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Berlim - Parte IV - e Potsdam - Alemanha - 2010

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 22 de abr. de 2022
  • 18 min de leitura

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Pátio do Schloss Cecilienhof, palácio construído entre 1914 e 1917; Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.


1- Berlim (continuação do post Berlim - parte III)


Eu e Eunice continuamos nosso passeio por Berlim, agora explorando o famoso Gendarmenmarkt (Mercado dos "Gendarmes"), que faz referência ao nome pelo qual os franceses chamam os policiais ou soldados da lei, que, por sua vez, se originou do francês antigo gens d'armes, ou seja, homens de armas.


O nome do lugar, quando de sua criação, de acordo com os planos de Johann Arnold Nering, no final do século XVII, era Linden-Markt.


Como exemplo de tolerância religiosa, o príncipe-eleitor Frederico Guilherme I de Brandemburgo, conhecido como "Grande Eleitor", por meio do édito de Potsdam, datado de 1685, concedeu direitos civis e proteção de liberdade religiosa aos imigrantes huguenotes franceses. Com base na norma, o seu filho, então príncipe-eleitor Frederico III, posteriormente rei Frederico I na Prússia, concedeu o espaço da praça aos que compunham a comunidade luterana (nesta época, a igreja preponderante no Estado da Prússia era a igreja reformada - calvinista) e aos huguenotes franceses para que construíssem suas respectivas igrejas. Por volta de 1708, já existiam ambos os templos, porém sem as torres.


O nome atual foi dado, em 1799, em razão da instalação no lugar, no início do século XVIII, das cavalariças de um regimento encouraçado de gens d'armes, por determinação do rei Frederico Guilherme I, o rei-soldado, guarnição que permaneceu até 1773.


Em 1774, o rei Frederico II da Prússia, por meio do projeto do arquiteto Georg Cristian Unger, reconstruiu a praça.


Entre 1780 e 1785, ainda no reinado de Frederico II, com base nos planos de Carl von Gontard, foram construídas as torres com os domos gêmeos nas duas igrejas, seguindo o modelo da Piazza del Popolo em Roma. Entre elas, ergueu-se um pequeno teatro francês. Em 1802, esse teatro foi substituído por um Teatro Nacional, projeto do arquiteto Carl Langhans, que, por sua vez, após ter sido bastante danificado por um incêndio, em 1817, deu lugar à construção do Konzerthaus (Casa de Concerto), um templo neoclássico, inspirado na antiguidade grega, planejado por Friedrich Schinkel e terminado em 1821.


Em frente ao Konzerthaus, ergueu-se o Monumento a Schiller, obra do escultor Reinhold Begas, o mesmo da Fonte de Netuno, tendo sido inaugurado em 1871.




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Representação do Gendarmenmarkt, por volta de 1788, pintura de Carl Traugott Fechhelm, na qual se vê, no primeiro plano, à esquerda, o pequeno Teatro Francês, e, ao centro-direita, a Französischer Dom (Catedral Francesa), erguida para a comunidade dos imigrantes huguenotes franceses. Par Carl Traugott Fechhelm. — Gemälde von Carl Traugott Fechhelm., Domaine public, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=45345646.




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Representação do Gendarmenmarkt, por volta de 1815, aquarela de Friedrich August Calau, na qual se vê, no primeiro plano, à direita, o Teatro Nacional (que substituiu o teatro francês), e, à esquerda, a Deutscher Dom (Catedral Alemã), erguida para a comunidade luterana. Par Friedrich August Calau — Wolfgang Schneider: Berlin. Gustav Kiepenheuer Verlag, Leipzig und Weimar 1983, S. 215., Domaine public, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=391773.



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Konzerthaus, inaugurado em 1821, obra-prima do arquiteto Karl Friedrich Schinkel; estilo neoclássico, inspirado na antiguidade grega, tendo, à frente, seis colunas jônicas encimadas por um frontão triangular; sobre o frontão superior, a estátua de Apolo em um carro puxado por grifos; as estátuas e os relevos foram esculpidos por Christian Friedrich Tieck, com base nos desenhos de Schinkel; na frente do teatro, ergueu-se a estátua do grande poeta alemão Friedrich Schiller, obra de Reinhold Begas, inaugurada em 1871. Gendarmenmarkt, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


A Neue Kirche (Igreja Nova), conhecida como Deutscher Dom (Catedral Alemã), foi construída entre 1701-1708, obra de Martin Grünberg, que foi erguida para ser local de culto simultâneo dos integrantes das igrejas reformadas luterana e calvinista, que empregavam como língua nativa o alemão, como contraponto da Französischer Dom (Catedral Francesa), utilizada pelos huguenotes (calvinistas) de língua francesa.


