. Chiesa di San Lorenzo, Piazza Papa Innocenzo IV, final da Via Rocca, 17, Manarola, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
O Oratorio dei Disciplinati, também chamado de Oratorio della Santissima Annunziata o degli Azzurri, está localizado na Piazza Papa Innocenzo IV, nas proximidades da Chiesa di San Lorenzo, e tem suas origens no século XV.

Oratorio dei Disciplinati o della Santissima Annunziata, edifício religioso do século XV. Piazza Papa Innocenzo IV, Manarola, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Vista de Manarola e do mar, a partir do terraço ao lado do Campanile Bianco (Campanário Branco da Chiesa di San Lorenzo). Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Belo edifício externamente bem decorado com uma pintura de São Jorge combatendo o dragão (San Giorgio che combatte il drago), datada de 1998, Via Antonio Discovolo, 280, Manarola, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Embarcados novamente em direção a Corniglia.
1.c - Corniglia
No alto de um cabo que se joga sobre o mar e rodeada por vinhedos e olivais, Corniglia é a única vila das Cinque Terre que não é facilmente acessível pelo mar.
O seu nome deriva dos proprietários do território na época romana, Gens Cornelia, e era famosa na antiguidade pelo seu vinho, como comprovam algumas ânforas encontradas em Pompeia, nas quais estava presente o nome "Cornelia", e como Boccaccio também a lembra por esse motivo na segunda novela da décima jornada, no livro "Decamerão": conta-se a história de um Abade de Cluny que tornou-se prisioneiro de Ghino di Tacco; o abade estava com dor de estômago; o carcereiro curou o religioso com um remédio muito especial: duas fatias de bom pão torrado servidas sobre uma toalha branca, acompanhadas de um copo de vinho Vernaccia di Corniglia.
As vielas e casas de pedra da aldeia encontram-se no entorno da Via Fieschi, a sua rua principal.
A Chiesa di San Pietro está localizada no lado oposto ao centro da vila. Foi construída em 1334, em estilo gótico da Ligúria. Possui três naves e fachada em mármore. Seu interior, posteriormente, foi remodelado em estilo barroco.
No dia 29 de junho celebra-se o padroeiro com uma procissão que vai da igreja até a esplanada de Santa Maria e se degusta o prato típico de Corniglia, a torta de arroz.

Corniglia vista do Mar da Ligúria; em destaque, a Chiesa di San Pietro, localizada na Via Fieschi, 19, com sua torre branca. Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Seguindo no mar para Vernazza.
1.d - Vernazza
Uma das vilas mais belas da Itália, Vernazza tem fileiras de casas altas, pintadas de ocre, amarelo e pêssego, distribuídas no alto e ao redor dos rochedos de um promontório curvo que se lança em direção ao mar.
Um dos monumentos símbolos da aldeia é o Castello Doria, que domina sobre o mar, do qual permanecem a torre circular e partes das muralhas; datado do século XI, fazia parte de um sistema de defesa mais amplo, que incluía uma muralha e fortificações na parte alta da cidade; em 1170, a vila ajudou a República de Gênova a combater e vencer os pisanos; a torre circular de vigia que restou tem base quadrangular e foi restaurada no século XX, após danos sofridos na Segunda Guerra Mundial.
Abaixo do castelo, encontra-se o Bastione Belforte (Baluarte Belforte), construído pelos genoveses.

Vernazza vista do mar; em destaque, à esquerda, a torre circular das ruínas do Castello Doria, e, à direita, o Convento dei Padri Riformati di San Francesco, do século XVII, com sua alta torre. Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Vista do Bastione Belforte e, no alto, a torre circular do Castello Doria, a partir do porto/marina de Vernazza, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Descendo da embarcação, na altura da marina/porto, avistamos a Chiesa di Santa Margherita d'Antiochia.
A igreja foi mencionada pela primeira vez em 1318; uma capela pré-existente provavelmente foi fundada no início do século XIV, porém, para alguns estudiosos, os elementos estruturais da construção atual (as colunas, os capitéis esfero-cúbicos) denotariam a sua datação da primeira metade do século XIII.
O edifício sagrado possui algumas características inconfundíveis: construído sobre as rochas da pequena baía, é composto por duas partes distintas: uma mais antiga, voltada para a praça, e a segunda, assente num grande arco de sustentação; a ampliação da igreja, realizada entre os séculos XVI e XVII, levou à destruição da fachada medieval original, provavelmente adornada com uma rosácea central como as outras igrejas paroquiais de Cinque Terre.
O acesso ao interior, hoje, é feito através de uma porta que se abriu na zona da abside, que dá para a praça. A planta original da igreja era de uma basílica de três naves, de nítida marca românica, evidenciada pelas robustas colunas que sustentam arcos de volta perfeita. As colunas medievais, pela utilização de pedra preta, originária das pedreiras de Mesco, distinguem-se das mais recentes, renascentistas, construídas em arenito.
A torre sineira está assentada em quatro pilares da igreja e tem base quadrangular, elevando-se depois em forma octogonal; em comparação com a época da sua primeira construção, foi remodelada e elevada, com adição de uma cúpula, alcançando, hoje, cerca de 40 metros de altura; pela sua proximidade com o mar e pela sua grandiosidade, representava um ponto forte do sistema de defesa de Vernazza.
A atual mesa do altar da igreja, na sala central do presbitério, é a original, recolocada no local após as restaurações do século passado. Na abside existe um tabernáculo que data do século XV. A pia batismal foi criada a partir de um púlpito do século XVII.