Em 1780, o rei Frederico II da Prússia, o Grande, encomendou a Carl von Gontard a construção do domo (cúpula) não funcional, terminado em 1785. Posteriormente, o espaço foi utilizado para instalar a Associação Histórica de Berlim.




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Neue Kirche (Igreja Nova) ou Deutscher Dom (Catedral Alemã), concluída em 1708; o domo (cúpula) foi construído de 1780 a 1785. Gendarmenmarkt, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


A Französische Friedrichstadtkirche (Igreja Francesa da Cidade de Frederico), conhecida como Französischer Dom (Catedral Francesa), foi erguida entre 1701 e 1705, com base nos planos de Jean Cayart e Abraham Quesnay para os refugiados religiosos reformados franceses (calvinistas), os chamados huguenotes. A parte interna do templo é de grande simplicidade, com ausência de imagens ou cruzes, respeitando o caráter reformador da igreja.


A torre e o domo, sem função específica, foram adicionados entre 1780 e 1785, por iniciativa do rei Frederico II da Prússia, que contratou o arquiteto Carl von Gontard para isso, à semelhança da igreja gêmea alemã. O espaço, posteriormente, foi utilizado para abrigar o Museu Huguenote.




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Französische Friedrichstadtkirche (Igreja Francesa da Cidade de Frederico) ou Französischer Dom (Catedral Francesa), concluída em 1708; o domo (cúpula) foi construído de 1780 a 1785. Gendarmenmarkt, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


Em uma das esquinas do Gendarmenmarkt, entramos na loja da então intitulada Fassbender & Rausch Chocolatiers, que produz e comercializa produtos feitos com chocolates finos.


Em 1863, Heinrich Fassbener criou uma confeitaria em Berlim; seus chocolates eram tão bons que ele passou a ser fornecedor da corte prussiana.


Wilhelm Rausch, filho de um chocolateiro, inaugurou, em 1918, sua própria loja em Berlim.


O grupo Rausch, em 1989, comprou a empresa Fassbender, juntamente com todas as suas receitas, e, em 1999, abriu a loja no Gendarmenmarkt, com 1.500 metros quadrados de espaço, a maior casa de chocolate da Europa. Hoje o grupo chama-se apenas Rausch, e a loja da praça Rausch Schokoladenhaus.


A loja é famosa por abrigar grandes esculturas de chocolate representando alguns dos monumentos e edifícios mais significativos de Berlim, como o Reichstag, o Portão de Brandemburgo, a Igreja Memorial e até mesmo o Titanic.




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Interior da então loja da Fassbender & Rausch Chocolatiers, hoje apenas Rausch Schokoladenhaus, localizada na Charlottenstrasse, 60. Gendarmenmarkt, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


A Alemanha, no fim da Segunda Guerra Mundial, foi partida: no oeste, controlado pelos países aliados ocidentais, Estados Unidos, Reino Unido e França, criou-se, em 1949, a República Federal da Alemanha-RFA (capitalista); no leste, controlado pelos soviéticos, no mesmo ano, fundou-se a República Democrática Alemã-RDA (comunista).


Berlim, apesar de se encontrar totalmente na parte controlada pela União Soviética, emulou o modelo adotado no país, ou seja, o lado leste ficou sob o governo da RDA (comunista), enquanto o oeste, sob o controle da RFA (capitalista).


Em razão dessa divisão, houve dificuldade no controle da passagem entre as "Berlins" ocidental e oriental, o que motivou a RDA, em 1961, a selar suas fronteiras, erguendo o que o governo comunista chamou "Muro de Proteção Antifacista", popularmente conhecido como Muro de Berlim, que se tornou um dos símbolos da chamada Guerra Fria, o conflito mundial, sem grandes combates ostensivos, entre o lado ocidental (capitalista), capitaneado pelos Estados Unidos da América-EUA, e o oriental (comunista), comandado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS.


Transcrevemos o que foi citado sobre o Muro de Berlim no guia turístico "Alemanha, dia a dia", da Frommer's, às fls. 66/67:


"(...) Ficou evidente que a barreira recém-construída foi projetada não para manter os inimigos externos do lado de fora, mas os próprios cidadãos da Alemanha Oriental dentro, terminando com a emigração da Alemanha Oriental para a Ocidental, que estava enfraquecendo o estado alemão oriental.


"Nas quase três décadas da sua existência, o Muro de Berlim foi fortemente 'melhorado'. A barreira rudimentar inicial foi substituída por um muro de concreto e, posteriormente, por uma rede profunda de obstáculos e armadilhas mortais, culminando com uma barreira de concreto reforçado. E ainda havia o apoio de guardas armados com ordem de atirar em eventuais desertores à vista, cachorros de ataque em longas linhas, torres de observação e bunkers.


"Acredita-se que em torno de 5 mil pessoas tenham desertado com sucesso para o oeste passando através, por baixo ou por cima do muro. Estimativas do número de pessoas mortas em tentativas variam de uma oficial, de 136, a mais de 200, essas não oficiais (...)".




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Muro de Berlim, em julho de 1988, no qual se vê um guarda de fronteira da Alemanha Oriental.https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2c/Berliner_Mauer%2C_ostdeutscher_Grenzer_beobachtet_R%C3%A4umung_des_Kubat-Dreieck.jpg/800px-Berliner_Mauer%2C_ostdeutscher_Grenzer_beobachtet_R%C3%A4umung_des_Kubat-Dreieck.jpg




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Momento em que o Hans Conrad Schumann, soldado do Exército Popular Nacional da RDA, que se encontrava de sentinela no Muro de Berlim, em 15/08/1961, salta sobre serpentina, fugindo para Berlim Ocidental; imagem capturada pelo fotógrafo alemão Peter Leibing. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:East_German_Guard_-_Flickr_-_The_Central_Intelligence_Agency_(cropped).jpg#/media/File:East_German_Guard_-_Flickr_-_The_Central_Intelligence_Agency_(cropped).jpg


Em 1989, o projeto de liberalização na União Soviética, iniciado pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, começou a espalhar-se pela Europa Oriental, influenciando os alemães orientais, que passaram a pressionar os líderes comunistas da RDA para fazer o mesmo, inclusive abrindo alguns pontos determinados nas fronteiras para Berlim Ocidental.


Resultado disso é que, em 9 de novembro de 1989, os habitantes de Berlim Oriental cercaram os pontos de cruzamento nas fronteiras; os guardas, não querendo empregar a força contra os populares, abriram os portões, e estes passaram a demolir partes do Muro de Berlim, episódio conhecido como "Queda do Muro de Berlim", ação que se estendeu por vários meses até quase o desaparecimento total da edificação.




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Cidadão participando da Queda do Muro de Berlim, em dezembro de 1989. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:BerlinMauer1989-1.jpg#/media/Datei:BerlinMauer1989-1.jpg


Alguns trechos do Muro de Berlim ainda são preservados, como memória dos terríveis tempos em que alemães, muitos deles parentes, ficaram divididos por uma ideologia odiosa.


São autorizados grafites, alguns passando mensagens de paz, outros lembrando episódios da época da Guerra Fria, como a reprodução da famosa fotografia do líder soviético Leonid Brejnev beijando, em 1979, na boca, o líder da Alemanha Oriental Erich Honecker, feita pelo artista Dmítri Vrúbel, no trecho do Muro de Berlim ao longo do rio Spree.




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Muro de Berlim à margem do rio Spree; à direita, a reprodução do famoso "beijo fraternal" entre o líder da União Soviética Leonid Brejnev e o líder da RDA Erich Honecker, obra do artista Dmítri Vrúbel, intitulada “Meu Deus, Ajuda-me a Sobreviver a Este Amor Mortal”. Berlim, cidade-estado, Alemanha.




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Muro de Berlim, a East Side Gallery, Mühlenstrasse, Berlim, cidade-estado, Alemanha.




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Estádio Arena O2 World, atualmente Mercedes-Benz Arena, Mühlenstrasse, 19, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


Como já havíamos falado no post Berlim - parte I, na época dessa visita à Alemanha, meu colega de Academia Militar das Agulhas Negras, Coronel de Infantaria Klauss Erich Klein, era adido militar na capital desse belo país.