Atual entrada da Chiesa di Santa Margherita d'Antiochia, na zona da abside (fundo da igreja); destaque para a torre sineira, na parte superior, em forma octogonal, finalizada por uma cúpula, alcançando cerca de 40 metros. Vernazza, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Interior da Chiesa di Santa Margherita d'Antiochia, Vernazza, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Imagem de Santa Margarida de Antioquia, provavelmente esculpida em mármore branco, tendo, aos seus pés, o dragão (Satanás), que, durante seu suplício, a engoliu, mas a santa rasgou a pele do animal utilizando um crucifixo (que está representando, na imagem, na frente de seu corpo) e conseguiu sair de dentro dele viva; obra de Giuliano Carro, 2003. Chiesa di Santa Margherita d'Antiochia, Vernazza, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Continuamos nosso passeio, indo para a última vila das Cinque Terre: Monterosso al Mare.
1.e - Monterosso al Mare
Monterosso al Mare, situada entre Punta Mesco e Punta Corone, é a mais populosa das Cinque Terre . A vila está dividida em duas partes: a leste, a zona residencial de Fegina, com sua famosa praia de mesmo nome, o passeio marítimo e a estação ferroviária; a oeste, separada pela colina de San Cristoforo ou dei Cappuccini, a antiga vila e o pequeno porto, onde atracam os barcos e a praia de areia.
Um primeiro assentamento da Idade Media é atestado no século IX, construído sobre a colina dos Capuchinhos. Pouco depois do ano 1000, os habitantes começaram a descer para a enseada natural, e o pequeno centro começou a crescer em número, sendo protegido pelas muralhas levantadas por determinação da casa lombarda dos Obertenghi. No século XI, o feudo passou para os Fieschi di Lavagna, no século XII, para a família local dos senhores de Lagneto e depois, no século XIII, Monterosso al Mare entrou na órbita genovesa, iniciando um progressivo desenvolvimento agrícola e comercial. Em 1545 a aldeia foi vítima de uma terrível incursão de piratas berberes liderados pelo corsário otomano Dragut. Com a chegada de Napoleão, Monterosso acompanhou as vicissitudes do domínio francês e o nascimento do Reino da Itália.

Monterosso al Mare vista do mar; em destaque, no alto da colina rochosa de San Cristoforo, o Convento dei Frati Cappuccini, com os muros amarelos, e, embaixo, a Torre Aurora; à direita, o centro histórico e a Spiaggia di Monterosso. Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
O centro histórico é um tesouro de obras de arte, a começar pela Chiesa di San Giovanni Battista, construída entre o final do século XIII e início do século XIV.
A igreja, de planta basilical com três naves, possui a fachada típica de puro estilo gótico genovês, com faixas bicolores verde (mineral serpentina) e branco, material oriundo das pedreiras de Mesco, e com uma bela rosácea central, em mármore branco, ricamente esculpida e disposta sobre o portal principal; na luneta do portal há um afresco do século XVIII retratando o "Battesimo di Cristo" (Batismo de Cristo).
O campanário medieval, erguido como torre de guarda e defesa, fazia parte do sistema defensivo da vila.

Chiesa di San Giovanni Battista, entre final do século XIII e início do XIV, com a tradicional fachada em estilo gótico genovês, composta por faixas horizontais bicolores e expondo, na luneta sobre o portal, um afresco do século XVIII retratando o "Battesimo di Cristo"(Batismo de Cristo), e, mais acima, a rosácea em mármore branco. Via Roma, 12, Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Continuamos nosso passeio subindo a colina de San Cristoforo pela Salita dei Cappuccini, quando, quase no cume da elevação, nos deparamos com o Convento dei Frati Cappuccini e San Francesco.
A origem do convento remonta ao início do século XVII, provavelmente 1618; o edifício sagrado ficou fechado durante o período napoleônico e foi reaberto em 1816; pouco depois, os frades tiveram que abandonar novamente a estrutura, que também serviu de hospital para os trabalhadores doentes de cólera que trabalhavam na ferrovia Gênova-La Spezia, inaugurada em 1874.
Os capuchinhos regressaram para lá em 1894. Agora foi transformado em estrutura de acolhimento espiritual. Ao lado do convento fica a Chiesa di San Francesco, um edifício simples de nave única.
A Chiesa di San Francesco abriga pinturas valiosas, incluindo uma "Crocifissione" (Crucificação), atribuída a Antoon van Dyck, pintor flamengo (atual Bélgica) do século XVII, mas cuja autoria ainda permanece uma incógnita, e um "San Girolamo Penitente" (São Jerônimo Penitente) do pintor da Ligúria Luca Cambiaso, do século XVI.