O adido militar, que representa uma ou mais das Forças Armadas brasileiras em determinado país, fica sediado, normalmente, nas instalações da Embaixada brasileira; no caso da Alemanha, em um prédio na Wallstrasse, em Berlim.




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Prédio onde funciona a Embaixada e a Aditância Militar na Alemanha, nós na companhia dos amigos Klauss e Tatiane Klein. +4 Wallstrasse, 57, 10179, Mitte, Berlim, cidade-estado, Alemanha.




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Aditância Militar, gabinete do adido militar, Coronel Klein. +4 Wallstrasse, 57, 10179, Mitte, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


No dia de nossa visita ao trabalho do amigo Klein, fomos almoçar em um restaurante de pescados e frutos do mar, chamado Marinehaus Restaurant und Kneipe; o estabelecimento funciona em um prédio histórico, conhecido como "Almirantado", que foi sede da autoridade marítima por volta de 1900; entre 1918/19, o referido prédio abrigou brevemente o quartel-general da Divisão da Marinha do Povo, de orientação comunista, cujas formações armadas de trabalhadores e soldados revolucionários lutaram ao lado do proletariado de Berlim na chamada Revolução Alemã de 1918, iniciada em outubro daquele ano.




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Marinehaus Restaurant und Kneipe, almoço na companhia de Klauss Erich Klein, da sua mãe Gessi Klein, e da sua esposa Tatiane Klein; o lugar, conhecido como "Almirantado", foi sede da autoridade marítima por volta de 1900, e entre 1918/19, abrigou o quartel-general da Divisão da Marinha do Povo. Märkisches Ufer, ns. 48-50, 10179, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


Também tivemos oportunidade de participar de um almoço com todos os membros da família Klein que se encontravam em Berlim, degustando comida italiana no Ristorante Pizzeria Romantica, também no bairro Mitte.



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Ristorante Pizzeria Romantica, na companhia, no sentido horário, de Klauss Klein, Tatiane, Gessi, Arthur e Henrique. Memhardstrasse, 3, 10178, Berlim, cidade-estado, Alemanha.


Como a visita ocorreu durante a Copa do Mundo de Futebol de 2010, sediada pela África do Sul, eu, Eunice, Klein e Tatiane fomos assistir à partida Brasil x Costa do Marfim em um espaço, com comidinhas e bebidas, nas proximidades do Checkpoint Charlie.



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Assistindo ao jogo Brasil 3 x Costa do Marfim 1, ocorrido em Johannesburg, África do Sul, na Copa do Mundo de Futebol de 2010, por meio de um telão instalado em um espaço de degustação na Friedrichstrasse, 47, próximo ao Checkpoint Charlie. Berlim, cidade-estado, Alemanha.



2- Potsdam


Tatiane e Gessi nos fizeram a gentileza de proporcionar um passeio a Potsdam, capital do Estado Federado de Brandemburgo, cidade histórica e de importância mundial, tendo sediado uma das conferências de paz realizadas no final da Segunda Guerra Mundial.


Potsdam foi fundada provavelmente no século X, tendo sido mencionada pela primeira vez em 993. Durante a maior parte de sua história, foi uma cidade pequena e sem importância, até que Frederico Guilherme I, o Grande Eleitor de Brandemburgo, a transformou em sua segunda residência, criando um surto de desenvolvimento a partir de 1660.


Com a entrada em vigor, em 1685, do Edito de Tolerância (religiosa) de Potsdam, as áreas do entorno passaram a ser repovoadas, particularmente pelos huguenotes franceses, perseguidos no seu pais, predominantemente católico.


O neto dele, Frederico Guilherme I, rei na Prússia, conhecido como rei soldado ou rei sargento, criou no local uma importante guarnição militar, transformando parte da cidade em uma fortaleza; para a Guarda de Potsdam (pessoal do rei), recrutou homens com estatura de pelo menos 1,88 metros, vindos de todas as partes da Europa. Determinou, também, a criação de um orfanato militar, na Breitestrasse, com o fim de atender, ensinar e treinar os filhos dos militares.


Mas quem mais contribuiu para o embelezamento e a importância de Potsdam, no reino, foi o filho dele, Frederico II, o Grande, tornando-a sede do poder real, quando construiu o Palácio Sanssouci, redesenhando o parque de mesmo nome. Também, para demonstrar poder e rivalizar com Versalhes, Frederico II mandou construir, no parque, o monumental Neues Palais (Novo Palácio).


Após a ocupação napoleônica, em 1815, o rei Frederico Guilherme III tornou Potsdam em um centro administrativo, estabelecendo numerosos funcionários na cidade.


Com o fim da monarquia, em 1918, Potsdam perdeu seu status de cidade residencial.


No final da Segunda Guerra Mundial, Potsdam foi o centro da atenção mundial, quando, de 17 de julho a 2 de agosto de 1945, no Palácio Cecilienhof, foi realizada a Conferência de Potsdam, reunindo as potências vitoriosas Estados Unidos da América, Reino Unido e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.


Foi na sua residência temporária, no quarteirão Potsdam-Babelsberg, que o presidente americano Harry Truman, em 25 de julho de 1945, ordenou os ataques com bombas atômicas às cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, que ainda não havia capitulado, ao contrário de seus aliados do Eixo, Alemanha e Itália. No dia seguinte, Truman e o primeiro-ministro britânico Churchill definiram os termos da capitulação do Japão.


Após a reunificação alemã, com o restabelecimento do Estado de Brandemburgo em 1990, Potsdam passou a ser sua capital.


O Schloss Cecilienhof , erguido entre 1914 e 1917, por ordem do imperador Guilherme II, para servir de residência ao príncipe herdeiro Guilherme e da sua esposa Cecilie Auguste Marie Herzogin zu Mecklenburg-Schwerin, que deu o nome ao palácio. O projeto foi do arquiteto alemão Paul Schultze-Naumburg, inspirado no estilo inglês Tudor, com briques (tijolos crus) e enxaimel (molduras de madeira conectadas entre si em diferentes posições).


Mesmo após o fim da Primeira Guerra Mundial, com a derrota da Alemanha e o fim da monarquia alemã, o palácio ficou sob o poder da princesa Cecilie, agora sem a presença do marido, que se exilou na companhia do seu pai, o imperador Guilherme II, nos Países Baixos.


Cecilie, agora separada do marido, se dedicou, no palácio, à sua grande paixão, recebendo lá grandes músicos e regentes, dentre eles, o jovem e, no futuro, famoso internacionalmente, o austríaco Herbert von Karajan, uma dos maiores maestros de música erudita do século XX, e ligado à Orquestra Filarmônica de Berlim. A princesa permaneceu no castelo até o fevereiro de 1945, quando teve que fugir ante a ameaça de invasão do Exército Vermelho, da União Soviética.


O grande salão de Cecilienhof, de 17 de julho a 2 de agosto de 1945, foi transformado em sala de conferências mobiliada com uma grande mesa redonda trazida de Moscou, na qual Stalin, líder soviético, Harry Truman, presidente dos Estados Unidos da América, e Churchill, substituído posteriormente por Attlee, primeiros-ministros britânicos, se reuniram para estabelecer as zonas de ocupação, a desmilitarização e o monitoramento da Alemanha, a punição dos criminosos de guerra e as reparações que o Estado Alemão devia aos aliados vitoriosos. A reunião passou à história com o nome Conferência de Potsdam.




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Entrada do Schloss Cecilienhof, inaugurado em 1917, estilo Tudor, com seus briques (tijolos crus) e enxaimel; nós na companhia de Gessi Klein. Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.





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Sala de Estar do Cecilienhof. Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Churchill, Truman e Stalin no jardim do Palácio Cecilienhof, em 25 de julho de 1945, durante a Conferência de Potsdam, Par Auteur inconnu ou non renseigné — U.S. National Archives and Records Administration, Domaine public, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=17060795




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Mesa redonda utilizada na Conferência de Potsdam, trazida de Moscou, na qual estiveram reunidos Stalin, Truman e Churchill, em 1945. Cecilienhof, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.


O Park Sanssouci é um dos parques mais bonitos da Europa, ocupando cerca de 287 hectares, e abriga um complexo palaciano prussiano, erguido pela dinastia Hohenzollern, iniciado pelo Schloss Sanssouci (que significa, em francês, "despreocupado", na atualidade, "sem estresse"), em 1747.