Fachada com faixas horizontais pretas e brancas da Chiesa di San Francesco, de nave única, pertencente ao antigo Convento dei Frati Cappuccini e San Francesco. Salita dei Cappuccini, colina de San Cristoforo, Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

O altar-mor da Chiesa di San Francesco, que conserva uma imagem do século XVIII da Imaculada Conceição, ocultada por um retábulo móvel, este retratando a “Madonna degli Angeli” (Nossa Senhora dos Anjos) tendo aos seus pés São Francisco de Assis, no episódio conhecido como “Perdono d’Assisi” (Perdão de Assis), de 1896, de autoria do pintor Oldoino Multedo. Salita dei Cappuccini, colina de San Cristoforo, Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

O presépio montado no interior da igreja, uma das representações mais caras à tradição franciscana, lembrando o exemplo de Greccio, criado por São Francisco em 1223. Chiesa di San Francesco, Salita dei Cappuccini, colina de San Cristoforo, Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Descendo para o litoral, ainda na colina de San Cristoforo, logo abaixo do convento, em posição dominante em relação à vila e à costa, foi erguida em 1962 a estátua de bronze de São Francisco, de autoria de Silvio Monfrini.

Estátua em bronze de São Francisco de Assis, o amigo dos animais, de autoria de Silvio Monfrini, realizada em 1962. Colina de San Cristoforo, Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Debruçando sobre a grade de proteção do terraço da estátua de São Francisco, na direção Sul, vimos a Torre Aurora, com vista para o mar, construída por Gênova no século XVI como parte do sistema defensivo da vila, hoje uma propriedade privada. Logo abaixo da torre pode-se ver um bunker da Segunda Guerra Mundial.

Torre Aurora, erguida no século XVI pela República de Gênova. Ponta da Colina de San Cristoforo, Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.

Vista da Praia de Monterosso, arenosa (mais também com seixos), onde fica o balneário Bagni Alga, com seus guarda-sóis alvicelestes e laranja-verdes, e, logo após o rochedo, da Praia livre de Tragagià, a partir do terraço da estátua de São Francisco, Colina de San Cristoforo. Monterosso al Mare, Parco Nazionale delle Cinque Terre, Província de La Spezia, Região da Ligúria, Itália.
Como ninguém é de ferro, nós fomos nos banhar no mar da Spiaggia di Fegina (mistura de areia com seixos).
Voltamos de Monteresso al Mare para La Spezia utilizando o trem, e, lá, pegamos nosso carro e nos dirigimos para a localidade de La Foce, onde pernoitamos.
2 - Località La Foce, La Spezia
Pernoitamos no simpático Hotel Nella, Via Genova, 591, na localidade La Foce; fundado em 1921 e gerido pela mesma família desde então, o hotel está situado nas colinas verdes, a 235 metros acima do nível do mar, com vista para o Golfo della Spezia, a poucos quilômetros do centro da cidade, num ambiente tranquilo.

Hotel Nella, um simpático local para pernoitar, no entorno de La Spezia. Via Genova, 591, Località La Foce, La Spezia, Província de mesmo nome, Região da Ligúria, Itália.
Jantamos num restaurante bem próximo, Hosteria Bertolini, especializado em frutos do mar; restou uma lembrança deliciosa.

Minha entrada: um Tartare di Tonno con Burrata (Tartar de Atum com Burrata). Hosteria Bertolini, Via Montalbano, 1, Località La Foce, La Spezia, Província de mesmo nome, Região da Ligúria, Itália.

Entrada da Eunice: Antipastino di terra - Salumi (Aperitivos da Terra - Embutidos). Hosteria Bertolini, Via Montalbano, 1, Località La Foce, La Spezia, Província de mesmo nome, Região da Ligúria, Itália.

Prato da Eunice: Gamberi Fritti Interi (Camarões Fritos Inteiros). Hosteria Bertolini, Via Montalbano, 1, Località La Foce, La Spezia, Província de mesmo nome, Região da Ligúria, Itália.

Meu prato: Tentacoli di Polpo (Tentáculos de Polvo), Hosteria Bertolini, Via Montalbano, 1, Località La Foce, La Spezia, Província de mesmo nome, Região da Ligúria, Itália.
Na manhã seguinte, partimos para Parma, que veremos no próximo post.
Fontes:
Wikipedia;
Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.
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