O rei Frederico II da Prússia, o Grande, mandou erguer, entre 1745 e 1747, um palácio de verão, inspirado no estilo rococó (movimento artístico europeu do século XVIII, inspirado no barroco, por seu gosto pelas formas e desenhos complexos, por vezes rebuscados, mas integrando também, para se diferenciar, formas orientais e composições assimétricas), que ficou conhecido como rococó friderizianisches.


O projetista foi o arquiteto Georg Wenzeslaus von Knobelsdorff, e serviu como residência privada do rei, longe das solenidades da corte berlinense.


Na prática, o rei passou a residir no palácio Sanssouci, enquanto sua esposa, Elisabeth Christine von Braunschweig-Wolfenbüttel-Bevern, vivia no Berliner Schloss (Palácio de Berlim); o casal se encontrava somente nas cerimônias oficiais e, raramente, nos aniversários, e não deixaram descendência, tanto que quem herdou o trono foi seu sobrinho Frederico Guilherme II.


Aqui, Frederico II, um déspota esclarecido, apaixonado por literatura, filosofia e música - inclusive era compositor erudito e instrumentista - recebia seus convidados mais próximos, inclusive o famoso iluminista francês Voltaire.


Frederico II, seu idealizador, morreu, sentado na sua mesa de trabalho, em 1786, aos 74 anos, estando seus restos mortais depositados no pátio, sob uma lousa simples, ao lado de seus animais de estimação.


No século XIX, o palácio tornou-se residência do rei Frederico Guilherme IV, tendo ele contratado o arquiteto Ludwig Persius para aumentar o prédio, bem como o pintor de aquarelas e arquiteto Ferdinand von Arnim para embelezar o entorno.


Sanssouci e seus jardins foram inscritos no Patrimônio Mundial da UNESCO, em 1990.




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Fachada principal e escadaria com jardim do Schloss Sanssouci, a construção, inicialmente, contando com dez dependências no prédio principal, ladeado por duas alas onde ficavam as dependências dos serviçais, se estende em um único nível, no alto de uma colina em terraços. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Fachada sul do pavilhão central arredondado do Sanssouci, cujo domo se eleva sobre o teto; sob o lintel, letras de bronze dourado anunciam o nome do palácio; a fachada é decorada com figuras de atlantes (masculinas) e cariátides (femininas) que sustentam o lintel, agrupadas aos pares entre as janelas; as esculturas de ambos os sexos, feitas em pedra calcária, representam as Ménades (Bacantes, para os romanos), companheiras de Dionísio (Baco, entre os romanos), o deus do vinho, cujas vinhas, espalhadas nos terraços abaixo, lhe são devidas; as esculturas são obras de Friedrich Christian Glume, também responsável pelo querubins existentes no domo. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Fachada norte do pavilhão central do Sanssouci, que contrasta com a maior exuberância da sul; uma colunata semicircular formada por duas colunas de ordem coríntia, definindo os limites do pátio principal. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha. .




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Pequena Galeria do Sanssouci; Frederico II transformou essa dependência, que seria reservada ao serviço privado do monarca, em uma pequena galeria de pinturas e esculturas, decoradas com estátuas de divindades greco-romanas e obras de pintores como os franceses Jean-Baptiste Pater e Antoine Watteau. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Sala de Música ou de Concerto do Sanssouci é considerada uma obra-prima do rococó alemão; pinturas de Antoine Pesne, sobre o tema "Metamorfoses de Ovídio", alternam-se com espelhos, entre marcenarias com palmetas e conchas. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Concerto de flauta de Frederico o Grande, na Sala de Música do Sanssouci, pintura de Adolph Menzel, produzida entre 1850 e 1852, exposta atualmente na Alte Nationalgalerie (Antiga Galeria Nacional - Ilha dos Museus). Von Adolph von Menzel - WAFEF2zy8Ym8vQ at Google Arts & Culture, Gemeinfrei, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=13318230.



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Salão de Mármore (Marmorsaal) do Sanssouci é a principal dependência do palácio; de forma elíptica, conserva o mesmo sistema da fachada norte, ou seja, pares de colunas de estilo coríntio em estuque branco e capitéis dourados, sustentando o domo; as paredes e o piso são revestidos de mármores de Carrara e da Silésia; dois nichos voltados para o parque abrigam estátuas de Urânia (a que é vista aqui) e de Apolo, realizadas pelo escultor francês François Gaspard Balthasar Adam, rendendo homenagem à musa da astronomia e da astrologia e ao deus das artes, respectivamente. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Quarto de Voltaire ou Quarto Amarelo ou Câmara de Flores do Sanssouci; ninguém sabe se Voltaire dormiu alguma vez aqui, embora tenha visitado o palácio muitas vezes; os destaques da peça são os painéis laqueados de amarelo, suas esculturas coloridas de madeira, de estuque e de ferro, nas paredes e no teto, representando guirlandas de flores e frutos, arbustos, pássaros exóticos, papagaios, garças e símios, que lhe dão um caráter agradável e alegre, que foram, na sua maior parte, idealizados pelo próprio Frederico II, e realizados por Johann Christian Hoppenhaupt, o Jovem, entre 1752 e 1753. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Grande Fonte com representações dos quatro elementos e figuras mitológicas, Jardim do Schloss Sanssouci. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Park Sanssouci, Tatiane, Gessi e Eunice, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.


No reinado de Frederico II, no Park Sanssouci, foi erguida, entre 1755-1764, a Chinesisches Teehaus ou Chinesisches Haus (Casa de Chá Chinesa), obra do arquiteto Johann Gottfried Büring.


No século XVIII e início do século XIX, foram muito populares na Europa as artes chinesas: uso de roupas feitas de seda; salas forradas com papel com desenhos chineses, móveis laqueados, tomar chá com porcelana chinesa e construir pavilhões chineses nos jardins.


É o caso desse alegre pavilhão, em estilo rococó, com formato circular; no exterior, têm-se figuras douradas em tamanho natural, isoladas ou em grupos, ao redor do edifício, representando músicos chineses e bebedores de chá, obras de Peter Benckert e Johann Gottlieb Heymüller, cujo caráter exótico se harmoniza com as colunas em formato de palmeiras douradas, do escultor suíço Johann Melchior Kambly.


O seu interior, hoje, abriga uma coleção de porcelana do século XVIII.




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Chinesisches Haus (Casa de Chá Chinesa), estilo rococó, concluída em 1764; à entrada, quatro colunas douradas em forma de palmeiras, do escultor suíço Johann Melchior Kambly; as esculturas representando chineses tocando instrumentos musicais e bebendo chá, ao redor do pavilhão, são obras de Peter Benckert e Johann Gottlieb Heymüller. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Chinesisches Haus (Casa de Chá Chinesa); detalhes das colunas em formato de palmeiras. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.


No oeste da avenida principal do Park Sanssouci encontramos um gigantesco palácio, o último construído por ordem de Frederico II, empregando pelo menos 4 arquitetos, Johann Gottfried Büring, Heinrich Ludwig Manger, Carl von Gontard e Jean-Laurent Legeay, sendo também considerado o último do barroco prussiano: o Neues Palais (Novo Palácio).


Usado para representação, ao contrário do modesto Sanssouci, no qual o rei efetivamente morava, sua construção tinha por objetivo mostrar o poder e a glória da Prússia, após as dificuldades enfrentadas durante a Guerra dos Sete Anos, encerrada em 1763, rivalizando com Versalhes.


Erguido entre 1763 e 1769, o palácio era utilizado para recepcionar os príncipes reais e outros dignitários importantes; com mais de 200 dependências, 4 grandes salões e um teatro, tudo estava disponível para as funções reais, os bailes e os grandes eventos nacionais.


Após a morte de Frederico II, o Neues Palais ficou sem uso, até que, a partir de 1859, tornou-se a residência de verão do príncipe herdeiro Frederico Guilherme, filho do futuro imperador alemão Guilherme I. Ele sucedeu seu pai apenas por 99 dias, em 1888, como imperador Frederico III, e, na companhia de sua esposa Vitória, escolheu o palácio como sua residência oficial, que, no seu curto reinado, foi conhecido como Schloss Friedrichskron (Castelo Real de Frederico).


Também permaneceu a residência preferida de seu filho e sucessor, Guilherme II, até a sua abdicação na revolução alemã de 1918, após o fim da Primeira Guerra Mundial. Esse monarca, durante seu reinado, renovou e restaurou o palácio, instalando sistema de aquecimento a vapor, banheiros nos apartamentos oficiais e eletrificação dos lustres instalados por ordem de Frederico II.


Hoje, no local funciona um museu, e o prédio foi declarado Patrimônio da Humanidade em 1990.


Na época, não podemos visitar seu interior, pois encontrava-se fechado para reforma.




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Neues Palais (Palácio Novo), erguido de 1763 a 1769, estilo barroco; a fachada principal de três andares, com 26 pilastras, tem cerca de 220 metros; no centro do edifício, foi instalado um enorme domo, sobre o qual foram colocadas as Três Graças sustentando a coroa real da Prússia. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Plano do Park Sanssouci, na época do reino de Frederico II, no qual se veem, à esquerda, o Neues Palais, e, à direita, o Schloss Sanssouci, com seu jardim, iniciado em terraços. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sanssouci_plan.jpg#/media/Fichier:Sanssouci_plan.jpg.


Ao norte do Park Sanssouci, o rei Frederico Guilherme IV, o "Romântico no Trono", mandou erguer o Orangerieschloss (Palácio do Laranjal), o último e o maior edifício palaciano do parque, com base nos desenhos do rei, inspirado na Villa Medici, em Roma.


Como já explicado no nosso post "Berlim - Parte I", a orangerie era, inicialmente, um jardim de plantas cítricas, oriundas do Oriente (laranjeiras, limoeiros, tangerineiras, etc.), que entrou na moda na residências dos nobres europeus, no século XVI; já nos séculos XVII e XVIII, passou a denominar a coleção de plantas exóticas, não resistentes ao inverno; e, a partir do século XVIII, tem sido aplicado ao próprio edifício que abriga esse tipo de coleção.


O palácio foi erguido entre 1851 a 1864, com o trabalho dos arquitetos Ludwig Persius, August Stüler e Ludwig Ferdinand Hesse; os salões laterais, ainda hoje, são usados para armazenar os vasos de plantas sensíveis ao frio, no inverno, por isso o nome.


Os salões do palácio então entre as maiores áreas de eventos internos, na região Berlim-Brandemburgo, comportando cerca de 1.000 pessoas por salão. No edifício central, encontra-se o Salão de Rafael, onde está uma importante coleção de 50 cópias de pinturas do famoso pintor italiano renascentista Rafael Sanzio, dentre elas "Madona Sistina" e "Transfiguração". Outro destaque é a Sala de Malaquita, do apartamento de hóspedes do palácio, mobiliado com esculturas e talha dourada, supostamente construído para acolher o seu cunhado czar Nicolau I da Rússia, casado com a irmã predileta do rei, Charlotte da Prússia, depois czarina Alexandra Feodorovna, quando se converteu à Igreja Ortodoxa Rússia (informação que não tem respaldo em documentos contemporâneos nem posteriores).




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Estátua equestre do rei Frederico, o Grande, carinhosamente chamado pelos alemães de Der Alte Fritz (O Velho Fritz), datada de 1865, escultores Aloisio Lazzerini e Carlo Baratta; a estátua é uma cópia menor em pedra natural da estátua de bronze, em Berlim; ao fundo, Orangerieschloss, erguido pelo rei Frederico Guilherme IV. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Estátua do rei Frederico Guilherme IV da Prússia (Friedrich Wilhelm IV, König Von Preußen) na frente do Orangerieschloss. Park Sanssouci, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.




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Vista do Park Sanssouci a partir do terraço superior do Orangerieschloss. Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.


Durante a formidável visita, eu e Eunice tivemos a agradável companhia de Tatiane e Gessi Klein no almoço degustado no restaurante Mövenpick "Zur Historischen Mühle", localizado bem próximo à entrada do Park Sanssouci.




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Mövenpick "Zur Historischen Mühle" (Ao Moinho Histórico), almoço na companhia de Tatiane e Gessi Klein; restaurante próximo ao Park Sanssouci; Zur Historischen Mühle, 14469, Potsdam, capital do Estado de Brandemburgo, Alemanha.


Na sequência, embarcamos em uma excursão, para conhecer outras regiões da Alemanha, iniciando por Dresden, a joia histórica da Alemanha, capital do Estado Livre da Saxônia; mas isso é para outro post.


Fontes:


Wikipedia;


"Alemanha", Guia Visual, PubliFolha, São Paulo, SP, 7ª edição, 2012; 1ª reimpressão: 2013.


"Frommer's Alemanha Dia a Dia", por George McDonald e Donal Olson, Alta Books, Rio de Janeiro, RJ, 1ª edição, 2014.

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